História do rap em Montenegro estará no Museu da Cultura Hip Hop do RS
Nascido na periferia de São Leopoldo, Pedro José da Silva, o MC Pedrão, iniciou a sua trajetória no movimento do hip hop no início da década de 80. Inspirado na Black Music e em cantores nacionais como Thaíde e Racionais, MC Pedrão foi um dos precursores dos encontros de rap no Rio Grande do Sul.
“Comecei fazendo festivais de rap em São Leopoldo, na escola de samba que tinha lá, que era a Acadêmicos de Rio Branco. Eu fazia todos os meses um evento que recebia grupos de todo o Estado, e isso ajudou a fortalecer bastante o rap gaúcho”, conta MC Pedrão.
O sucesso no meio do rap o levou a trabalhar no ano 2000 no primeiro programa de hip hop da TV aberta do Rio Grande do Sul, na TVE. Foi também a comunicação que trouxe MC Pedrão para Montenegro. “No ano 2000 eu acabei vindo para Montenegro para trabalhar na rádio Cultura. Trabalhei dois anos como locutor e tinha um programa de rap também”, relata. Mas a relação com o município é ainda mais antiga. Em 1996 MC Pedrão organizou, no Parque Centenário, o primeiro festival de hip hop de Montenegro. “A galera ainda não tinha visto um grupo de rap tocando ao vivo aqui, e aquilo serviu para dar um incentivo para a rapaziada”, afirma.
Quando se mudou para Montenegro, no ano 2000, MC Pedrão conta que ainda não havia grupos de hip hop na cidade. Seu envolvimento com projetos sociais levando o rap para as escolas foi o pontapé para o movimento ganhar força no município. “Na época, quando cheguei aqui, não tinha grupos. Tinha o pessoal que curtia e a partir daí que começou a surgir”, conta.
Hoje o cantor vê um cenário totalmente diferente na cidade. “Eu vejo o cenário crescendo bastante aqui em Montenegro, o movimento do hip hop está muito grande, porque tem várias pessoas trabalhando”, destaca. O trabalho é algo que vai além dos palcos. MC Pedrão conta que vê o hip hop como uma ferramenta de transformação social. “É um trabalho além dos palcos, é poder ser uma ferramenta de transformação dentro da tua comunidade, ser uma referência, mudar a vida das pessoas, isso que é o mais importante de tudo”, afirma.
A trajetória de MC Pedrão dentro do movimento hip hop e sua colaboração para o cenário cultural gaúcho resultaram na sua indicação como embaixador do hip hop no Rio Grande do Sul. “Foi um a honra pra mim. É um reconhecimento pelo trabalho que a gente faz, me deixou muito feliz”, destaca. O convite veio da Associação da Cultura Hip Hop, que está organizando o museu do hip hop do Rio Grande do Sul.
Trajetória do hip hop de Montenegro estará no museu
Recentemente anunciado pela Associação da Cultura Hip Hop, o Museu do Hip Hop do RS deve ser aberto ao público em março de 2022. O espaço ficará localizado em um prédio doado pela Prefeitura de Porto Alegre, na rua Parque dos Nativos, Vila Ipiranga, Zona Norte da capital.
A história do hip hop em Montenegro estará representada no museu, que contará com um acervo da cultura hip hop de todas as regiões do Estado. “Vai ser levado para o museu toda a história do hip hop aqui em Montenegro. Recortes de matérias do Jornal Ibiá, alguns materiais pessoais que a gente possa ter, áudios e vídeos. Então todo esse material que a gente tem, de todos esses anos, vai estar à disposição no museu pra quem quiser ir lá e conhecer”, conta MC Pedrão.
Um dos responsáveis pelo projeto, o coordenador de Autogestão e Sustentabilidade da Associação da Cultura Hip Hop, Rafa Rafuagi, destaca que a ideia é que o espaço seja um lugar que represente a história da cultura hip hop de todas as regiões do Estado. “A nossa meta é alcançar durante o processo de pesquisa histórica pelo menos 100 cidades do Estado, ou seja, a gente já nasce com um arquivo e história de 100 cidades”, destaca.
Para MC Pedrão, o museu será uma forma de preservar viva a história do hip hop de Montenegro e de outros lugares do Estado. “O museu é uma coisa importante porque vai passar 100 anos e a gente vai estar lá, tudo o que a gente fez e faz pelo hip hop vai estar lá. E o museu vai servir para isso, para agente continuar vivo, pra não deixar morrer o rap”, afirma.