O Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada (Copaaergs) se reuniu de forma emergencial para elaborar o Boletim Extraordinário, com análise da catástrofe de maio. O documento traz previsões e indicações gerais para os produtores rurais nos próximos meses. Os primeiros levantamentos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) indicam que entre os principais prejuízos identificados pelos agricultores está a perda parcial da produção. Ela foi citada por 25,75% dos questionados; seguida de danos à infraestrutura, como galpões e estradas, apontado por 11,71%; e pela perda de animais, confirmada por 3,68%.
As perdas das culturas anuais de verão só não foram maiores porque as enchentes ocorreram no fim do ciclo. No entanto, as perdas substanciais de solo, decorrentes tanto de deslizamentos e inundações, comprometeram negativamente a estrutura química, física e biológica. Isso poderá dificultar a semeadura da safra de inverno deste ano, ou até mesmo da safra de verão 2024/2025. Inclusive, afetará os cultivos perenes, como os pomares nos próximos ciclos de produção.
O Conselho orienta que os produtores façam análise do solo para orientar a correção da acidez e adubação. Em áreas severamente afetadas, o Copaaergs recomenda repensar a aptidão de uso do solo, com a possibilidade de deslocar ou transferir áreas produtivas para lugares geograficamente mais adequados para cultivo agrícola.
A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para junho indica chuvas abaixo da média climatológica. Também indica que as temperaturas do ar deverão ser ligeiramente acima da média na metade norte (anomalia positiva de 0,5°C) e próxima da normal ou até mesmo ligeiramente abaixo na metade Sul. Não se descarta, porém, a ocorrência de geadas.
Orientações sobre solo pósenchente
Para recuperação e conservação do solo, o Conselho recomenda a adoção de práticas de manejo como sistema de plantio direto, manutenção da cobertura vegetal do solo, cultivo de plantas de cobertura, rotação de culturas, cultivo em nível, terraceamento, conservação de matas ciliares e, quando possível, a adoção do sistema de cultivo integrado – lavora-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta. Para criadores de animais, a orientação é atentar para a condição sanitária do rebanho, procedendo à vacinação contra a leptospirose e doenças respiratórias. Estas e outras indicações podem ser consultadas no boletim.