Manter uma alimentação balanceada, composta de produtos naturais e ricos em nutrientes faz toda a diferença para uma vida mais saudável. Um cardápio nutritivo contém alimentos que forneçam proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, minerais e fibras. Para ter saúde no prato é preciso, ainda, evitar alimentos processados ou refinados.
Nutricionista da secretaria de Saúde de Montenegro e da secretaria de Educação de São José do Sul, Luciane Tonietto Seibel explica que a melhor escolha é o que ela chama de comida de verdade. “É a comida que a gente sempre comeu, que sempre existiu. Comer todos os tipos de alimentos, evitar os ultraprocessados. E não esquecer o arroz e feijão”, ressalta. Para manter o equilíbrio correto na composição do prato, vale a dica: reserve metade do espaço do prato para as hortaliças – legumes e verduras -, que são abundantes em fibras e vitaminas e dão uma turbinada no funcionamento do metabolismo. Não esqueça o arroz, feijão e as fontes de proteínas.
Segundo Luciane, se for possível, optar por alimentos orgânicos ou agroecológicos é uma escolha ainda melhor. “O alimento orgânico é muito importante porque, além do valor nutricional, ele é um alimento limpo. Não tem agrotóxico, não tem outros tipos de fertilizantes, outros tipos de produtos químicos”, explica a nutricionista. Segundo ela, esse tipo de escolha é muito mais saudável, embora tenha um custo mais alto em relação aos alimentos convencionais. “A gente sabe que grande parte dos cânceres e de outras doenças está ligada ao uso de agrotóxicos”, exemplifica.
Os orgânicos, em geral, são considerados muito nutritivos porque, além de ter mais vitaminas, minerais e outros nutrientes, concentram menos água e mantêm o sabor do alimento. Na prática, isso significa que diminuem o risco de gripes, infecções e outras doenças, além de dar disposição a quem consome esses produtos.
Saúde começa através de uma alimentação equilibrada na infância
Luciane, que também é nutricionista da Secretaria de Educação de São José do Sul, destaca a importância em priorizar uma alimentação equilibrada e, preferencialmente orgânica, desde a infância. “Faz toda a diferença na saúde do adulto, porque a alimentação orgânica previne diversas doenças”, explica. Estudos mostram que crianças que comem alimentos orgânicos acumulam menos toxinas no corpo, o que na prática representa melhor crescimento e desenvolvimento.
Oferecer uma ampla variedade de frutas, verduras e legumes às crianças, pode evitar problemas desde o desenvolvimento e o desempenho escolar até casos de depressão na adolescência. Evite, ainda, guloseimas com muito açúcar e gordura e pouco valor nutricional. Além de afetarem a saúde de seus filhos, elas podem viciar e estragar o apetite dos pequenos na hora das refeições. Assim, a criança que acostuma-se a receber uma guloseima quando pede, acaba pulando as principais refeições e carecendo de nutrientes importantes.
De acordo com a pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 20 anos, a quantidade de meninos obesos subiu para 16,6% e, no caso das meninas, 11,8%. Todos na faixa etária entre 5 e 9 anos de idade. A quantia é quatro vezes maior que o registrado em 1989.
A recomendação é uma dieta colorida para as crianças, desde o início da introdução alimentar. Os alimentos oferecidos devem conter sabores e texturas diferenciados e em horários definidos. A alimentação deve seguir um modelo nutricional feito em consulta com o pediatra ou nutricionista.
Uma dica interessante é fazer os pequenos participarem de todos os processos. Se tiver um lugar para plantar uma horta, peça ajuda para regar as plantinhas ou colher os legumes do dia. Se for ao mercado ou à feira, pedir para criança escolher uma fruta ou salada que goste, é uma forma de incentivá-los a comer aquele alimento. Elas também podem ajudar no preparo, lavando, misturando os ingredientes ou até produzindo a receita toda, de acordo com a idade. São táticas que fazem as crianças ter interesse pelos alimentos menos processados e mais naturais.
Tudo pode, mas com moderação
Durante a 2ª Feira da Agroindústria e da Agricultura Familiar, que ocorreu essa semana em Montenegro, a nutricionista mostrou exemplos de alimentos que podem ser consumidos sem culpa: folhas, frutas, legumes, raízes e outros produtos in natura ofertados por famílias da nossa região. Questionada sobre outras delícias como pães, bolachas e cucas, Luciane é categórica. “Não precisa cortar nada”.
