Ao ar livre e em contato com a natureza

Andar até o trabalho ou até o mercado é algo simples para boa parte da população. Entretanto, o simples ato de caminhar pode mudar a vida de quem é sedentário. A forma mais antiga e conhecida de deslocamento é um ótimo exercício aeróbico, com inúmeros benefícios ao corpo. Caminhar em trilhas, buscando maior contato com a natureza não exige habilidade e melhora a qualidade de vida sensivelmente.

Não há idade mínina para caminhar. Basta ter disposição. Para quem está iniciando, pode ser um pouco mais complicado percorrer longas distâncias. Por isso, recomenda-se começar aos poucos, com caminhadas mais curtas em parques.

Darci (atrás, à direita) participa de grupos de caminhada há 14 anos e recomenda. Foto: Arquivo Pessoal

Nas redes sociais, entusiastas se reúnem em grupos para trocar experiências e combinar caminhadas. É o caso de Darci Ludwig, membro do grupo “Caminhadas do Vale”. Morador de Alto Feliz, Darci participa das trilhas há pelo menos 14 anos. “Eu comecei a caminhar depois que parei de jogar futebol, aos 44 anos. As primeiras caminhadas eram no parque. Às vezes, eu percorria 5 km, às vezes menos. Fui aumentando as distâncias até chegar a participar da caminhada de 34 km em Nova Roma do Sul. Agora prefiro as de 15 km ou mais.”

Incentivador de quem quer iniciar nesta prática, Ludwig afirma que o grupo é bem seleto. “Nosso grupo tem 40 componentes. O pessoal mora distante uns dos outros. Tem de Alto Feliz, Vale Real, Novo Hamburgo, Ivoti, Dois Irmãos, Porto Alegre e Sapiranga. No início, nós organizávamos muitas caminhadas. Agora estamos participando das atividades de outros grupos. Sempre preferimos roteiros pelo interior e, na medida do possível, com pouco asfalto”, define.

Hoje com 60 anos, o aposentado afirma que a caminhada o ajudou com a saúde. “Eu me sinto muito bem, sem problemas de saúde, não tomo remédios. Talvez seja pelos exercícios físicos, o estímulo da coordenação motora, sem problemas cardiovasculares. É um santo remédio”, conclui Darci Ludwig.

A cadeira adaptada foi criada pensando na inclusão
de pessoas com deficiência, como Rosa, que adorou. Foto: reprodução internet

Trilhas para todos, inclusive deficientes
Nem sempre, quem quer caminhar pode fazê-lo. Principalmente para quem é deficiente físico, realizar uma atividade ao ar livre, como a trilha, é extremamente difícil. Pensando na inclusão de pessoas com limitações nas caminhadas, o engenheiro Regis Miguel Ligocki, membro do grupo de trilheiros “Extraviados Pelo Mundo”, teve a ideia de construir uma cadeira adaptada para trilha, fazendo com que cadeirantes tenham a experiência. “A ideia surgiu depois que eu comecei a ver notícias e vídeos de uso deste tipo de equipamento em outros países e também aqui no Brasil. Entrei em contato com um fabricante na França e o custo era muito alto. Um suposto fabricante de São Paulo nunca me deu retorno. Então me desafiei a fabricar eu mesmo.”

Morador de Sapucaia do Sul, Régis não pensou duas vezes e começou a produção da cadeira reutilizando tubos de ferro. “A dificuldade não foi muita, apenas o normal quando não se tem um projeto com desenho. Tive que ir desenvolvendo cada parte do zero.” Embora usasse material já utilizado antes, ainda era necessária uma verba para continuar com a fabricação da cadeira. A solução foi produzir e vender um acessório usado por todos os trilheiros, com a marca do grupo. A venda conseguiu produzir a receita necessária para fazer um protótipo da cadeira.

O teste foi realizado no mês passado e o resultado foi satisfatório. A moradora de Campo Bom, Rosa Bernadete Rodrigues, de 43 anos, foi a primeira pessoa a utilizar o equipamento. Portadora de paralisia cerebral, Rosa ficou feliz com o passeio. “Ela já estava na expectativa e ficou muito contente. Só dizia ‘amei, amei!’.”, afirma Régis, acrescentando que a cadeira vai ficar disponível para outros grupos de caminhadas.

“Já tive um contato com um grupo de outra cidade, que tem interesse em adquirir uma cadeira. Eu espero que a ideia se espalhe. Trazer isso ao público é importante, para que outras pessoas saibam que este tipo de inclusão é possível”, conclui Régis.

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