Desfile mostrou que continua viva a tradição das carretas puxadas por animais, mesmo em tempos tecnológicos
A manhã ensolarada de sábado, 8, e a temperatura amena agradou e divertiu quem participou da Carreteada Natalina, no centro de Brochier. Foram cerca de 140 carretas puxadas por bois, vacas e até cabrito. Famílias de vários municípios da região estiveram presentes na 8ª edição do evento, organizado pelo Grupo de Carreteiros do CTG Rincão dos Brochier.
Não importa a idade das pessoas, nem mesmo o tamanho, a cor e o formato da carreta. No início da manhã dezenas de carroças e bovinos coloriam e lotavam o espaço campeiro do Parque da Expofesta. Conforme José Dickel, um dos organizadores, esta é a oitava vez que os carreteiros de Brochier organizam o encontro.
Dickel estava com a família na primeira carreta, puxada pela dupla de bois Garoto e Guerreiro, abrindo a carreteada pelas ruas centrais da cidade. Quem estava muito animado e eufórico era o pequeno Yuri Gabriel de Castro de Cristo, de apenas cinco anos. Relho em mãos, o menino andava de um lado para o outro para ver os animais que lá estavam.
“Eu adoro vir pra cá para andar na carreta e de cavalo”, afirma Yuri, ao lado da dupla de bois nelore, o Cruzeiro e o Cruzado, e do pai Jacir Garcia da Rosa. Parta o menino, os bois que são grandes precisam puxar carretas grandes. Jacir veio de Parobé quando o filho adotivo tinha dois anos, devido a problemas de bronquite do menino. “Aqui ele melhorou completamente porque fica perto da natureza”, diz.
Com certeza um dos maiores destaques foi a pequena charrete da Vitória Cristina da Silva, 8 anos, de Tabaí. Pintada de rosa e com o nome da menina grifado em azul, a carretinha era puxada pelo cabrito Xodó, único na atração. Vitória fez bonito e usou um vestido rosa para combinar com a charrete.
Quem acompanhou o desfile pode conferir uma carreteada com muitas cores, raças de animais e a alegria dos carreteadores e suas famílias. Para muitos, este tipo de encontro é o único lazer fora do trabalho no campo. “É a nossa diversão. Não jogamos futebol e então este é o nosso passa tempo”, aponta Arnildo Rodrigues.
Rodrigues estava conversando com o amigo Adélio da Motta Carvalho. Ambos são de Bom Jardim e participaram ao lado de outras dez pessoas do grupo de carreteada Nossa Senhora Aparecida, criado na comunidade. Segundo os amigos, estes encontros fazem parte de uma tradição que os pais participavam. “A gente da continuidade faz isso pra valorizar o que aprendemos com nossos pais”, finaliza Adélio. Uma cavalgada com cavalarianos de cidades vizinhas também aconteceu após o desfile das carroças.