Pilchas. Lojas especializadas no ramo da indumentária gaúcha registraram movimento acentuado durante este mês
Programações da Semana Farroupilha têm aumentado as vendas das peças que compõem a indumentária gaúcha, comercializadas em lojas especializadas. Os principais itens são os infantis, devido as atividades e incentivo que as escolas da cidade estão promovendo.
Maria Carolina Bühler de Azeredo trabalha na loja Santa Fé, no centro de Montenegro, e garante que a movimentação para as compras de itens específicos para as comemorações da Semana Farroupilha inicia, ainda, no começo de setembro. Porém, a vendedora garante que nos dias que antecedem o dia 20 de setembro o movimento aumenta ainda mais.
A maior parte do vestuário que sai da loja é para crianças. Escolas organizam suas programações especiais para a data e as crianças querem fazer bonito, com vestidos, bombacha e tudo que o traje do Gaúcho exige. “As vendas aumentam em 75% aqui na loja e as pessoas compram bastante os conjuntos infantis de saia, com camisa, e a bombacha. As alpargatas também têm saído para todos os estilos de públicos”, diz Maria Carolina.
Nesta época a Santa Fé costuma contratar vendedores temporários para atender a grande demanda. “Aos sábados temos muito movimento e são oito pessoas atendendo. Contratamos quatro vendedores temporários e familiares também colaboram”, revela a vendedora. Na loja são comercializadas marcas exclusivas da vestimenta gaúcha e peças para os gaúchos mais modernos.
Para gaúchos mais tradicionais
Há oito anos, Luiz Marino Menezes tem uma Correaria na rua Bruno de Andrade, no bairro Timbaúva, e durante este período trabalha com produtos da linha do gaúcho, inclusive fabricando boa parte destes itens em Arroio dos Ratos. Conforme o empresário, a bombacha era a peça mais comercializada. No entanto, em 2018 as mulheres são maioria na loja.
“Temos uma grande procura de vestimenta para crianças, porque as escolas estão incentivando mais a cultura gaúcha e muita pilcha é usada nas escolas”, aponta Menezes. Segundo ele, hoje se vê crianças na rua vestindo a indumentária gaúcha porque gostam. “Antigamente quem usava bombacha era visto como o gaúcho lá da fronteira ou do interior”, analisa.
Conforme o proprietário da Correaria Menezes, sem dúvidas é na Semana Farroupilha que as vendas aumentam. Além de trabalhar com itens mais tradicionais da indumentária gaúcha, a loja também comercializa selarias para quem gosta de montaria.
A auxiliar administrativa Manoela D´Ávila comprou bota, camisa e chapéu para o filho Augusto, que estuda na Escolinha Jardim das Sementinhas. “Comprei o que faltava no traje dele para participar do ‘Peão Mais Belo’ que será eleito na escola”, afirma.
Costureira veste prendas e peões
“Aprendi a costurar com a minha mãe quando tinha 12 anos”, diz a costureira Noeli Terezinha da Silva, aos 63 anos de idade. Vestidos, camisas, bombachas e coletes vestem prendas e peões de toda a região. Especializada em pilchas, a costureira tem demanda o ano inteiro.
Além de indumentária nova, Noeli também faz a reforma de muitos vestidos e saiões. “Pra mim não é difícil fazer porque eu gosto de costurar. Se fazemos o que gostamos tudo fica fácil”, afirma. Segundo a profissional, um vestido pequeno leva um dia inteiro para ser feito e a roupa do gaúcho leva um pouco a mais, pois a bombacha é mais demorada para costurar.
Quem pensa que um dia de trabalho é como em uma empresa, se engana. Noeli acorda cedo para ligar a máquina às 5h da manhã. Não é somente a costureira que está há anos trabalhando nas peças, pois a máquina utilizada está em uso, junto com ela, há cerca de 20 anos, dando forma às pilchas. “Enquanto a máquina estiver funcionando, eu sigo fazendo as roupas”, diz.
São vários os CTGs da região que fazem apresentações com trajes costurados por Noeli da Silva. “Faço porque gosto. Eu chego nas apresentações e desfiles e adoro ver os meus vestidinhos desfilando com as prendinhas”, orgulha-se. Conforme a costureira, os CTGs Estância do Montenegro, Reminiscências e Os Lanceiros são alguns dos que solicitam pilchas.
Do mês de julho até ontem, 19, foram cerca de 25 vestidos e 15 bombachas e coletes. No entanto, para que tradicionalistas participassem de concursos, desde abril foram muitos outros trajes confeccionados.