Terceira idade com tudo!

Hidroginástica
Todos nós nos desenvolvemos dentro da água. Quando somos fetos,

William Orth,

o líquido amniótico que nos circunda dentro da barriga da mãe cria uma barreira de proteção que permite pleno desenvolvimento dos órgãos, ósseo, além dos sentidos motores.

Ao longo da vida, prosseguimos com os hábitos aquáticos, tomando banho e lavando as mãos, como um retorno ao útero. E boa parte do nosso corpo também é constituída pela substância. Imagine, então, hidroginástica, atividade física diretamente na água. A sensação de prazer, como estar acolhido em uma grande barriga de mãe, não pode ser ignorada e nem separada da prática.

E é essa a sensação de bem-estar descrita por Regina Simões, 65 anos, integrante do grupo de hidroginástica da Natação Aguazul. Ela, que retornou este ano para a atividade, depois de três anos afastada, afirma que a prática é boa tanto para o corpo, quanto para a alma.

“Os benefícios são muitos. Além de ser um exercício sem impacto, temos a experiência aeróbica dentro da água, que ameniza o movimento e faz com que não haja dor. E ainda tem as amizades e reencontros, que tornam o ambiente muito bom. Nós interagimos, conversamos, vale muito a pena também por isso”, explica.

Edi Lorenita, 84 anos, participa há poucas semanas do grupo. Mas já fez amigas, com seu jeito agradável e comunicativo, e tem ainda uma comadre que participa da mesma turma. Um problema de saúde foi o que levou Lorenita a procurar uma reabilitação adequada. “Tinha quebrado o pé, por isso procurei um exercício na água pela questão do impacto”, afirma.

Benefícios da atividade aquática
Cada um procura a hidroginástica por algum motivo. Seja para reabilitação, saúde ou bem-estar, o que importa é não ficar parado. Ana Maria Herzer, 60 anos, que o diga. Há 25 ela participa da turma de hidroginástica. E garante: não há exercício melhor. “Para o público da terceira idade, academia é um pouco mais complicado. Nem todos os exercícios podem ser realizados. Mas, na água, não há nada de dor e limitações. Quem não conhece eu convido para vir fazer uma aula e sentir como é agradável”, destaca.

William Orth, 32 anos, proprietário e professor na Aguazul, ressalta que resultados positivos não faltam para a prática na terceira idade – ou em qualquer outra fase da vida. “Um dos benefícios é para o sistema circulatório. Além de auxiliar no controle de peso, trabalha a força muscular e reduz a possibilidade de algumas doenças crônicas acontecerem”, ressalta.
As articulações e saúde mental, de acordo com ele, também são favorecidas. E a lista não acaba mais: aumento da resistência muscular e de flexibilidade, melhora do sistema cardiovascular, interação social, e por aí vai.

Numa aula, gasta-se, em média, 400 a 450 calorias. Palavra de William. A hidroginástica na Aguazul existe há mais de 25 anos e atende em todos os turnos, com alunos que vão dos 15 aos 85 anos. “Porém, não há limite estabelecido de idade para participação”, ressalta o professor.

 

Régis Roberto dos Santos, 72 anos, corre há 10 anos, todos os dias

Recomendação do fisioterapeuta
Por mais boa vontade e iniciativa que haja, pessoas idosas devem estar atentas a quais atividades irão desenvolver. Nesta fase da vida, existem limitações naturais a alguns tipos de esforço físico.

De acordo com o fisioterapeuta Luís Gustavo Ruthner Goulart, com o envelhecimento natural do corpo, fraqueza nos músculos, articulações e ossos tornam-se também uma realidade. “Nossos sistemas acabam enfraquecendo. Com isso, aparecem as dores articulares e musculares. O exercício físico contínuo e direcionado auxilia as pessoas a

Luís Gustavo Ruthner Goulart

envelhecerem com mais saúde”, destaca.

Algumas das doenças mais comuns na terceira idade, segundo o profissional, são diabetes, osteoporose e artrite severa. “A fisioterapia atua, então, com exercícios específicos para cada tipo de patologia, por isso é importante uma adequada avaliação do paciente”, observa.
A partir do diagnóstico, as atividades adequadas são indicadas. Luís explica que o idoso com osteoporose precisa da compactação ao solo para produzir osso, porém, o exercício de corrida, que tem muito impacto e aumenta o risco de fratura, não é indicado para quem tem a densidade óssea diminuída.

“Já para a pessoa com artrose, devido a dor e possíveis limitações de movimento, o indicado é terapia aquática. A hidroterapia, hidroginástica, caminhadas e corridas, essa última, claro, para aqueles que não possuem uma doença instaurada, também são indicadas para tratar ou evitar enfermidades”, informa.

Régis Roberto dos Santos, 72 anos, corre há 10 anos, todos os dias

A corrida como superação de vida
Ele tem 72 anos e disposição de 20. Régis Roberto dos Santos, aposentado, atribui o bem-estar e a saúde com que chegou à terceira idade, principalmente, à sua prática diária de corrida.

Quem o vê, hoje, alegre e bem disposto, não imagina que no passado o esporte foi o principal aliado na sua reabilitação do alcoolismo. “Bebia um litro de cachaça por dia. Perdi esposa e filho. Quando eu me vi sozinho, inventei de correr. Sinceramente, minha vida mudou muito depois disso. A felicidade e a alegria voltaram. Eu voltei a ser criança”, relata, alegre.
Figura conhecida no trajeto onde corre todos os dias, a Via II, ele põe o pé na estrada às 7h15min e só retorna 8h de sua maratona de exercícios. A corrida, sempre acompanhada de uma garrafinha de água gelada, que deixa escondida em um canteiro enquanto faz seu trajeto, não começa sem um alongamento prévio. O ato de alongar os braços, como um apelo aos céus, é uma bonita inspiração para os passantes.

O dia de descanso para o corpo, de acordo com ele, é apenas o domingo, quando também costuma cometer seu pecado: beber uma cervejinha. “Eu acordo todos os dias às 6h30min. Como uma fruta e me apronto para descer. Assim não fico ocioso e ajudo esse corpo que Deus me deu”, comenta Régis.

Com uma saúde e físico de dar inveja, ele diz que procura manter uma alimentação balanceada, longe de lanches, gorduras e guloseimas. “Cortei as carnes gordas e, apesar de gostar muito, evito comer doces. Refrigerante, nem pensar. Peguei esse lado saudável da vida”, conta, orgulhoso.

Sem remédios
Seu gosto pelo exercício físico, explica Régis, não é de hoje, e ele aconselha mais pessoas a seguirem seus passos. “É uma das melhores coisas que tem. Fico horas com a sensação de bem-estar”, diz. Não ter tempo, para ele, é desculpa. Cinco minutos do dia sempre sobram.
Régis é um exemplo a ser seguido em um mundo onde, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2016, cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem anualmente vítimas de doenças do coração. Um dos principais fatores de risco é o sedentarismo.

“Fui militar da Brigada e fazia atividades regularmente. A corrida, há10 anos, virou um hábito na minha vida. Não tomo remédio nenhum para a saúde. E minha pressão está sempre boa, 12/8”, orgulha-se Régis.
Até mesmo quem passa e fica olhando, conforme relata o aposentado, admira e segue o ensinamento. “Agora, para completar a vida, só falta uma namorada. E aquele abraço em todos os tricolores”, conclui.

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