Hoje é o Dia Mundial da Água. Esse recurso natural tão importante, que constitui cerca de 60% do corpo humano e cobre 70% do planeta, ironicamente é um bem cada vez mais escasso. Desde 2019 esse é um problema digno de preocupação mundial. Parece que não enxergamos a gravidade da situação, porque em torno de 12% da água potável do planeta esteja no Brasil, o que nos dá uma falsa sensação de abundância. Desse percentual, 80% está na região Norte e grande parte dos outros 20%, no Centro-Oeste e Sudeste. E mesmo aqui no Sul, onde há disponibilidade de água doce, grande parte dela não é de boa qualidade. Tivemos exemplo disso com o cheiro e o gosto intragáveis da água que escorre pelas nossas torneiras, recentemente. Mesmo tratada, ela chegava aos copos dos montenegrinos com coloração escura, odor e sabor, contrariando a premissa ensinada nas escolas de que deveria ser um líquido insípido, inodoro e incolor. Isso ocorria porque a concentração de microorganismos era tão alta que o tratamento não dava conta de purificar, obrigando os cidadãos a comprarem água mineral ou encontrarem alternativas para se hidratar e preparar alimentos.
O Dia da Água se refere aos cuidados com esse bem precioso. Há exatos 30 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água. Ordenada em 10 artigos, o texto versa sobre deveres e direitos dos cidadãos em relação ao líquido. Ele explicita, entre outras coisas, que os recursos naturais de transformação da água em bebida potável são lentos, frágeis e muito limitados; que o equilíbrio do planeta depende da água e seus ciclos; que essa é uma herança de nossos antepassados e um empréstimo aos nossos sucessores e que não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada.
A preservação da água depende de atitudes do dia a dia, economia doméstica e industrial e, sobretudo, da garantia de respeito à saúde dos rios e florestas. O ciclo natural pode se encarregar de manter-nos abastecidos, desde que seja respeitado. Por isso, o debate acerca da preservação da bacia do Rio Caí, na nossa região, é urgente e deve ter ações em larga escala, por todo o leito do rio.