Para a nutricionista, o importante é manter o equilíbrio no dia a dia e não fazer desses alimentos os protagonistas das principais refeições. “A gente precisa comer tudo com moderação, e ter uma dieta bem balanceada, rica e bem variada”, explica. Nesse caso, optar por pães integrais é mais interessante do que o refinado, por exemplo. “É consumir alimentos com o mínimo possível de processados. Quanto menor o número de ingredientes, mais saudável ele é”, afirma a nutricionista.
Hidratação
O importante é não esperar sentir sede para se hidratar. A conta da quantidade ideal de água é simples: são entre 30 ml e 35 ml por quilo de peso da pessoa. Ou seja, uma pessoa com 60 quilos vai multiplicar 60 por 35ml. A conta será de 2100ml, ou seja, 2 litros e 100 mml de água por dia. Cafés, chimarrão e sucos não substituem a ingestão de água pura.
Cereais, pães e tubérculos
São nutrientes energéticos, as principais fontes de energia do organismo, com carboidratos complexos (ricos em fibras), vitaminas do complexo B e fibras. Importante preferir farinhas e arrozes integrais, além de aveia, batata doce, entre outros.
Hortaliças
Legumes e verduras são essenciais para a regulação de diversas funções metabólicas e responsáveis pelo funcionamento adequado do organismo. São fontes de vitaminas, minerais e fibras.
Frutas
Assim como as hortaliças, as frutas são fontes de fibras, vitaminas e minerais essenciais ao funcionamento regular do organismo.
Açúcares e doces
Esse grupo é dos docinhos como brigadeiros, achocolatados e outras sobremesas bem açucaradas. São carboidratos simples e não têm fibras. São pobres em nutrientes e seu consumo deve ser esporádico.
Leguminosas
Os grãos como feijões, lentilha, grão de bico, soja e oleaginosas são fontes de proteínas de origem vegetal. Além do aporte proteico, são boas fontes de fibras.
Laticínios
Assim como carnes e ovos, precisam ter consumo moderado e é importante preferir leite desnatado ou semidesnatado pois são ricos em gordura saturada e colesterol. Porém, fornecem proteínas ao organismo, além de cálcio, nutriente fundamental para constituição óssea e dentes.
Carnes e ovos
Este é o principal grupo fonte de proteínas de origem animal. São ricas também em ferro e vitaminas B6 e B12 que têm efeito preventivo nas anemias. Prefira as carnes magras.
10 passos para uma alimentação saudável
A fim de priorizar uma alimentação mais saudável e proporcionar qualidade de vida à população, a Secretaria de Saúde de Montenegro distribui a cartilha “Alimentação: Caminho para uma vida saudável”. No material, há dicas de como alcançar uma alimentação com mais qualidade no dia a dia. Essas informações valem para quem pretende ganhar qualidade de vida, independente de querer perder ou ganhar peso e de optar ou não por produtos orgânicos.
Confira as dicas:
1 – Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da sua alimentação: legumes, verduras, frutas, batatas, aipim, arroz, milho, feijão de todas as cores, lentilha, frutas secas, sucos de frutas naturais, farinha de mandioca, farinha de milho, farinha de trigo, massas frescas ou secas, carnes magras, leite pasteurizado, iogurte, ovos e outros alimentos desse tipo;
2 – Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. O consumo de sal e de gorduras em excesso aumenta o risco de doenças do coração. O excesso de açúcar aumenta o risco de cárie dental, obesidade e outras doenças;
3 – Limitar o consumo de alimentos processados (conservas de legumes, compotas de frutas, enlatados, pães e queijos). Usar em pequena quantidade;
4 – Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados (salgadinho de pacote, refrigerantes, macarrão instantâneo, biscoitos industrializados, sorvetes, balas e guloseimas em geral, alimentos prontos como hambúrguer, empanados e salsichas, entre outros);
5 – Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia. Fazer as refeições diárias em horários semelhantes, evitar “beliscar” nos intervalos. Comer em local limpo e tranquilo;
6 – Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados – frutas e legumes da estação, cultivados localmente;
7 – Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias. Valorizar o ato de cozinhar. Estimular as pessoas à sua volta a cozinhar, especialmente os mais jovens – homens e mulheres;
8 – Planejar o uso do seu tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece. Planejar compras, organizar o cardápio, dividir as responsabilidades pelas atividades domésticas relacionadas ao preparo da refeição com os membros da sua família;
9 – Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem as refeições feitas na hora. Evite fast-foods;
10 – Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. Cuidado: muitas informações são incompletas e querem apenas aumentar a venda do produto.