Dia do Parkinsoniano: doença não tem cura, mas pode ser prevenida

4 de abril, Dia Nacional do Parkinsoniano, é data de grande relevância para alertar à comunidade em geral sobre o Mal de Parkinson que, apesar de normalmente associado a tremores e dificuldades motoras, é degenerativa por parte do sistema nervoso central. É uma doença crônica e progressiva, causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é uma substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas. A dopamina auxilia na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática e, na falta dela, em uma pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos.

O diagnóstico é feito por um médico especialista na área, baseando-se na história clínica do paciente e exame físico, sendo que, em alguns casos, se solicita alguma neuro imagem, como ressonância. Com o diagnóstico em mãos, a primeira informação que o paciente recebe é que a doença não tem cura, porém, não é fatal.

médica neurologista montenegrina Luciana de Oliveira Rosa,

Ainda que complicações motoras e neurológicas possam limitar a rotina e a independência, quanto mais cedo identificado o problema, maior a expectativa de vida. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a doença de Parkinson atinge cerca de 1% da população mundial acima de 65 anos. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram da doença.

A médica neurologista montenegrina Luciana de Oliveira Rosa, explica que por ser uma doença neuro degenerativa, a faixa de maior prevalência é a partir dos 60 anos e no sexo masculino. Mesmo assim, destaca que os sintomas podem iniciar em qualquer fase da vida adulta. Entre os principais, estão os tremores involuntários, rigidez corporal, instabilidade de postura e lentidão de movimentos. Entretanto, manifestações não motoras também podem ocorrer, como o comprometimento da memória, depressão, alterações do sono e distúrbios do sistema nervoso autônomo.

Luciana afirma que a grande maioria dos casos de doença ocorre ao acaso ou em pessoas que possuam alguma predisposição genética. “Existem alguns relatos na literatura de que certas exposições a alguns agentes tóxicos possam predispor o paciente a desenvolver a doença”, acrescenta.

Exercite o corpo e a mente
A neurologista Luciana destaca que os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença são o envelhecimento e a presença de histórico familiar positivo para o Parkinson. Segundo ela, a diabetes tipo dois, obesidade, redução de níveis de vitamina D e dieta com alta ingestão de ferro também são fatores de risco observados em estudos clínicos. Por estes motivos, é aconselhado que ocorra a estimulação da prática de atividades físicas e sem dúvidas o estímulo cognitivo, com leituras e palavras cruzadas, por exemplo. Veja abaixo algumas dicas que podem ajudar a prevenir a doença:

Atividades físicas: fator de prevenção muito importante, as atividades físicas auxiliam na oxigenação do cérebro, deixando-o mais ativo e facilitando a renovação dos neurônios. Ainda, a prática reduz a pressão arterial e o risco de diabetes. A caminhada é a indicação número um dos médicos para pacientes com Parkinson. Pode ser feita em qualquer lugar e não demanda equipamentos ou treinos. Nadar e andar de bicicleta também são atividades recomendadas. O mais importante, e isso vale para qualquer exercício escolhido, é a regularidade. O ideal é estar em movimento de quatro a cinco dias por semana, durante 40 minutos. Ainda, há indícios que a atividade física reduz a progressão da doença;

Alimentos e antioxidantes
“Abastecem” o organismo com substâncias importantes para o equilíbrio do corpo. As oleaginosas são itens que fazem muito bem para o cérebro. Dentre elas estão castanhas, nozes e amendoim. Além disso, estes alimentos são ricos em vitamina E e em selênio, que auxiliam no melhor funcionamento do cérebro.
Muitas das verduras e folhas verdes também são excelentes fontes de vitamina E, que, além de antioxidantes, munem o corpo com principais nutrientes úteis para várias funções, inclusive a cerebral. Algumas das suas melhores opções são brócolis, couve, agrião e espinafre.
Não é somente para o coração que os peixes são benéficos. O tipo de gordura que carrega também serve para as funções cerebrais. Além de poder ser consumido em cápsulas, o Ômega 3 é encontrado no salmão, atum e sardinha. Já a chia e a linhaça ajudam a melhorar a performance cerebral, colaborando com a memória e concentração;

