Você acha que as palavras ainda geram o mesmo efeito surtido pela interpretação que tinham há alguns anos? Que ainda têm o mesmo significado prático do que o teórico encontrado nos dicionários convencionais? Pois para o ator Tiago Bayarri não! Tanto que ele ousou re-significar algumas das mais populares destes tempos em ebulição, usando um tom mais crítico, em uma livre interpretação.
O resultado foi a “zine” Elucidário Verborrágico de Palavras de Difícil Digestão. Uma publicação literária independente e, por enquanto, apenas digital; concebida em parceria com Maria Luiza Apollo, artista visual e fotógrafa. O autor, de 21 anos, defende este tipo de trabalho sem editora, que concede um caráter bem mais popular à obra. “Esta proposta de autopublicação permite que qualquer pessoa com vontade possa publicar”, argumenta.
A zine surgiu com a reaproximação de Bayarri à escrita, provocada por um professor da faculdade, que reacendeu o gosto do artista e professor de teatro pelo texto. A obra é um tipo de dicionário marginal e provocador, onde palavras são elucidadas através de definições não convencionais. A explicação poética do verbete vem acompanhada de uma sugestão ao leitor de ação que vai ajudá-lo na compreensão.
Bayarri revela que as palavras de difícil digestão são algumas que vem sendo muito pronunciadas neste dias, seja por questões sociais, de gênero ou política. “A gente traz algumas palavras, como autoridade, corpo, cultura, identidade, existência, tempo”.
Na definição de autoridade, por exemplo, a sugestão é prender um inseto em baixo de um copo de vidro para estimular a compreensão sobre o exercício do poder. O inseto aprisionado volta a ser lembrado na explicação para a palavra opressão: “colocar-se no lugar do inseto”, sugere. “As palavras vão ter um peso diferente de pessoa para pessoa, a partir de vários motivos. Desde a situação de vida, a situação financeira, as palavras vão ter outro significado”, define.