“Depois do Carnaval eu vou para a academia”. Quantos de vocês já disseram essa frase? Ou então: “É final de semana, segunda-feira começo uma atividade física”. Quantas foram as desculpas que você inventou para si para ficar em casa, relaxando no sofá ou sentado na cadeira de praia sem fazer nada? Essa inatividade é classificada como o sedentarismo, um mal que atinge milhares de pessoas.
Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 1,4 bilhão de pessoas no mundo não praticam exercícios físicos suficientes. O Brasil está entre os países com altos índices de sedentarismo, com cerca de 47% da população não atingindo o nível mínimo recomendado de atividade física. Esse quadro impacta diretamente o sistema de saúde, elevando os custos com tratamentos para doenças.
Para alertar sobre os riscos do sedentarismo e incentivar a prática de exercícios, foi criado o Dia de Combate ao Sedentarismo, em 10 de março. A iniciativa busca conscientizar a população sobre a importância da atividade física e os benefícios que ela proporciona para o bem-estar.
Além da prática esportiva, pequenas mudanças na rotina podem contribuir para a redução do sedentarismo, como caminhar mais, evitar o uso excessivo de veículos para curtas distâncias e adotar pausas ativas no trabalho. O incentivo à atividade física deve ser constante, e campanhas como o Dia de Combate ao Sedentarismo reforçam a necessidade de mudanças de hábitos para a prevenção de doenças e a promoção da saúde.
Mais do que estética, uma questão de saúde
Segundo pesquisa divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), mais de um quarto da população adulta mundial, o equivalente a cerca de 1,4 bilhão de pessoas, não era suficientemente ativa em 2016. A inatividade física aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e alguns tipos de câncer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os adultos pratiquem pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana ou 75 minutos de exercícios intensos para manter a saúde. No entanto, em 2016, 32% das mulheres e 23% dos homens não atingiam essa meta, conforme a pesquisa.
A montenegrina Cristiane Vargas, 39 anos, fez parte desse grupo até decidir mudar sua rotina. Aos 37 anos, trabalhava constantemente cansada e sem motivação. “Deu o start e pensei: tenho que mudar, tenho que fazer alguma coisa por mim”, conta. Desde então, há dois anos, ela mantém uma rotina de exercícios.
Além da fadiga e da falta de disposição, Cristiane também teve problemas de saúde decorrentes do sedentarismo e da má alimentação. “Nos exames periódicos da empresa, foi constatado que eu tinha gordura no fígado, até porque eu trabalhava à noite e a alimentação era desregrada”, relata.
“Comecei fazendo Muay Thai três vezes na semana”, conta. A busca por resultados é comum entre aqueles que querem perder peso. No caso de Cristiane, a mudança aconteceu de forma gradual, sem pressa, em cerca de seis meses. Ela destaca que o mais importante foi encontrar uma atividade que realmente gostasse. “Fui fazendo, gostei do treino, e quando percebi, os resultados vieram naturalmente”, explica.
Um dos momentos que marcou essa transformação foi quando decidiu experimentar uma calça que estava guardada há tempos e percebeu que ela voltou a servir. “Fiquei muito feliz, porque não foi aquela coisa de fazer uma semana e já querer me pesar ou cobrar mudanças imediatas. Foi acontecendo gradualmente e, como eu gostei do que estava fazendo, os resultados foram consequências”, conclui.

Prevenção ao sedentarismo: a importância do movimento e opções de exercícios
O educador físico Rafael Pereira lembra que a falta de atividade física regular pode trazer impactos tanto para a saúde física quanto para a mental, aumentando os riscos de depressão e ansiedade.Para não ser considerado sedentário, não é necessário estar matriculado em uma academia. Atividades diárias, como caminhadas regulares, levar os filhos à escola a pé e até mesmo movimentar-se ao longo do dia, já fazem diferença. No entanto, Pereira ressalta que o ideal é manter uma prática orientada e regular de exercícios físicos.
A prática de exercícios é benéfica para o corpo e a mente. Além da melhoria da capacidade cardiovascular e da redução do risco de doenças crônicas, a atividade física pode auxiliar na regulação do sono, no controle do estresse e na sensação de bem-estar. Para muitas pessoas, iniciar um programa de exercícios leva também a mudanças em outros hábitos, como a adoção de uma alimentação mais equilibrada.