Convivência social
Outra importante ferramenta para manter o cérebro sadio é a simples convivência social e interação com as pessoas em geral. O ser humano é social, assim como o cérebro. Ter vínculos profundos com outras pessoas dá mais sensação de bem-estar;

Não se aposente de tudo
A aposentadoria é um direito de todos. No entanto, uma coisa é a aposentadoria prevista quando se chega à determinada idade. Outra, bem diferente, é se aposentar do que se gosta de fazer. Por isso, nunca desista das atividades que te dão prazer. Não importa o que, o importante é manter o cérebro ativo trabalhando naquilo que você gosta.

Estímulos cerebrais
Assim como os músculos, a mente também precisa ser estimulada. Estudar outra língua, ler frequentemente e desafiar o cérebro com tarefas que parecem difíceis como desenhar ou fazer um cálculo também são formas importantes de estímulo.

Exemplo de superação
Carlos Einar de Mello, o conhecido Naná, ex-vereador de Montenegro, é um caso de Parkinson no município. O que poucos sabem é a história de superação existente por trás da doença. Foi em 2012 quando Naná começou a sentir o braço e perna esquerda repuxarem. Após diversas consultas com um traumatologista, nada foi descoberto. Por isso, foi aconselhado a consultar com um neurologista. “Eu questionei o doutor. Como assim consultar com um neuro se o problema é coluna?”, relembra.

Naná, ex-vereador de Montenegro, tem o Mal de Parkinson e realizou a cirurgia para superar os sintomas

Seguindo a recomendação, foi atrás de um profissional neurológico e logo concluiu o diagnóstico: Mal de Parkinson. “Ouvi o médico dizer baixinho para o meu cunhado que não tinha cura, mas fiquei quieto”, diz. Com o diagnóstico em mãos, Naná começou o tratamento com incontáveis medicações a fim de minimizar os sintomas, principalmente o tremor. “Cada vez foi aumentando mais, ano a ano, e eu não tinha grandes resultados.”

Em 2020, em uma das consultas, Naná soube que, por não ter complicações como diabetes, poderia realizar uma cirurgia. Através da venda de hectares de terra e de uma vaquinha virtual em que a comunidade montenegrina doou para ajudar Naná, em novembro de 2020 ele finalmente fez a tão esperada cirurgia. Se trata do implante de um marca-passo, que é um pequeno dispositivo que monitora o coração continuamente. Caso ele detecte um batimento cardíaco lento, envia pequenos sinais elétricos para correção.

Para implantação, eletrodos são colocados no cérebro do paciente e ligados ao marca-passo, que fica sob a pele na altura da clavícula. Ligados por um fio, chamado de extensão, também sob a pele. O conjunto realiza a chamada estimulação elétrica profunda cerebral, que interfere nos sinais que causam os sintomas motores do Mal de Parkinson.

Naná relembra que pouco tempo após a cirurgia já sentia os sintomas reduzidos consideravelmente. “A cirurgia mudou completamente a minha vida. Era muito difícil para se locomover, sentar, levantar. Se eu saía para almoçar fora, para servir a comida era uma dificuldade. As pessoas me olhavam, alguns queriam ajudar, mas não sabiam o que fazer. No fim, eu tentava nem sair mais de casa para não prejudicar quem estava ao meu redor”, relembra. Em 2021, Naná precisou realizar uma cirurgia no quadril, pois estava com grande desgaste na perna esquerda, que, os sintomas do Parkinson pioraram.
Durante o tratamento, Naná fazia aulas de pilates e fisioterapia, hábito que segue até hoje. “Não tem cura, mas sinto que melhorei em 90%”, conclui.

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