Muay thai. Irmãos nunca foram derrotados na modalidade
Jovens promessas do muay thai montenegrino, os irmãos gêmeos Matheus e Murillo Moraes, de 17 anos, vêm brilhando nos ringues do Rio Grande do Sul. Incentivados pelo pai Alex e inspirados no professor Diego, os promissores atletas nunca perderam uma luta na modalidade e ostentam um cinturão cada.
Com seis vitórias em seis lutas disputadas, Murillo conquistou sua “cinta” no Open Aron, evento realizado em Portão. Daqui a um mês, em 5 de julho, ele vai defender seu cinturão (no peso 48 kg), em mais uma edição do Open Aron, novamente no município de Portão. O cinturão de Matheus foi conquistado recentemente, em Canoas. No terceiro final de semana de maio, o jovem lutador, que soma nove vitórias em nove lutas na modalidade, superou um rival de 27 anos no Canoas Boxing Stadium para conquistar a cinta.
Destemidos, os gêmeos ingressaram no muay thai aos 11 anos de idade, por conta de uma “brincadeira” em casa. “Eu e meu irmão, desde pequenos, gostávamos de brincar de luta. O pai sempre dizia que ia colocar a gente para treinar, quando fôssemos maiores. Com 11 anos, ele trouxe a gente para treinar e, desde então, não parei”, ressalta Murillo.
“A gente começou junto, mas eu não gostei muito no início. Daí, voltei para o futebol, mas no futebol não deu muito certo. Depois de uns meses, voltei a treinar muay thai e aí realmente gostei do esporte. Treinamos por uns três anos, aí o pai colocou a gente para lutar. Desde a primeira luta, não parei mais, sempre treinando e lutando”, complementa Matheus.
Desde os primeiros treinos, a dupla sempre realiza as atividades juntos. Não apenas pela parceria, mas também porque sempre foram os mais novos da academia. Disciplinados, treinam de segunda a quinta-feira. Quando há competição, os treinamentos acontecem também nas sextas e aos sábados.

Os resultados obtidos até agora na modalidade são consequência do talento, mas principalmente da dedicação dos irmãos nesses mais de seis anos na academia Nitro Black Box. Inclusive, os treinamentos com atletas mais experientes foram fundamentais para Matheus conquistar o cinturão em Canoas, contra um adversário 10 anos mais velho.
“Foi legal a experiência (de enfrentar um lutador de 27 anos). Teve mais dificuldade, havia diferença de força. Ele tinha mais tempo de ringue do que eu, mas acho que isso não influenciou muito. Aqui na academia, a gente treina desde pequeno e só tem atletas mais velhos que a gente. Já sou um pouco acostumado a treinar com os caras mais experientes”, declara Matheus, que teve o aval do pai para encarar o desafio.
“Perguntei para o pai sobre o que ele achava. Ele falou que eu conseguiria, daí aceitei a luta. Confio no meu pai”, acrescenta. No ringue, Matheus castigou seu oponente com golpes certeiros e venceu o combate por decisão da arbitragem. Ele, que luta na categoria até 54 kg, afirma não ter dificuldades de bater o peso antes da competição. “Meu peso é 56, 57 kg… Aí, faço uma dieta e vou diminuindo durante a semana, para bater o peso antes da luta”, frisa.
Os irmãos estão no último ano do Ensino Médio. Eles estudam pela manhã e costumam descansar na parte da tarde, antes do treino no turno da noite. “A gente vive para o muay thai. Jogamos bola de vez em quando, normalmente quando não tem luta (agendada), para não correr o risco de machucar”, pontua Murillo.
O pai, Alex, que teve uma trajetória de sucesso no muay thai, acompanha de perto a evolução dos filhos, que valorizam a presença paterna nos treinamentos e nas lutas. “A gente se inspirou nele. Ele acompanha a gente em todos os treinos e em todas as lutas, nos incentivando a focar mais e treinar mais, para sempre melhorarmos e evoluirmos na modalidade”, enfatiza Matheus.
Por falar em inspiração, os irmãos têm como ídolo justamente o professor Diego Ávila, que está com a dupla desde os primeiros treinos deles na academia. “Gostamos bastante dele, consideramos um paizão. Ele está sempre nos ajudando, puxando a orelha quando necessário, dando as dicas para nós”, completam.
Professor exalta a dedicação dos irmãos e projeta o futuro

Professor – e ídolo – dos gêmeos, Diego Ávila lembra o início da dupla na academia e destaca a ligação com a família Moraes. “Quando entrei no muay thai, o Alex, pai deles, foi minha primeira dupla. Aí depois, ele trouxe os meninos para a academia. A gente não tinha uma turma kids, aí abrimos uma turma menor e eles sempre treinaram com os adultos. Acho que isso que dá mais diferença na hora de lutar, porque treinam normalmente com o pessoal mais pesado, mais velho. Eles aguentam muita porrada”, salienta.
Diego frisa que os irmãos estão em uma fase de transição (de 17 para 18 anos), e os jovens atletas do Estado não querem mais lutar contra eles. Por isso, os próximos oponentes serão, possivelmente, atletas mais velhos. O que não é um problema. “Eles estão em uma evolução gigantesca. E não tem fórmula mágica, o negócio é treinar. Eles estão todo dia dentro da academia. É o que mais me orgulha deles e que faz a diferença, o quanto eles gostam de treinar”, exalta.
Futuramente, um dos grandes objetivos do professor é levar a dupla para a Tailândia. O país asiático é considerado o berço do muay thai. “Queremos levar eles para a Tailândia, lutar lá, disputar o Mundial, ficar um mês treinando lá, na Phuket Fight Club, que pra mim é o top do país. Acho que vale até mais do que um Mundial, porque eles vão voltar com uma bagagem e uma experiência de vida muito grande. Lá eles vivem o muay thai”, afirma Diego.
“Para isso, a gente quer angariar fundos, procurar patrocinadores e apoiadores”, finaliza.