As dores na coluna estão entre as queixas mais comuns nos atendimentos de saúde em todo o mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população sofrerá de dores nas costas em algum momento da vida. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta a lombalgia como uma das principais causas de afastamento do trabalho.
Esse tipo de dor pode ter diferentes causas, como má postura, esforço repetitivo, sedentarismo, sobrepeso ou, ainda, problemas estruturais na coluna, como o desgaste de vértebras e discos. O caso da montenegrina Salete Maria Gauer exemplifica como esse problema pode se prolongar por anos até que se chegue a um diagnóstico preciso e a um tratamento eficaz.

“Eu sofria com dores na coluna há muitos anos”, relata Salete. Durante esse período, passou por diversos procedimentos, incluindo bloqueio na lombar, que trouxe algum alívio temporário. No entanto, os sintomas persistiam e iam além das costas. “Minha dor continuava. Tinha dor de cabeça, dor nos braços, nos ombros, formigamento nos braços, nas mãos, e ia para toda a coluna. Dor dia e noite. Nem dormia mais”, desabafa.
Salete conta que chegou a um ponto em que nem mesmo os medicamentos ofereciam alívio. Foi somente após a realização de uma ressonância da região cervical que se identificou um desgaste nas vértebras. O diagnóstico levou à indicação de cirurgia, realizada recentemente, no dia 8 de maio, pelo neurocirurgião especialista em coluna, Dr. Rodrigo Cadori Mafaldo.
Poucos dias após o procedimento, Salete relata a mudança na sua rotina: “Estou sem dor. Minha dor sumiu.
Consigo acordar de manhã sem dor de cabeça, uma coisa que eu não sabia que era associada à coluna.
Perdi muita força nos braços e nas mãos, mas já estou recuperando os movimentos.” Ela reforça que, apesar do medo inicial, a decisão de realizar o procedimento foi positiva. “A cirurgia vale a pena. É um susto quando a gente descobre, mas é para o bem da gente.”
Moradora de Salvador do Sul, Liane Ludwig Welter também enfrentou meses de dores intensas na coluna.
Tudo começou em março deste ano, quando ela procurou atendimento médico local e passou por diversos tratamentos com diferentes profissionais, sem obter alívio. Ao longo dos meses, foi encaminhada para outros médicos, até chegar ao especialista Rodrigo Cadori Mafaldo. Após exames, foi constatado que ela tinha uma hérnia de disco estourada, com o nervo ciático comprimido.
A recomendação médica foi de cirurgia. Inicialmente, Liane hesitou, com receio das consequências, já que muitos diziam que cirurgias na coluna poderiam causar limitações graves. Contudo, diante da dor, decidiu ser operada.
Antes do procedimento, Liane passou 11 dias internada no hospital de sua cidade, para controle da dor. A cirurgia, realizada no dia 22 de abril, transformou sua vida. Logo após o procedimento, já sentiu grande alívio.

Um mês depois da cirurgia, ela afirma estar bem, sem dores e retomando atividades leves em casa. A cicatriz foi mínima e bem-feita. Liane comemora o resultado e se diz grata pela recuperação, reconhecendo que o medo da cirurgia, no fim, foi desnecessário.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Coluna, o tratamento cirúrgico costuma ser indicado em casos específicos, quando há compressão de nervos, fraturas ou desgastes acentuados, como no caso de Salete.
A avaliação médica detalhada e exames de imagem são fundamentais para definir a melhor abordagem.
Especialistas reforçam a importância de procurar atendimento logo no início dos sintomas. “Conviver com a dor não é comum, não deve ser encarado como algo normal”, afirma o Dr. Rodrigo. A demora em identificar a causa da dor pode agravar o problema, afetando a qualidade de vida e dificultando a recuperação.
Assista a entrevista: https://www.facebook.com/share/v/16Vcp2Dvha/
Quando a dor insiste, é hora de investigar
Dores frequentes na coluna e em outras partes do corpo são uma das principais queixas relatadas nos consultórios médicos, especialmente nos atendimentos realizados por especialistas em coluna. Para o neurocirurgião Rodrigo Cadore Mafaldo, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, viver com dor não deve ser considerado uma condição natural da rotina. “A dor é um sinal”, afirma. “Se está interferindo no dia a dia, já é motivo para procurar ajuda médica.”
O especialista compara o corpo a um veículo. Quando um carro apresenta ruídos incomuns, como barulhos no freio, o motorista percebe que algo está errado. Segundo o médico, o mesmo princípio vale para o organismo humano: a dor é um alerta de que algo precisa ser avaliado.
Entre os casos mais comuns estão dores musculares, muitas vezes passageiras. No entanto, há pacientes que seguem convivendo com dor por longos períodos, mesmo após o uso de medicações. Nesses casos, o uso prolongado de remédios sem orientação médica pode, inclusive, agravar outros problemas de saúde.
“Já atendi paciente que chegou com dois exames: um da coluna e outro do estômago”, relata o neurocirurgião. “O segundo exame foi necessário porque o uso contínuo de medicamentos, sem prescrição, acabou lesionando o estômago.” Casos como esse revelam que, além da persistência da dor, o uso indiscriminado de anti-inflamatórios pode gerar novos riscos à saúde.
De acordo com Cadore, remédios anti-inflamatórios devem ser utilizados apenas por curtos períodos e sempre com orientação médica. Quando a dor persiste mesmo após esse tipo de tratamento, a investigação por imagem, como exames de ressonância, pode ser solicitado e indicar problemas estruturais, como desgastes ou hérnias na coluna.
O especialista reforça que a avaliação precoce pode evitar complicações e tratamentos mais complexos. “Não é normal viver com dor. Se o sintoma persiste, é preciso buscar uma investigação mais aprofundada para encontrar a causa e definir a melhor conduta.”
O alerta serve como orientação para pacientes que, muitas vezes, postergam o diagnóstico por achar que o desconforto é passageiro ou parte do envelhecimento. O acompanhamento médico, segundo o especialista, é essencial para garantir qualidade de vida e prevenir agravamentos.

