Chegou o mês dos santos e das festas juninas!

Antônio, João, Pedro e Paulo. Na tradição da Igreja Católica, junho é um mês de muita festa, devido à comemoração de quatro santos muito conhecidos e venerados pelos religiosos. Quentão, quadrilha e tantas outras atividades que costumam acontecer não são reconhecidas como tradição católica, mas sim brasileira. Os festejos são herança dos imigrantes portugueses, que trouxeram a cultuação dos santos para o Brasil.

Ricardo Nienov

Padres que atuam em Montenegro afirmam que as histórias desses homens são relatos maravilhosos, nos quais os fatos servem como exemplo para a vivência em irmandade, mas chamam a atenção para culturas que não partiram da igreja. De acordo com o padre Ricardo Nienov, de 36 anos, que atende a Paróquia Sagrado Coração de Jesus há oito anos, é preciso entender qual é o papel do santo antes mesmo de prestar culto. Ele explica que a figura santa é aquele que, quando viva na Terra, dedicava-se a Jesus Cristo e que também teve, no mínimo, um milagre testemunhado que não foi explicado pela Ciência. “Os santos são aqueles que já estão no Céu, junto a Jesus e a Deus. Cristo disse que ‘era o destino para a salvação. Os santos seriam caminhos alternativos que levam ao mesmo lugar”, diz. A passagem citada por Ricardo pode ser conferida no evangelho de João, capítulo 14 e versículo seis, em que Jesus, respondendo a uma pergunta de Tomé, disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”

Diego Knecht,

Em meio às crenças, há a utilização de esculturas com imagens das santidades. Conforme o padre Diego Knecht, de 29 anos, que atende a Paróquia São João Batista, a estrutura serve apenas para lembrar que tal divindade é intercessora. “É como se fosse uma foto de alguém. Não para ser adorada, pois iria contra o princípio bíblico. A imagem serve para lembrar quem está intercedendo pela pessoa junto a Deus”, explica o sacerdote. Uma das passagens que determina biblicamente a proibição da adoração de imagens, citada pelo padre, aparece nos dez mandamentos (Livro Êxodo, capítulo 20).

Márcia Santos

A crença e a devoção a um só santo
É muito comum entre os católicos assumir a devoção a somente um santo, para pedir e agradecer. A dona de casa Márcia Santos, de 41 anos, é devota de Nossa Senhora Aparecida (Maria, a mãe de Jesus). Mesmo assim, ela não critica quem se vale da reza para outros santos para o atendimento a determinadas necessidades. “Bom, a gente sabe que São Pedro controla a chuva e tem a chave do Céu. Santo Antônio é o casamenteiro e também das preces impossíveis, principalmente na família. E São João é o nosso padroeiro”, comenta. Entretanto, ela afirma que não comemora os festejos e que não recorre muito a eles por ser devota de Maria. “Só comemoro o dia da Nossa Senhora. Quando tenho algo a pedir, peço para Deus direto. O resto, acho que é lenda”, sugere.

Antônio, João, Paulo e Pedro
Santo Antônio, 13 de junho – De acordo com o padre Ricardo Nienov, Antônio, ou Fernando Antônio de Bulhões (seu nome de nascença), nasceu em Lisboa, em Portugal, em 1195. É conhecido como santo dos milagres. Destacava-se nas suas pregações em praças e igrejas e pela sua dedicação especial aos pobres. Não há nenhum indício católico de que o santo seja casamenteiro e simpatias feitas com a imagem do santo são tradições exteriores ao catolicismo.

São João, 24 de junho – De acordo com o padre Diego Knecht, João nasceu em Israel. Seu pai era um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias. Sua mãe era Isabel, prima de Maria (mãe de Jesus). Em sua missão de adulto, ele pregou a conversão e o arrependimento dos pecados manifestos através do batismo. João batizava o povo e por isso recebeu Batista em seu nome. Vale lembrar também que ele sempre pregou a chegada do filho de Deus, Jesus. Outro fato interessante é que João batizou Jesus nas águas do rio Jordão, passagem encontrada no livro de Mateus, capítulo três, versículos 14 e 15. O padre lembra ainda que João foi o último profeta bíblico, escritor do livro Apocalipse.

São Paulo, 29 de junho – De acordo com o padre Ricardo Nienov, Paulo foi o maior responsável pela expansão do Cristianismo. Ele não conviveu com Jesus, mas o Senhor se revelou a ele de maneira extraordinária, tanto que, de perseguidor dos cristãos, Saulo (como era conhecido no mundo judaico) se transformou em um dos maiores propagadores da fé em Jesus Cristo. Paulo também é um forte nome bíblico quando se fala nas cartas que ele enviou; Romanos, 1 Corintios, 2 Corintios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito e Filemom.

São Pedro, 29 de junho – De acordo com o padre Diego Knecht, Pedro nasceu às margens do Mar da Galiléia, no norte de Israel. Seu nome de nascimento era Simão. Era filho de Jonas e tinha um irmão, André. Ambos foram os primeiros apóstolos de Jesus (referência em Mateus, capitulo quatro e versículos do 18 a 20). O padre explica também que Pedro é considerado o primeiro papa da Igreja Católica, com o argumento de que Jesus havia entregue as chaves do Céu ao discípulo, passagem encontrada no livro de Mateus, no capítulo 16, do versículo 15 ao 19. Entretanto, o padre diz que Pedro não deve ser considerado aquele que decide quando chove ou não, como a tradição popular aponta.

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