portais regionais rompem fronteiras e fortalecem os jornais nas suas regiões de atuação
A pandemia do coronavírus forçou uma nova realidade nos hábitos e comportamentos da sociedade. Neste contexto de mudança, as mídias sofreram transformações nunca antes experimentadas, em um curto espaço de tempo. Com isso, a relevância e a responsabilidade dos veículos de comunicação aumentaram, sobretudo, dos locais. “Com o impacto direto sobre todos nós, a pandemia criou a necessidade de obtermos informações locais, sobre nossa cidade, nosso bairro, nossa rua”, observa o presidente da Associação dos Diários do Interior do Rio Grande do Sul (ADI-RS), Adair Weiss.
Ele relembra as dificuldades dos jornais impressos se mostrarem relevantes e influentes antes da pandemia do novo coronavírus, quando muitos achavam que os impressos acabariam. “Hoje, as pessoas podem até entrar pelas redes sociais, mas procuram nossos jornais e portais o tempo todo para checar. Elas querem confirmar, saber e entender o micro, o local, o serviço prestado em cada cidade ou comunidade. Com isso, nossa responsabilidade se amplia e confirma a credibilidade dos jornais. A sociedade retoma sua percepção sobre a importância destes veículos para a articulação e crescimento locais”, conclui.
A informação é corroborada pelo jornalista e consultor de meios de comunicação, Eduardo Tessler, que tem dedicado os últimos anos para compreender o fenômeno da transformação. Ele também percebe a retomada das mídias regionais e locais. “A população precisa de fontes mais confiáveis e mais próximas. É muito mais lógico eu ser de Montenegro ou Lajeado e confiar nos jornais da minha cidade do que acreditar nesses tantos sites que surgiram, sabe-se lá de onde, e que frequentam grupos nas redes sociais”, salienta.
Tessler ressalta que o crescimento dos meios regionais é um movimento verificado em todas as partes. Mas alerta ser necessário estes veículos de comunicação perceberem qual o seu nicho de atuação para não perderem audiência. Por isso, não basta replicar conteúdos nacionais e estaduais sem trazer o reflexo local destas notícias.
Alcance mundial, mas foco local
Exemplo de expansão de audiência, até 2004 o Ibiá circulava essencialmente através da edição impressa. Com a inserção de conteúdo também na internet, cresceu a audiência. Mas a mudança mais significativa foi a transformação do site no portal www.jornalibia.com.br em 2017, marcando a presença da marca Ibiá também entre os cidadãos do Vale do Caí. Com isso, se fortaleceu em outros municípios, onde o impresso sequer chegava. Somente nesse primeiro semestre de 2021, o portal já atingiu a marca de 700 mil usuários únicos.
As redes sociais também tiveram um investimento significativo de produção. Para se ter ideia, no início de 2020 o Facebook do Ibiá contava com 38 mil seguidores. Um ano depois, em 2021, esse número ultrapassa os 48 mil, um aumento médio de 26%. Ainda em 2020, a página do Ibiá no Instagram ultrapassou a marca de 10 mil seguidores, comprovando que, mesmo buscando por informações e notícias nas redes sociais, os cidadãos importam-se com a procedência da informação, consumindo-a de fontes seguras e tradicionais.
A diretora do Ibiá, Maria Luiza Szulczewski, a Lica, recorda que o investimento do Ibiá vai além da produção de conteúdo. “Desde a nossa fundação, em 1983, a gente tem como visão ser mais do que um jornal”, afirma. “Desenvolvemos projetos sociais, eventos e ações a fim de participar e colaborar no desenvolvimento da região”. A mais recente ação desenvolvida foi o projeto Mulheres que Brilham. A premiação reconheceu mulheres que contribuíram para o desenvolvimento de Montenegro em 11 segmentos.
Ainda no sentido de contribuir para o desenvolvimento regional, o projeto Olho d’Agua divulga e valoriza iniciativa ambientais, através de reportagens sobre ecologia, sustentabilidade e preservação. E, com votação aberta nesta terça-feira, o Top Ibiá de Preferência premia empresas mais lembradas pela população montenegrina em diversos segmentos.
“Essas são apenas algumas das ações desenvolvidas ao longo do ano. Temos orgulho em fazer parte da comunidade local e, mesmo assim, expandir nossa audiência em nível global, sempre valorizando o que é daqui”, reforça Lica.
Eduardo Tessler
Jornalista, consultor internacional de empresas de comunicação. Foi Diretor do clicRBS, editor-executivo de Zero Hora, correspondente na Itália de O Globo e editor da Veja. Por 15 anos na Innovation Media Consulting, foi diretor para a América Latina e sócio do grupo, tendo realizado projetos de reestruturação de empresas de comunicação em mais de 25 países. Recentemente foi Diretor Editorial do Grupo Jaime Câmara (Goiás) e da Empresa Rio Negro de Comunicações, na Argentina. Editor do site Midiamundo, coordenou em 2016 e 2017 o projeto de transformação de O Globo, Extra e Revista Época, e em 2018 do Valor Econômico.
