No mês de agosto deste ano, teve início a construção da planta da Bioo, um
a iniciativa que busca transformar os processos industriais ao adotar práticas alinhadas com a economia circular e a mitigação de emissões poluentes. Localizada na área do Polo Petroquímico de Triunfo, a Bioo é uma plataforma de biosoluções que surge da colaboração entre a SebigasCótica e eB Capital, com o objetivo de transformar resíduos agroindustriais e industriais em bioprodutos de alta relevância, contribuindo para bem estar do Meio Ambiente.
Maurício Cótica, diretor executivo da SebigasCótica, explica que o projeto representa uma abordagem inovadora no tratamento de resíduos orgânicos. A central de reciclagem orgânica, parte fundamental do processo, é responsável por receber resíduos provenientes de diversos geradores, mantendo rigorosos padrões de qualidade industrial. O processo de transformação dos resíduos é baseado na biodigestão anaeróbica, onde bactérias especializadas consomem a matéria orgânica, gerando biogás composto principalmente por metano e CO2.
O biogás, fonte alternativa de energia renovável, possui alta concentração de metano (CH4) e pode ser convertido em eletricidade e calor por meio da cogeração, ou refinado para biometano utilizando sistemas de purificação conhecidos como upgrading. O processo completo permite a produção de biogás, dióxido de carbono de grau alimentício e fertilizante orgânico. Os resíduos não transformados se tornam a base para a produção de biofertilizantes, promovendo assim o fechamento do ciclo da economia circular.
Maurício diz que a empresa tem a missão de transformar resíduos em bioprodutos valiosos, e também contribuir para a redução do impacto ambiental associado ao acúmulo de resíduos orgânicos. Com aproximadamente 40 tipos diferentes de resíduos que demandam tratamento específico, a Bioo utiliza tecnologias avançadas para garantir a eficiência e a sustentabilidade de suas operações.
Além do aspecto ambiental, o enfoque é criar um ecossistema industrial que integra de forma sinérgica os princípios da economia circular, proporcionando benefícios para a comunidade, a economia local e o meio ambiente.
Impactos ambientais positivos
Produzir energia a partir de biogás e cogeração é cerca de 30% mais eficiente do que através de combustíveis fósseis. Além disso, a produção de energia elétrica e térmica a partir de uma instalação de biogás é neutra em carbono, pois o metano é completamente queimado e o CO2 emitido é equivalente ao absorvido pela biomassa durante seu ciclo de vida. Reduzindo ou até eliminando as emissões de gases de efeito estufa, a usina de biogás transforma resíduos em recursos energéticos, contribuindo para a redução da poluição no planeta.
Desenvolvimento sustentável
A Bioo visa contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável, permitindo que indústrias tratem seus resíduos orgânicos e promovam crescimento. Além de gerar biogás e fertilizantes, a empresa contribui para a redução da dependência de importações de energia e a preservação do ambiente, controlando emissões e transformando resíduos em recursos valiosos para a agricultura.
Resíduos transformados: ampla gama de fontes orgânicas
A Bioo trabalha com uma grande variedade de resíduos orgânicos, cerca de 40 tipos, incluindo resíduos agroindustriais (como café, sucos de fruta, laticínios, etc), de abatedouros, de animais, agrícolas, culturas energéticas, lodo de efluentes e lixo orgânico. Cada um desses resíduos é tratado respeitando suas características.
Eles são preparados para o processo de tratamento, efetivamente, que é a biodigestão. A biodigestão anaeróbica é um processo realizado por bactérias dentro de um ambiente controlado em termos de temperatura, sem a presença de oxigênio , onde se consegue em condições ideais potencializar a ação dessas bactérias sobre a matéria orgânica. “Em outras palavras, essas bactérias específicas consomem a matéria orgânica, dão o tratamento ambiental e ao longo desse processo, de uma maneira natural produz o biogás”, explica Maurício Cótica.
O biogás é fundamentalmente composto por metano, que é equivalente ao gás natural fóssil e CO2. Desse biogás nós purificamos esses dois produtos para comercialização para o retorno à indústria. Aquilo que não vira gás serve como base para uma indústria de biofertilizantes que vai operar continuamente devolvendo esses micro e macro nutrientes para a agricultura, fechando esse ciclo de economia circular.
“Nosso foco hoje é focado na produção industrial, mas a gente entende que a biodigestão é realmente um passo muito importante, um acréscimo especialmente para regiões que tem produções de suinocultura. É preciso focar em projetos que dão condições as indústrias que nos cercam para tratarem todo seu resíduo orgânico, de forma que elas também possam crescer e trazer ainda mais crescimento ao Estado”, pontua o empresário.