Prestígio. Obra já foi indicada a outras premiações nacionais
Como a cidade influencia nos movimentos dos corpos? Como o comportamento social se altera ao ver corpos dançantes? Esses são alguns dos questionamentos que permeiam o documentário “Corpos/Cidade”, que conta a história da cidade que dança em meio ao caos. De autoria de Kanauã Nharu, artista de Canoas, a película que traz cenas gravadas em Montenegro foi selecionada em 2021 para um festival nacional chamado Corpografias 6ªed. em Minas Gerais, e indicado ao prêmio “Açorianos” de dança em Porto alegre. Nesse mês o filme ganhou prestígio internacional e foi selecionado para o “Lift-Off Global Network” na Inglaterra.
A obra reúne imagens e relatos de sete artistas LGBTQIAP+ de três cidades distintas, sendo um deles a artista de Montenegro e professora na Espetáculo Escola de Arte, Ana Júlia Vieira. Segundo Kanauã, “Corpos/Cidade” nasce de uma pesquisa de criação em dança selecionada em um edital de fomento à cultura em setembro de 2021.
Desse processo de criação Kanauã resolveu criar o documentário para mostrar às pessoas como é um processo de criação e diálogo direto com as estruturas que nos rodeiam e permeiam, como a cidade, as casas, o teatro e o próprio indivíduo. “Eu sempre busco nos meus trabalhos trazer a representatividade, por ser uma pessoa indígena e não-binária, todos os meus projetos são compostos em sua maioria por pessoas ditas como ‘minorias’ na sociedade: LGBTQs, indígenas e negras. E abordamos essa dificuldade no documentário também”, explica.
Para a artista é de extrema importância ocupar esses lugares de prestígio. “Sendo pessoas ‘fora da margem’ temos que nos esforçar o dobro, se não mais, para termos reconhecimento. E a arte vem sofrendo um boicote tão grande que as pessoas estão acreditando que ela é dispensável, sendo que consomem diariamente muita arte, mas não reconhecem artistas locais”, fala.
O documentário ficará em exibição durante duas semanas na plataforma Vimeo on demand, no canal do festival, e estará concorrendo a destaque e outros prêmios. Entretanto a plataforma é paga, e somente os cadastrados terão acesso a todos os filmes do festival e direito a voto. Como forma de democratizar a arte, Kanauã disponibilizou o filme no seu canal oficial do Youtube, chamado “Nharu Cultural”.