CONGREGAÇÃO teve intensa atuação no Rio Grande do Sul, incluindo o Vale do Caí, através da manutenção de um hospital e de diversas escolas
Considerado um dos principais historiadores da cultura alemã no Rio Grande do Sul, o jornalista Felipe Kuhn Braun está lançando seu 18º livro. Escrito em parceria com a Irmã Armela Rhoden, “História das Irmãs de Santa Catarina” já está nas livrarias. A obra tem 376 páginas e aborda as principais ações da congregação no Rio Grande do Sul a partir do começo do século XX. A publicação é ilustrada com grande quantidade de fotos, onde, inclusive, aparecem religiosas montadas em cavalos, seu principal meio de transporte no passado.
Embora tenha apenas 32 anos, Braun é um veterano nesse tipo de trabalho. No novo livro, ele conta com a ajuda de Armela Rhoden. Nascida em São José do Sul em 1941, seu nome de batismo é Maria Catarina. Ela ingressou na ordem em 1963 e, desde então, exerceu diferentes missões. Na década de 90 e nos primeiros anos do século XXI, foi superiora geral da congregação, em Roma, na Itália. A religiosa voltou ao Brasil em 2008 e, desde 2017, reside na Comunidade Madre Regina, em Ivoti.
A ordem das Irmãs de Santa Catarina foi fundada por Regina Protmann, em 1583, numa região alemã que, na época, pertenceu à Polônia. Dedicada à educação de meninas e a cuidar de enfermos e idosos, chegou ao Brasil em 1900, onde se tornou responsável pela direção e manutenção de diversas escolas, asilos e hospitais, entre eles, o Regina, de Novo Hamburgo, e o Sagrada Família, de São Sebastião do Caí. Em Bom Princípio, São José do Hortêncio e no Caí, sua presença também foi muito importante, através de escolas. “Todas estas informações estão no livro”, explica o autor.
Felipe Kuhn Braun é de Novo Hamburgo, onde inclusive exerce o cargo de vereador. Quando tinha 14 anos, ele recebeu de sua avó uma caixa com fotos antigas e a árvore genealógica da família. Conhecer a história daquelas pessoas e como viveram ativou no adolescente um gene extra de curiosidade. O tempo foi passando e hoje ele tem outros 17 livros publicados, todos com foco nos imigrantes alemães e em sua descendência.
Geograficamente, o raio de interesse de Felipe envolve as comunidades dos vales do Sinos, Paranhana, Taquari e Caí. Desta última região, publicou obras sobre as origens de Linha Nova, Bom Princípio, São José do Hortêncio e, por último, Tupandi, cujo lançamento ocorreu no sábado passado. Toda esta produção é baseada em leituras de documentos, visitas a cemitérios, cartórios, sedes de paróquias católicas e luteranas e, principalmente, entrevistas com descendentes de imigrantes.
Conversar com estas pessoas é como procurar peças para montar um gigantesco quebra-cabeças. “Desde que comecei a fazer este trabalho, já entrevistei mais de 700 famílias, não só do Rio Grande do Sul, mas também de Santa Catarina e do Paraná”, revela o escritor. As investigações o levaram ainda a outros países, como Argentina, Paraguai, à Alemanha e a Luxemburgo. Os acontecimentos e datas de que as pessoas se lembram são anotados e depois dispostos em ordem cronológica, para que nada se perca e os habitantes de cada cidade consigam entender o que se passou antes deles.
Durante as suas andanças, Braun reuniu cópias de aproximadamente 40 mil fotos antigas e listou em torno de 400 mil nomes de pessoas de diferentes gerações. A maioria é descendente daquelas primeiras famílias que chegaram a São Leopoldo a partir de 1824. “No Vale do Caí, a primeira comunidade surgiu onde hoje está o município de São José do Hortêncio”, ressalta. Uma parte desse acervo está disponível para consulta no blog Memórias do Povo Alemão. As mais de 1.300 postagens ocorreram entre os anos de 2010 e 2015.