Com inúmeras produções premiadas, grupo se reinventa durante a pandemia
Com a peça autoral Pialo de Sangue, apresentada no Centro Cultural de Montenegro no dia 5 de março de 1988, o Renascença Cia. de Teatro iniciava uma trajetória de referência no Estado. Há 33 anos, o grupo independente montenegrino, formado por artistas, arte-educadores e estudantes, começava a escrever sua história na arte montenegrina. Hoje, o Renascença está consolidado, com inúmeras produções premiadas, mas se reinventa para seguir transformando a vida das pessoas.
Desde 1988, quando Everton Santos, Denise Santos, Lara Lampert, Marni Vargas, Cristiano Barreto, Luciano Oliveira e Bárbara Quadros fundaram o Renascença, a característica principal do grupo é a construção autoral dos trabalhos e a autoprodução artística. Além disso, a Cia. de Teatro surgiu com a proposta de popularização do teatro pela descentralização, para ampliar o alcance a diferentes públicos.
A equipe realiza montagens de diversificados gêneros teatrais, animações e performances, elabora projetos socioculturais e promove oficinas, cursos, debates e palestras, assim como campanhas educativas e beneficentes. Desde março de 2020, quando a pandemia chegou ao Brasil, o grupo se adaptou às plataformas digitais e passou a desenvolver reuniões virtuais e videoteatro, formato que favorece o fazer teatral.
Ao longo de seus 33 anos, o Renascença obteve reconhecimento pela opinião pública chegando a receber, entre outros, o título de “Expressão Cultural de Montenegro” pela Sociedade Floresta Montenegrina. Hoje, a companhia local figura como um dos grupos gaúchos de mais longa existência em atividade ininterrupta, realizando apresentando em diversas cidades e atendendo escolas e instituições sociais.
“Já fizemos espetáculos com anfiteatros lotados, por vezes tivemos teatros com poucas pessoas, isso faz parte. Todos os grupos passam por isso e nós já passamos também. Isso nos dá o gás para repensar, ver o que aconteceu, ter um olhar sobre o próprio trabalho, para reconstruir”, relata Everton Santos, um dos fundadores do Renascença.
Ele lembra que o grupo também já realizou apresentações internacionais. Recentemente, o conjunto montenegrino participou de dois eventos na Argentina. Além disso, o Renascença atua em uma série de projetos sociais em Montenegro. “Às vezes, apresentamos para um grupo de 10, 20 pessoas. Mas a quantidade não importa, o que marca é o encontro com as pessoas. Isso é sensível, é o que nos motiva, nos balança, o que nos tira para repensar sobre o nosso próprio teatro”, complementa.
São mais de 50 montagens autorais durante esses 33 anos, adaptações de autores renomados, de autores importantes no cenário teatral tanto do Brasil, quanto do mundo. “É importante sempre fazermos pesquisas, trabalhar com a busca do conhecimento. Precisamos ter respeito com a arte, com o público e levar o trabalho com fundamento e bases artísticas. Temos no grupo um número acentuado de integrantes com formação teatral e artística, isso é importante”, ressalta Everton.
Grupo teve de se reinventar durante a pandemia
Assim como praticamente todos os segmentos, a arte também foi afetada pela pandemia do novo coronavírus. Apesar da impossibilidade de apresentações presenciais, o Renascença não paralisou suas atividades neste período. Mesmo de longe, o grupo se reúne através de reuniões virtuais, participa de eventos a distância e de discussões sobre políticas públicas culturais junto à comunidade.
O canal do Renascença no YouTube ganhou destaque com o formato digital do projeto Tricontando Histórias a Distância, oferecendo uma série de contação de histórias infantis. Através do canal, também é possível conhecer antigas montagens da equipe no seu material de repertório, além de encontrar documentários e peças destacadas do cenário teatral brasileiro e mundial.
“Além do Tricontando a Distância, também tivemos em 2020 a participação online da peça Caminhos, na Argentina, que trata sobre violência contra mulher e dificuldades enfrentadas por uma mulher moradora de rua. Vamos participar da Rua da Poesia, que será online no dia 13 de março, e também teremos novidades que irão surgindo ao longo deste ano”, exalta Neiva Azevedo, produtora do grupo.
“O videoteatro é a forma que o Renascença encontrou para não se ausentar durante a pandemia e se manter visível. É uma forma inédita, completamente nova, onde estamos testando conhecimentos e ações. Estamos aprendendo a fazer um videoteatro. Temos que seguir em frente sempre”, completa Neiva.
Produções do grupo premiadas
Memórias Ocultas (1991 e 1999)
Introspecção Brasil! (1996)
Casinha Pequeninha (1997)
Réquiem (1998)
Milleniun (1999)
Coisa de Criança (1999)
Dógma (2000)
O Senhor das Almas (2001 e 2002)
Os Anfitriões do Espetáculo (2006)
Os Descasados (2006, 2007, 2013, 2014, 2015)
Anna Coragem (2007)
Caminhos (2017)
Um Pistoleiro Cabra da Peste (2017)