Desde 2003, 8 de agosto marca o Dia Nacional de Combate ao Colesterol. A data aborda ainda a importância da prevenção de doenças cardiovasculares, primeira causa de mortalidade no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Quando os níveis de colesterol estão elevados, aumenta um dos principais fatores de risco para a doença cardiovascular.
Sendo assim, o controle dos níveis de colesterol é fundamental para minimizar riscos de doenças no coração. Segundo a nutricionista montenegrina Cristiane Junges, o colesterol total deve ser menor que 200mg/dl, tendo um limítrofe até 230 mg, mas não basta só cuidar disso. “É preciso ter bons hábitos de alimentação para que o bom colesterol (HDL) seja mais alto possível e o LDL (o ruim) o mais baixo possível”, destaca. Por isso, é fundamental que você mantenha seus níveis de colesterol equilibrados.
Débora Loro, cardiologista, pesquisadora e coordenadora do ambulatório de colesterol e prevenção cardiovascular do Hospital Moinhos de Vento, pontua que o LDL é uma lipoproteína de baixa densidade que tem a capacidade de se acumular nas paredes das artérias, o que podem cevar a obstrução do fluxo sanguíneo; enquanto o HDL tem a função de fazer o transporte reverso deste colesterol, trazendo-o de volta para o fígado para ser metabolizado. Existem várias doenças causadas pelo colesterol alto, como infarto, pressão alta, AVC, entupimento de artérias e veias, entre outras. Mas, afinal, como prevenir o colesterol alto?
Estilo de vida saudável é a principal maneira de prevenção
Quando se trata de colesterol alto, é na prevenção que se deve investir ao máximo. Segundo Débora, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente deve ser estimado desde a infância, onde já pode iniciar o processo da aterosclerose, que é a inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano. “Como é um processo silencioso por muito tempo, adotando um estilo de vida saudável precocemente podemos conseguir um controle por mais tempo. Existe relação direta da exposição a níveis elevados de colesterol ao longo do tempo, ou seja, quanto mais elevados os níveis e por mais tempo na vida um indivíduo está exposto, mais precoce é a manifestação das consequências graves”, acrescenta.
A nutricionista Cristiane afirma que é possível prevenir a elevação do colesterol aumentando a ingestão de aveia, grãos integrais, cevada, feijão, berinjela, nozes, verduras e frutas (com destaque para as cítricas). Como o colesterol é encontrado em alimentos de origem animal e na gordura saturada presente em carnes gordas, leite integral e derivados, polpa de coco e óleo de dendê, estes alimentos devem ser ingeridos na menor quantidade possível. Para reduzir a ingestão, Cristiane destaca que se deve restringir o consumo de vísceras, leite integral e seus derivados (creme de leite, manteiga e queijos), biscoitos amanteigados, croassants, folhados e sorvetes cremosos, linguiça, salsichas, bacon, torresmo, frios (presunto, salame, mortadela), pele de aves e alguns frutos do mar (lagosta, ostra camarão, mariscos).
Além de cuidar a ingestão de gorduras saturadas, a nutricionista salienta que se deve diminuir o consumo de gordura trans, pois ela eleva o mau colesterol e diminui o bom. “Ela está presente em nossa dieta proveniente de diversos alimentos, tais como cremes vegetais, salgadinho de pacote, bolos prontos, biscoitos, chocolate e pipoca de micro-ondas”, pontua. Lembrando que o que pode ajudar na eliminação do colesterol é a ingestão, em especial, de fibras solúveis, pois elas reduzem o tempo de trânsito intestinal. São a pectina (frutas) e as gomas (aveia, cevada e leguminosas, como feijão, grão de bico e lentilha). “Por isso, reforço que o equilíbrio e bom censo são fundamentais. Desta forma, podemos nos alimentar com prazer e de forma muito saudável”, observa.
A prática de esportes pode ter uma grande ajuda para controlar possíveis anormalidades nos níveis do colesterol. Além de aumentar o HDL, os níveis de colesterol alto diminuem durante a prática de esportes fazendo com que a circulação sanguínea aumente o fluxo de sangue nas veias evitando que o LDL se acumule nas paredes das artérias. Dentre eles, destacam-se a natação, caminhada, ciclismo, musculação, yoga e demais exercícios aeróbicos. O recomendado é sempre começar devagar, de 30 a 45 minutos, de duas a três vezes por semana. Vale lembrar que qualquer exercício deve ser iniciado após uma consulta médica, para que o profissional faça os exames necessários e indique os tipos de atividades e intensidade mais indicados para o seu perfil.
