A família no divã

Longe está aquela imagem de que se tratar com psicólogo, psiquiatra ou outro terapeuta seja um preconceito. Felizmente nos dias atuais as pessoas dão-se conta que as mudanças são tão rápidas, os desafios na educação dos filhos são tão intensos, que um psicoterapeuta se torna próximo, como antigamente era um médico de família.
Frequentemente uma criança ou adolescente é trazido ao consultório e, no diálogo com os pais se vê, por vezes, influência destes nos sintomas e reações dos filhos, aqui trazidos como problemáticos. Frequentemente num conflito familiar um dos membros se destaca e aceita inconscientemente o papel de porta voz do sofrimento da família, ou seja, nem sempre aquele que é trazido ou que procura ajuda é o foco principal do conflito.
Em algumas situações, existe um fator desencadeador, como o luto pela perda de alguém querido, uma mudança de cidade com afastamento das relações sociais e afetivas, doenças na família, problemas na escola e etc. Não raro que o motivo da terapia familiar recaia na criança.
Se somos filhos, também somos pais, irmãos, cunhados, atuamos no dia a dia numa rede de papéis, funções, expectativas, frustrações, joguinhos de poder e táticas de sedução. Também somos afetados pelas relações de amizade e trabalho, mas é dentro de casa por meio das relações familiares que a partir dos primeiros anos de vida se formam nossa identidade e nossa forma de interagir com o mundo. É neste espaço, a família, que se formam os padrões de psiquismo de seus membros.
Hoje temos um problema social, os pais estão derrapando na tarefa de criar e educar seus filhos. Há algumas décadas eles podiam contar com a obediência dos filhos como forma de discipliná-los. Por mais que se queira, não se pode ser só amigo do filho, tendência frequente, neste caso o papel dos pais fica vago.
Estas discrepâncias na educação, causam discordâncias entre os pais, que vieram de famílias de origens diferentes, com diferentes valores e acabam gerando conflitos entre eles e competindo entre si no papel da autoridade. Os pais modernos querem ter afeto dos filhos, querem ser amados e, se os filhos os enfrentam, ou ficam emburrados, se sentem culpados e frustrados, como se fossem responsáveis em proporcional alegria eterna aos filhos.
Por isso, muitos terapeutas têm tentado mostrar aos adultos de que uma criança sempre ama seus pais, por mais que diga o contrário. Sabendo disso, conseguem limitar e educar com tranquilidade e sem culpa.

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