CTGs mantêm cultura gaúcha acesa nos seguidores do movimento
Assim como todo mundo, o movimento tradicionalista também tem um desafio e tanto durante a pandemia, principalmente no mês de setembro, quando celebramos a Semana Farroupilha. O desfile do dia 20, sempre muito esperado, não poderá ser realizado, assim como competições e rodeios, que também estão vetados desde março. Mas a cultura não pode cair em esquecimento. Foi pensando nisso que alguns Centros de Tradições Gaúchas de Montenegro, os CTGs, estão dia a dia se reinventando, a fim de manter os jovens realmente dentro do movimento e cultuar a tradição.
A diretora artística do CTG Estância do Montenegro, Kátia Herzer conta que, juntos, coordenadores têm debatido dia a dia como prosseguir, mesmo que de forma remota. “De mais ou menos quinze em quinze dias a gente faz encontros para falar sobre os projetos. Fazemos isso para combinar as metas do mês. Agora falamos muito sobre a Semana Farroupilha. Ideias a gente tem um monte, mas algumas tivemos que cortar porque não dá para fazer”, pontua.
O intuito é manter o vínculo com a tradição gaúcha
Se engana quem pensa que apenas a direção tem realizado videoconferências para manter a tradição. O CTG tem grupos para atividades e desafios através do WhatsApp. No caso das invernadas dos pequenos, os pais também estão juntos nessa. O maior intuito da entidade é manter o vínculo não só entre si, mas dos integrantes com o amor pelo tradicionalismo.
Milena Borchardt assumiu recentemente a coordenadoria da adulta e conta que ações nas redes sociais estão propostas para tornar a Semana Farroupilha especial mesmo neste ano atípico. Para ela e para todos os CTGs, o medo é o mesmo. “Nosso receio é que se perca a juventude. Acredito que os dançarinos de invernada são realmente dançarinos. Estão ali pela competição. O tradicionalismo é um amor, um hobbie. Então se ele não está sendo efetivamente cultuado acaba que uns se retiram”, aponta.
Os pequenos precisam se sentir motivados a seguir no CTG, o que é difícil em época de pandemia onde os eventos foram todos cancelados. Kátia conta que a mirim, que tem 21 integrantes de 7 aos 12 anos, têm sido bastante presentes. “As coordenadoras estão fazendo encontros virtuais com as crianças, onde conversam, quem tem habilidade artística se apresenta, canta, toca e declama”, afirma.
Elzira Terra, coordenadora da invernada mirim, destaca uma das ações realizadas com os pequenos gauchinhos no dia 25 de julho. “Fizemos uma doação de alimentos em forma de drive thru à Pastoral da Criança e eu lancei no grupo o desafio de que todos, quando fossem entregar sua doação, registrassem e mandassem a foto no grupo mesmo, e isso foi feito”, conta, satisfeita.
Além disso, outras ações continuaram sendo realizadas, como drive thrus de churrascos, feijoadas e chás, tudo para seguir cumprindo com as despesas, já que em momento de pandemia, os integrantes não pagam a mensalidade.
Incentivo para continuar
No Acácia Negra não é diferente. Além das ações de arrecadação, que também continuam ocorrendo, todas as invernadas realizam atividades remotas. O diferencial da entidade são os concursos online que os integrantes têm participado ao longo da pandemia.
Um deles foi o “Chimarrão sem fronteiras” onde os participantes de todo o Rio Grande do Sul encaminhavam fotos tomando mate e, assim, apareceriam na página do concurso. Além disso, a diretora cultural Rosana Cláudia de Azevedo Marques conta que a 15° Região Tradicionalista (RT) realiza diversas videoconferências com os peões e prendas. “Eles disponibilizam bastante estudo online sobre a nossa tradição”, pontua.
Para ela, ações precisam seguir ocorrendo nesse momento para que a tradição não se apague. “Sempre que posso coloco vídeos nos grupos que temos, principalmente os antigos para relembrarmos os rodeios, por exemplo, e tentar dizer a todos que logo estaremos juntos novamente” afirma. O incentivo para continuar é constante. “Tento incentivar e mostrar que tudo vai passar porque se eu como coordenadora não fizer isso e ser positiva, eles podem desanimar e não queremos isto”, ressalta.
Cláudia ainda relembra a dificuldade que o momento traz, mas pontua que a expectativa para a volta das atividades após a pandemia é grande. “A expectativa é de que a gente volte a participar dos rodeios e com a mesma garra e energia que a gente sempre teve. É bem difícil tu chegar e olhar para um tablado e não ver as prendas dançando, não escutar o sapateado dos meninos. A gente fica muito triste com isso. Eu acho que vamos ter uma nova realidade e que todos vão voltar com mais vontade ainda. Vai ser um novo horizonte que teremos para enfrentar pela frente”, finaliza.