O ápice do orgulho gaúcho no Desfile de 20 de Setembro

Tradição. O Desfile Farroupilha é marcado pelo amor às origens do Rio Grande do Sul

O tradicional Desfile de 20 de Setembro é o auge dos Festejos Farroupilhas, momento que resgata a história da Revolução. Essa época do ano se tornou um momento especial de culto às tradições gaúchas, mobilizando grande parte da população do Estado. No dia 20 de Setembro é comum ver famílias e amigos se reunindo logo cedo para assistir ao desfile, com suas cadeiras e chimarrão para acompanhar, além de peões e prendas com seus cavalos e charretes a postos na avenida para demonstrar o seu grande amor pela cultura e pela história gaúcha.

Ícaro irá desfilar junto com a mãe, Sélia, na égua Pandora

As comemorações tiveram início no dia 7 de setembro de 1947 quando, antes do Fogo da Pátria ser extinto, Paixão Côrtes, Cyro Ferreira, Antônio Siqueira, Orlando Degrazia, Fernando Vieira, Cyro Costa, Cilço Campos e João Vieira, compunham O Grupo dos Oito. Eles capturaram uma fagulha da chama da Pira da e levaram esta fagulha a cavalo até o saguão do colégio Júlio de Castilhos, na cidade de Porto Alegre, onde permaneceu acesa em um candeeiro crioulo até o dia 20 de setembro em homenagem aos líderes farroupilhas.

Com o transcorrer do tempo, essas comemorações se tornaram a Semana Farroupilha. Cada entidade tradicionalista realizava a sua comemoração e no dia todos se reuniam para desfilar.

Sélia de Ávila sempre desfila no 20 de Setembro, e esse ano estará acompanhada da sua égua adotada

A data mais esperada do ano
Para uns o aniversário é a data mais importante, para outros o Natal ou Ano novo, mas para muitos gaúchos, o dia mais aguardado do ano é o 20 de Setembro. A montenegrina Sélia Carolina de Ávila é uma dessas pessoas que esperam ansiosamente pelo desfile do dia 20.

Acostumada a desfilar a cavalo desde criança com seu tio, Séliacomeçou a desfilar por iniciativa própria aos 12 anos, quando ganhou seu primeiro cavalo. Moradora do interior, ela sempre teve paixão pelos animais e pela cultura gaúcha. “Eu nunca tive cavalo, mas eu sempre gostei muito, e então com doze anos eu tive o meu primeiro e nunca mais larguei. Virou uma tradição eu desfilar sempre. Eu ando muito a cavalo, mas nada comparado ao 20 de Setembro”, conta.

Esse foi o terceiro ano consecutivo que Sélia foi buscar a Chama Crioula junto de outros cavalarianos. Isso, para ela, é tão importante quanto o desfile. “É muito legal poder participar. É o símbolo do Rio Grande do Sul, é um orgulho poder estar junto”. Esse também vai ser o terceiro ano em que o pequeno Ícaro Reidel, de três anos, filho de Sélia, desfila junto com a mãe.

“Ele desfila desde que nasceu. O primeiro ano ele desfilou comigo a cavalo. Ano passado ele desfilou com o caminhão e esse ano ele vai de novo comigo, dessa vez na nossa égua Pandora”, comenta. Por razões de mal-tratos a égua foi retirada das ruas por agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre e Sélia a adotou em 2017.

A montenegrina se orgulha das suas raízes sul-rio-grandenses

“Ela é uma égua que é assustada com tudo, acredito que apanhou muito, mas agora ela já criou bastante confiança em mim e nas pessoas que ela está acostumada. Agora é bem mais tranquilo para o Ícaro andar junto, e espero que ela fique calma no desfile esse ano”, comenta. A montenegrina conta que os preparativos para o 20 de Setembro começam bem antes, com os cuidados com o cavalo e a escolha da pilcha. “Geralmente levamos o cavalo um ou dois dias antes pro Centenário, damos um banho bem dado, porque eles precisam estar bonitos, e com certeza o dia merece uma pilcha nova, porque é sagrado”, fala.

No dia, Sélia relata que acorda bem cedo, escova bem o cavalo, encilha e então coloca a pilcha especial. “Sempre desfilo com bombacha, no ano passado eu tentei desfilar com vestido, mas acabou que todo mundo não acreditou e eu nem comprei. Mas eu prefiro assim, me sinto melhor de bombacha”, diz. Depois de desfilar pela rua Ramiro Barcelos, a jovem e sua família se dirigem para o Piquete 15 de Novembro, no Parque Centenário, para o também tradicional churrasco do dia 20 de Setembro. “A pesar de ser um período curto, parece que eu espero o ano inteiro para desfilar no dia 20. Eu gosto muito da cultura gaúcha, se eu pudesse participar muito mais eu participaria”, finaliza a jovem.

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