Para quem busca alternativas em academias, Rafael reforça que há diversas modalidades que podem ser praticadas em diferentes ambientes. Exercícios como calistenia podem ser feitos ao ar livre, em praças e parques. Esportes como natação, beach tênis, handebol e lutas também são opções para quem deseja manter-se ativo de forma dinâmica. O importante, segundo o educador, é encontrar uma atividade prazerosa para que a prática se torne constante.

Tecnologia: aliada ou inimiga do sedentarismo?
O educador físico Rafael Pereira diz que a tecnologia pode ser tanto uma ferramenta de incentivo quanto um fator que contribui para o sedentarismo. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores, pode levar longos períodos de inatividade. No entanto, a tecnologia também oferece recursos úteis, como aplicativos que monitoram a atividade física, relógios inteligentes que aferem batimentos cardíacos e academias que utilizam inovação para tornar os treinos mais interativos. O segredo, segundo Pereira, é equilibrar o uso da tecnologia e aproveitá-la como aliada na busca por um estilo de vida mais ativo.
Atividade física é essencial para idosos e pessoas com limitações
A prática regular de atividades físicas é fundamental para a manutenção da saúde em todas as fases da vida. No caso de idosos e pessoas com algum tipo de limitação física, o exercício é ainda mais importante, pois auxilia na prevenção de quedas, no fortalecimento muscular e na melhoria da mobilidade. Segundo o educador físico Rafael Pereira, o segredo está na adaptação dos exercícios conforme a necessidade de cada pessoa.
“O movimento cura. Tudo depende da intensidade e da forma como a atividade será conduzida”, afirma Pereira. Idosos podem e devem praticar exercícios para evitar complicações associadas ao envelhecimento, como perda de massa muscular e comprometimento da coordenação motora. Além disso, atividades específicas direcionadas para o equilíbrio e a autonomia diminuem o risco de quedas.
Pessoas com limitações físicas, como cadeiras, também podem se beneficiar do exercício. Com a orientação adequada, é possível adaptar a prática para estimular diferentes grupos musculares, melhorar a circulação sanguínea e fortalecer a resistência do corpo. “Está na mão do profissional de educação física saber entregar o movimento e a atividade da melhor maneira possível para cada pessoa”, destaca Rafael.
A inclusão de exercícios na rotina dessa rotina deve ser feita de forma segura e progressiva, respeitando as especificações individuais. Caminhadas, alongamentos, hidroginástica, pilates e exercícios de fortalecimento são algumas das opções recomendadas para idosos, enquanto os cadeirantes podem praticar atividades adaptadas, como treino de resistência e mobilidade.
Motivação e acolhimento são fundamentais para combater o sedentarismo
O desinteresse por atividades físicas é um dos principais desafios para quem deseja adotar um estilo de vida mais saudável. Muitas vezes, a dificuldade não está na prática do exercício em si, mas na falta de estímulo e no ambiente adequado para começar. Segundo o educador físico Rafael Pereira, muitas pessoas que dizem não gostar de exercícios, na verdade, só precisam de um incentivo para dar o primeiro passo.
“Às vezes, a pessoa tem dentro dela uma chaminha, uma vontade de praticar atividade física, mas precisa de um empurrãozinho para seguir adiante”, explica Pereira. Por isso, encontrar um ambiente acolhedor e um professor com quem se sinta confortável pode fazer toda a diferença.
A socialização também é um fator importante. Nas academias e espaços coletivos, há um incentivo natural entre os praticantes, seja por meio de palavras de apoio ou pelo próprio formato das atividades. O Muay Thai, por exemplo, é um esporte que exige interação, já que os treinos são feitos em dupla, o que ajuda no engajamento e na motivação dos iniciantes.
Além disso, estar rodeado por pessoas que incentivam o progresso pode ser determinante para manter a regularidade dos exercícios. Comentários desmotivadores podem surgir, mas, como destaca Pereira, é essencial focar no próprio desenvolvimento e não dar ouvidos a críticas que possam atrapalhar o processo.
Para quem deseja sair do sedentarismo, o primeiro passo é encontrar uma modalidade que proporcione prazer e um ambiente onde se sinta acolhido. A motivação pode estar mais perto do que se imagina, basta dar o primeiro passo.