Débora reitera a fala da nutricionista, reafirmando que certamente uma alimentação rica em gorduras saturadas aumentará os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue. “Portanto, o controle de dieta e a prática de exercícios físicos regulares são hábitos que ajudam a controlar os níveis. Mas, em muitos casos, há indicação do uso de medicamentos associados, principalmente nas pessoas que tem níveis muito elevados ou que já sejam portadoras de aterosclerose ou eventos cardíacos prévios. Nesses casos é recomendada redução intensiva dos níveis para diminuir o risco de novos eventos”, diz.
Colesterol só é maléfico em excesso
Muitas pessoas acreditam, erroneamente, que o colesterol é maléfico ao corpo humano. Porém, a cardiologista Débora relembra que o colesterol é um precursor dos hormônios esteróides, ácidos biliares e vitamina D, também fazendo parte da constituição das membranas celulares. Por isso, ele só é maléfico quando está em excesso circulando na corrente sanguínea.
O colesterol alto afeta tanto homens quanto mulheres, sendo que elas tendem a apresentar maior risco após a menopausa. Os fatores de risco são dietas inadequadas, sedentarismo e doenças como diabetes, hipotireoidismo e obesidade, que podem aumentar os níveis de triglicerídeos e colesterol no sangue. Débora diz que outro fator de risco importante é a herança genética, que influencia muito no perfil lipídico mesmo em pessoas magras e com estilo de vida saudável.
Quando o colesterol circulante é muito elevado, ele pode se acumular nas artérias. É neste momento que se formam placas ateroscleróticas que, dependendo do seu tamanho, podem reduzir muito a passagem de sangue e oxigênio para o coração, causando a angina, ou até mesmo obstruir completamente o fluxo, causando o infarto agudo do miocárdio. É o que explica a cardiologista. “Esse fenômeno pode ocorrer em qualquer artéria do corpo, gerando isquemia também em outros locais, como o AVC isquêmico, por exemplo, que surge da obstrução das carótidas ou as artérias cerebrais, e a doença obstrutiva arterial periférica que acomete os membros inferiores, podendo levar a amputação dos membros”, destaca.
Diagnóstico facilita tratamento e controle do colesterol
Níveis elevados de colesterol no sangue não geram sintomas. Segundo Débora, quando aparecem, já são consequência da aterosclerose avançada, como a angina, dor no peito ou falta de ar que surge com esforço, dor nas pernas para caminhar, ou até mesmo a manifestação inicial já com um infarto agudo do miocárdio ou isquemia cerebral (AVC). Para o diagnóstico, é importante dosar os níveis de colesterol no sangue através do perfil lipídico. “A partir do exame, se consegue calcular uma estimativa do risco cardiovascular de cada indivíduo, com base nos valores basais, na idade e presença de outros fatores de risco como hipertensão e diabetes, para poder orientar os níveis considerados ideais para cada pessoa”, explica Débora.
Existem medicações disponíveis para tratar do colesterol elevado, tanto via oral quanto injetáveis, além de pesquisas em andamento com novos fármacos para redução de eventos cardiovasculares graves. Ainda, há como controlar os níveis de colesterol circulantes aliando controle da dieta, exercícios físicos regulares e uso de medicações quando indicado, algumas vezes necessitando mais de uma classe de medicação para controle.
Doenças cardiovasculares: responsáveis por 30% das mortes no Brasil
A cardiologista Débora pontua que a estimativa é de que as doenças cardiovasculares sejam responsáveis por 30% das mortes no Brasil, o que corresponde a, aproximadamente, 400 mil óbitos por ano. Em 2022, até o dia de hoje, 5 de agosto, já foram registradas mais de 236 mil mortes por doenças cardiovasculares apenas no país. “São mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, uma morte a cada 90 segundos”, destaca Débora. “As doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes do que aquelas em decorrência de todos os tipos de câncer juntos; 2,3 vezes mais que as todas as causas externas (acidentes e violência); três vezes mais que as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções, incluindo a AIDS”, complementa.
Dica de receita
Bolo de aveia, maçã e canela
Ingredientes
4 maçãs cortadas em cubos
4 ovos
2 xícaras de açúcar (de preferência mascavo)
2 xícaras de aveia
2 colheres de sopa de manteiga
1 xícara de farinha de trigo (de preferência integral) com fermento
1 colher de sopa de canela em pó
Modo de preparo
Bata os ovos e o açúcar até ficarem homogêneos.
Adicione a manteiga continuando batendo.
Desligue a batedeira e em um recipiente adicione as maçãs, farinha de trigo, aveia e a canela.
Após bem misturado, despeje numa forma com um furo no meio, untada com manteiga e farinha de trigo.
Leve ao forno previamente aquecido por 30 minutos ou até que a faca saia limpa.
Opcional: substituir a maçã por banana ou utilizar as duas frutas
* recomendado pela nutricionista Cristiane Junges