Eram 9hs da manhã quando os 51 participantes da primeira edição da Remada do Vale da Felicidade partiram pelas águas do Rio Caí, em Pareci Novo. Muito esforço depois, com direito a algumas paradas para agrupar os participantes que se dispersaram, eles chegaram ao destino, o Cais do Porto das Laranjeiras, onde ocorreu um almoço de confraternização do Caça e Pesca. As belezas naturais do Caí foram abrilhantadas pelo Sol que brilhou forte durante todo o dia. A realização é do grupo Remadores Montenegro e Limitless Stand Up Paddle, com participação das prefeituras e de apoiadores.
Remador experiente, Pedro Piqueres diz que faz parte de uma nova geração de remadores de Montenegro, já que os anteriores haviam se distanciado e o esporte deixou de ser praticado na cidade. “Nós e outros remadores somos responsáveis por reiniciar isso e propagar a ideia de utilizar o Rio Caí, um presente que Deus nos deu, remando”, diz. Ele destaca que o remo é “integração, contemplação e faz bem pra saúde” e que pode atrair mais pessoas. “Temos um rio bonito, podemos receber bem as pessoas e mostrar pra elas que se pode ser feliz remando”, completa Piqueres, praticante há sete anos.
Fabiano Dias de Lima, do Remadores Montenegro, explica que a organização do evento partiu do interesse da prefeitura de Montenegro. E que, a partir de conversas com remadores experientes, passaram a planejar a atividade. “O rio estava tomado por remadores”, festeja Lima. O trajeto foi cumprido em menos tempo que o esperado. “Quando tem vento contra demora mais, mas ocorreu tudo certinho, fizemos paradas estratégicas e fluiu bem a remada”, explica Jeanice Santos Noval, do grupo Limitless Stand Up Paddle. Ela revela também que clientes do Limitless, que nunca tinham remado longas distâncias, manifestaram interesse em participar, e cumpriram o trajeto. “Nós dissemos ‘olha, são 16 km’, vieram e se saíram muito bem”, diz Jeanice.
Trajetos com mais e menos emoção
Os mais experientes confirmam que é possível participar, mesmo sem o mesmo conhecimento do rio. Há trajetos variados, indicados para diferentes públicos. Pedro Piqueres conhece o rio praticamente todo e indica algumas opções. Se agora foi feito Pareci Novo /Montenegro, no futuro é possível ir aumentando, incluindo Bom Princípio, Caí, Feliz e etc. “O Rio Caí é interessante. Há trajetos possíveis e os muito difíceis. De Vila Cristina, ou da foz do Rio Piaí – um afluente do Caí – é possível remá-lo até o Rio Jacuí. Isso dá uns 190km”, explica ele.
Mas, dentro desse trajeto, há partes diferentes riscos. “Temos trechos com emoção e trechos sem emoção. O que fizemos hoje, do Pareci pra cá (Montenegro), é tranquilo, podemos fazer de forma boa. Mais pra cima, ele fica mais bonito, porque não tem tanto lodo, com formações rochosas. Harmonia, Vale Real, Arroio Feliz…são trechos muito bonitos. Mas são trechos que ganham uma “pimenta”’, explica. Ele sugere, inclusive, um desafio. “É possível remar daqui a Porto Alegre. Eu já fiz, outras pessoas de Montenegro já fizeram. São 62 km e tu chega na frente da Arena do Grêmio”, provoca Piqueres.
O trajeto realizado nesse 20 de novembro foi muito tranquilo e teve apoio de várias pessoas. Duas embarcações acompanharam. E havia aporte da Patram e de uma enfermeira durante todo o trajeto. “Foi tranquilo porque organizamos. Eu fui na frente puxando, Pedro por último, fechando o grupo. Pra não deixar ninguém pra trás”, relata Fabiano Dias de Lima, do Remadores Montenegro. Com o grupo de apoio, cerca de 70 pessoas integraram a atividade. Uma das facilidades foi que os remadores puderam deixar seus carros no ponto de chegada e seguir até Pareci Novo de ônibus.
Atração de turismo à região
A prefeitura de Pareci Novo recepcionou os visitantes com um café da manhã. Segundo Sandra Cruz, que atua no departamento de Compras do município e representou administração na atividade, diz que a cidade sempre é receptiva e que há cuidado com o Rio Caí. Ela veio remando e festejou o resultado. “Foi só o começo, tenho certeza que teremos mais público no futuro”, relata Sandra. Jaime Büttenbender, diretor de Turismo de Montenegro, diz que esse evento nasceu nas reuniões do Vale da Felicidade, onde combinaram de fazer câmaras temáticas, sobre eventos que podem ocorrer. Assim surgiram o ciclorismo, as trilhas e as atividades do rio. “Montenegro vai valorizar muito o Rio Caí. Temos um cais belíssimo, que está há muitos anos quase jogado, mas estamos trabalhando muito pra vitalizá-lo”, destaca Büttenbender. E ele antecipa o anúncio de boas novas. “Vamos trabalhar com turismo náutico. Em janeiro teremos novidades sobre turismo náutico aqui.”
Esforço que vale a pena
Remar não é atividade fácil. É cansativo, desgasta o corpo e alguns tiveram de pedir ajuda no meio do trajeto de quatro horas. Mas todos chegaram em Montenegro com sorrisos de satisfação.Tatiana Henke e Camila Moreira, integrantes do Remadores Montenegro relatam que, de início, não foi fácil decidir participar. “Você pensa na dificuldade, no tempo do percurso e fica ‘vou ou não vou?’, daí coloca na balança e dá uma vontade”, conta Camila. “Hoje eu não agüentei. Tive de ser ‘rebocada’, como a gente diz quando não aguenta mais remar e a embarcação até te ajuda”, relata Tatiana. Mas isso está longe de fazê-la repensar as atividades desse tipo. “Cansa, sim. Eu sinto muito o braço. Mas fizemos quatro paradas, daí pega uma sombra, coloca o pé na água e depois recomeça”, explica ela.
Junto com o esforço há a satisfação. E também o reencontro com as pessoas do grupo. “É a amizade, o momento de conversarmos, de rever as pessoas”, diz Tatiana. Quem quiser se juntar ao grupo, mesmo que não tenha experiência em remar pode ir aos finais de semana no Cais do Porto das Laranjeiras onde sempre ocorrem atividades. “São atividades mais leves, cada um vai até onde aguenta. É só chegar e ‘colar”’, brinca ela.