Meta do Estado é antecipar status de livre da doença sem vacinação, o que amplia mercado
Há, nos seis Municípios sob controle da Inspetoria de Defesa Agropecuária (IDA) Montenegro, um total de 32.687 bovinos e 220 bubalinos a serem vacinados na campanha contra a febre aftosa que inicia nesta quarta-feira, dia 1º. Os proprietários de rebanhos desses animais devem vaciná-los até dia 31 deste mês. Além disso, a comprovação da imunização deverá ser realizada até cinco dias úteis após o final da campanha, ou seja, até 7 de junho.
A grande mudança na campanha de vacinação deste ano está na dosagem e composição da vacina. Conforme explica o fiscal estadual agropecuário Rafael Silva Alves, as mudanças são a retirada de uma substância que aumentava a probabilidade de ocorrência de caroços e a retirada da cobertura do tipo viral C, que não se encontra mais em circulação na América do Sul. Já a dosagem diminuiu de 5ml para 2ml por animal.
Nos Municípios abrangidos pela Inspetoria (Brochier, Capela de Santana, Maratá, Montenegro, Pareci Novo e São José do Sul) são credenciadas para a venda da vacina as agropecuárias Ibiá, Pilger e da Certeja, em Montenegro, e a Agropecuária Maratá, em Maratá.
O médico veterinário do IDA Montenegro destaca que o índice vacinal alcançado na última campanha, em novembro de 2018, foi de 97,95% do rebanho. “Esse índice é satisfatório, pois o mínimo desejável é que atinja 90%, para que tenhamos segurança em afirmar que, caso haja a entrada da doença, a probabilidade de espalhamento seja mínima”, observa Alves.
Além disso, o índice vai de encontro ao desejo do Estado de ver o Rio Grande do Sul declarado livre da aftosa sem vacinação. Hoje, o Rio Grande do Sul é declarado livre da doença com vacinação.
Conforme o Plano Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a previsão da retirada de vacinação no Rio Grande do Sul é para o ano de 2021, no entanto, a secretaria estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural formalizou pedido de auditoria no sistema de defesa sanitária animal na segunda quinzena de julho. O objetivo é avaliar a situação em relação à febre aftosa, visando à possível evolução de status sanitário para a condição de livre de febre aftosa sem vacinação.
Rebanho por município
Brochier – 3.169 bovinos
Capela de Santana – 9.151 bovinos e 141 bubalinos
Maratá – 2.425 bovinos
Montenegro – 13.990 bovinos e 72 bubalinos
Pareci Novo – 1.365 bovinos
São José do Sul – 2.587 bovinos e 7 bubalinos
Total – 32.687 bovinos e 220 bubalinos
Fonte: IDA Montenegro
Mudança de status será benéfica
O presidente da Associação dos Pecuaristas do Vale do Caí (Apevale), Roberto Machado, entende que a mudança de status do Rio Grande do Sul de livre da aftosa com vacinação para livre sem vacinação trará uma vantagem muito grande ao agronegócio. “Em primeiro lugar, facilita para a nossa comercialização dos animais com todos os Estados do Brasil”, aponta. Ele cita como exemplo o caso de Santa Catarina, estado livre da aftosa sem vacinação.
Hoje, pecuaristas gaúchos não podem comercializar seus rebanhos no Estado vizinho. Até mesmo o transporte dos animais é diferenciado. “Temos que obedecer rotas especiais e
tem tempo de permanência em trânsito”, conta Machado. Ele reforça que essas delimitações causam transtornos para o pecuarista no momento da venda de seu rebanho.
A declaração de livre da aftosa sem vacina, diz Machado, representaria ainda a abertura de novos mercados e eficácia na venda para compradores que pagam melhores preços. Entre esses possíveis novos clientes está a Europa, que não importa carne de frigoríficos localizados em áreas ainda sob a vacinação de febre aftosa.
O presidente da Apevale salienta que o Vale do Caí é uma região extremamente benéfica para o desenvolvimento da atividade pecuária e com grande potencial de desenvolvimento. No entanto, Machado aponta que a região ainda sofre com um grande desafio: a segurança no campo. Segundo ele, são diversos os casos de abigeato. “A maior parte das propriedades, hoje, está pagando segurança particular para tentar evitar que seus rebanhos sejam dizimados”, comenta.