Dia da Escola do Campo foi repleto de atividades
Uma das poucas instituições da rede estadual de ensino com o título de escola do campo, a Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) São José do Maratá, de São José do Sul, celebra neste sábado, dia 28, o seu Dia da Escola do Campo. A ação, que iniciou pela manhã e segue à tarde, conta com exposição de trabalhos dos alunos, feira da agricultura familiar e do artesanato, promoção de um galeto para arrecadar fundos para a escola e atividades culturais.
“A nossa escola é uma das poucas escolas do campo com o Ensino Médio. O que diferencia é a nossa proposta de trabalho. A gente procura colocar no nosso currículo programas voltados para a cultura local, fazer um diálogo com o homem do campo”, explicou o diretor Júlio Ricardo Hoerlle. Na visão do gestor escolar, o sucesso da proposta se traduz em dois projetos de pesquisa da escola que foram destaque na Expointer nos dois últimos anos.
Isso também representa a força da iniciação científica da escola, que tem sua culminância no Dia da Escola do Campo. Nesta edição, foram 28 trabalhos apresentados desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, incluindo a presença de projetos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Valéria Maria Kirch. “O Dia da Escola do Campo é um dos momentos mais importantes do ano escolar porque ele movimenta o trabalho de toda a equipe da escola, dos alunos e dos pais”, destacou Júlio.
Exemplo disso é a parceria de alguns pais que se disponibilizaram, ainda cedo no sábado, a preparar o galeto que foi vendido em prol da escola. “Estamos num mutirão para colaborar com a escola. A gente sempre participa das ações da escola para promover o bem-estar e arrecadar fundos para o Círculo de Pais e Mestres (CPM)”, destacou o vereador, pai de aluno e membro do CPM da EEEM São José do Maratá, Adriano Kniest. Segundo ele, a participação dos pais é um exemplo para os filhos.
Para Fátima Aparecida Klein, mãe de uma aluna do 8º Ano, o evento também é bonito por permitir que os pais vejam o desenvolvimento dos filhos. “É muito orgulho ver as crianças se dedicando a esse projeto”, afirmou. Segundo ela, a EEEM São José do Maratá ser uma escola do campo e trabalhar temas rurais também é muito importante.
Projetos tratam do campo e mais
Como não poderia deixar de ser, muitos dos trabalhos expostos tratam de temas do campo. Agronegócio, turismo rural, carneiro hidráulico, plantas medicinais, tecnologia no campo e horta suspensa foram alguns dos temas apresentados. Orientados pela professora Thuani Flores, os alunos do 3º Ano Ensino Médio Roberta Betina Hartmann, Guilherme Knebel, Luís Antônio Rovebder Dapper e Bruno Augusto Ludwig fizeram uma pesquisa sobre as consequências da estiagem.
Ao trabalharem sobre o tema, eles concluíram que fazer investimento numa cisterna pode ajudar os trabalhadores rurais a não terem prejuízos seguidos com a estiagem. “(Em períodos de estiagem) as pessoas perdem produtividade e acabam, com o tempo, ‘quebrando’ financeiramente”, expôs Luís Antônio. Conforme Guilherme, a estiagem pode causar perda de até 30% da produção. “Isso, com o decorrer dos anos, vai dando muita perda. Com as cisternas eles iam gastar uma vez”, apontou.
Segundo Roberta, o tema foi escolhido por tratar de uma realidade das famílias dos alunos da EEEM São José do Maratá. “A gente queria mostrar um pouco das consequências da estiagem e o que podemos fazer para diminuir isso”, ressaltou. Guilherme reforçou que estudar numa escola do campo permite que os estudantes tratem de temas diretamente relacionados à produção primária.
Mas nem apenas temas do campo foram abordados nos trabalhos. Houve quem pesquisou sobre imigração, sistema solar, lixo eletrônico. Também teve alunos que optaram por trabalhar em cima da sua realidade. Marcelle Rockembach, Maria Luísa Melero Fessler e Artur Felipe Koch, do 8º Ano, fizeram uma pesquisa sobre ansiedade e depressão na adolescência. Eles foram orientados pela professora Lúbia Camargo Pereira.
“A gente fez uma pesquisa com nossos colegas e descobrimos que a maioria tem mais ansiedade do que depressão”, revelaram. “É por causa de trabalhos e apresentações que eles ficam mais nervosos e ansiosos”, contaram os estudantes.
De avaliada a avaliadora
Após estudar todo o seu Ensino Fundamental e Ensino Médio na EEEM São José do Maratá, Júlia Kranz Kniest retornou à vida escolar da instituição para participar do Dia do Campo como avaliadora. “Está sendo meio mágico, porque nunca tive essa experiência antes e a gente (quando aluno) sempre tinha medo dos avaliadores”, comentou, dizendo que também via um pouco de graça na situação.
“Antes a gente era avaliado e, agora, estamos aqui tendo essa nova experiência de poder avaliar os trabalhos e aprender um pouco mais sobre os temas (dos trabalhos”, complementou. Lembrando dos seus tempos de aluno, Júlia, que se formou no Ensino Médio no ano passado, avaliou que a apresentação dos trabalhos é um momento muito importante por ajudar na desenvoltura dos estudantes. Além dela, outros ex-alunos estavam participando do Dia da Escola do Campo como avaliadores.