Cuidados e orientações para aliviar dores na coluna
Em muitos casos, dores localizadas podem ser resultado de problemas musculares ou articulares. De acordo com Rodrigo Mafraldo, a prática de alongamentos pode contribuir para o alívio, especialmente quando não há irradiação para outras partes do corpo. No entanto, quando a dor se estende para pernas ou braços, em forma de choques ou sensações que “correm” pelos membros, é necessário buscar avaliação médica.
Esse tipo de dor irradiada costuma estar relacionado à compressão de nervos, muitas vezes causada por hérnias de disco. “O disco da coluna funciona como um amortecedor entre as vértebras. Quando há uma hérnia, essa estrutura se desloca e comprime o nervo, provocando dor”, explica o especialista. Nestes casos, exames de imagem e eletroneuromiografia são fundamentais para confirmar o diagnóstico.
Segundo Cadore, além da hérnia, é comum o desgaste nas articulações da coluna gerar dor. Esse desgaste pode ser comparado à artrose, que também afeta joelhos ou quadril. Para tratar esse tipo de dor, um dos procedimentos realizados é o bloqueio, que consiste na aplicação de medicamentos diretamente na região afetada.

A postura e os hábitos diários também são fatores de influência direta na saúde da coluna. O médico destaca que manter o corpo por longos períodos em posições forçadas ou inadequadas, como ocorre em algumas profissões ou com o uso frequente de smartphones, pode sobrecarregar a estrutura da coluna. A posição ergonômica ideal envolve pés apoiados no chão, costas eretas e membros superiores bem posicionados, com apoio para os cotovelos e punhos.
Atividades cotidianas, como empurrar um carrinho de supermercado inclinado para frente ou carregar muito peso de uma só vez, também exigem atenção. “Dividir a carga em mais viagens é uma forma de se preservar”, orienta o neurocirurgião.
O médico alerta que, embora o desgaste da coluna seja um processo natural com o passar dos anos, a dor não deve ser considerada uma condição permanente ou normal. A avaliação precoce e a adoção de medidas preventivas podem evitar a progressão de lesões e o agravamento dos sintomas. “Atuo exclusivamente com casos relacionados à coluna vertebral e buscamos sempre utilizar técnicas minimamente invasivas para tratar os pacientes, ajudando na recuperação da qualidade de vida e na retomada das atividades do dia a dia.”
Saiba mais sobre o trabalho de Rodrigo Mafaldo: https://www.instagram.com/drrodrigomafaldo?igsh=dzBtM2ExMWx0N3Zz
Causas comuns e formas de prevenção
Apesar da gravidade que a dor nas costas pode apresentar, a maioria dos casos é tratada com medidas conservadoras, como fisioterapia, exercícios específicos e mudanças no estilo de vida. A cirurgia é indicada em casos específicos, como hérnias de disco que não respondem ao tratamento convencional ou quando há comprometimento neurológico.
Manter uma rotina de exercícios físicos fortalece a musculatura que sustenta a coluna vertebral, reduzindo o risco de lesões e dores. Atividades como caminhada, natação e alongamentos são recomendadas para manter a saúde da coluna.
A posição inclinada da cabeça ao utilizar dispositivos móveis aumenta a pressão sobre a região cervical da coluna, podendo causar dores e desconfortos. Especialistas recomendam manter o aparelho na altura dos olhos e fazer pausas frequentes durante o uso.
Dormir em colchões muito macios ou muito firmes pode afetar a curvatura natural da coluna, levando a dores e desconfortos. O travesseiro deve manter a cabeça alinhada com o tronco, evitando inclinações que possam tensionar a musculatura cervical.
Em alguns casos, a dor na coluna pode estar relacionada a outras condições médicas, como infecções, problemas renais ou doenças reumáticas. É importante procurar avaliação médica para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
Adequar o ambiente de trabalho, como a altura da cadeira, posição do monitor e apoio para os pés, contribui para a manutenção de uma postura correta e prevenção de dores na coluna. Empresas e trabalhadores devem estar atentos a essas adaptações para promover a saúde ocupacional.
Situações de estresse e ansiedade podem levar à tensão muscular, especialmente na região das costas e ombros, intensificando as dores. Práticas de relaxamento, como meditação e técnicas de respiração, podem auxiliar no controle desses sintomas.
O excesso de peso sobrecarrega a coluna vertebral, aumentando o risco de desenvolvimento de dores e problemas estruturais. Manter um peso corporal adequado é uma medida preventiva importante.