Já pensou se você tivesse nascido com a liberdade de poder voar a imensidão do céu quando bem quisesse? Seria uma vida e tanto. Mas, e se, de repente, você fosse capturado sem chance de escapatória para viver preso em uma gaiola minúscula, talvez pro resto de sua vida? É triste, mas realidade para muitos pássaros silvestres mundo afora. Diversas pessoas ainda têm o costume de capturar ou até mesmo comprar pássaros já dentro de gaiolas e mantê-los enclausurados. Depois, já em cativeiro, o animal fica de “enfeite” pendurado em varandas, sacadas ou dentro de algum imóvel. Porém, não é novidade que isso está longe de ser uma atitude gentil e sustentável.
Após contato via assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), explica que nem mesmo as casinhas para passarinhos, penduradas nas árvores e sem o intuito de prendê-los deveriam ser incentivadas. Segundo os técnicos da instituição, as aves silvestres conseguem viver sozinhas, sem a ajuda das casinhas e comida ofertada. “Elas evoluíram ao longo de milhares de anos sem a ajuda humana, buscando seu próprio alimento e confeccionando seus ninhos conforme melhor local em sua própria estratégia de sobrevivência”, destaca o esclarecimento.
Segundo a secretaria, o maior problema é que eventualmente pessoas mal informadas sobre como as espécies reagem acabam os prejudicando, mesmo sem intenção, ao confeccionarem casinhas de forma e local inadequado. Assim, após se instalarem, as aves e ovos correm perigo não apenas com o risco de a casinha cair e se desfazer, mas até mesmo ser levada durante um temporal. “O evento natural provoca a evolução das aves que vão aprendendo onde é mais seguro realizar seus ninhos, por isso, vemos vários diferentes entre as espécies, cada qual com suas estratégias especializadas de sobrevivência.”
Por isso, a Sema explica que é desencorajada que sejam feitas casinhas tanto em áreas públicas quanto privadas, já que o ato pode trazer mais malefícios do que benefícios aos pássaros. “Essa prática de manejo de animais silvestres poderia ser interpretado como infração do artigo 29 da lei de crimes ambientais, mesmo que não haja a intenção de criar um problema aos animais. É preciso sempre uma autorização prévia de um órgão ambiental competente antes de interferir na vida silvestre sob qualquer hipótese”, explica em nota.
Mas, e quanto aos passarinhos domésticos como calopsita, periquito e canário? Mesmo que domésticas, estas aves merecem bom tratamento, respeito, alimentação de qualidade, higienização do ambiente e acompanhamento veterinário especializado. A Sema relembra: a lei 9605/1998 protege os animais domésticos de maus-tratos no artigo 32. Antes de adquirir um destes animais, lembre-se que é preciso fazer isso de forma licita com emissão de nota fiscal. Mantenha em sua posse a documentação para casos de dúvidas de autoridades.
E quando apreendidos, qual o destino destes animais? Eles precisam passar por uma verificação para saber se são oriundos da natureza ou origem comercial. Se os animais foram capturados da natureza e estão sadios precisam retornar ao seu ambiente natural e serem soltos imediatamente, enquanto ainda têm saúde e comportamento selvagem. Já animais que foram produzidos em cativeiro de forma comercial e que nunca conheceram o ambiente natural, não têm condições de sobreviverem soltos, pois precisam buscar alimento, se defenderem e se reproduzirem, o que provavelmente não conseguiriam. Eles podem ficar sob atendimento de projetos de conservação da espécie ou encaminhados à instituições de pesquisa ou zoológicos.