A Acerte acertou: o auditório estava lotado e havia lista de espera. Quem correu na frente e garantiu sua vaga na palestra “Saúde Mental do Trabalhador”, realizada na última semana, teve a oportunidade de pensar acerca da própria relação com seu trabalho, buscando entender como ele impacta na vida. Alusivo aos 20 anos da empresa de assessoria empresarial, o evento marcou o encerramento do Ciclo de Palestras. “Percebemos que o tema foi muito atrativo, porque no final ninguém queria ir embora”, afirma com satisfação a diretora da Acerte, Telma Esmerio.
O tema, “Saúde Mental do Trabalhador”, foi conduzido por duas integrantes da equipe da Acerte: Juliana Kuhn, estudante de Psicologia, e Francine Gonchoroski, psicóloga da empresa. Nesta entrevista, elas contam os principais pontos da palestra e alertam para a importância de as pessoas administrarem bem o tempo para que isso não desencadeie um processo de adoecimento. Acompanhe:
— Por que a escolha desse assunto?
O objetivo da palestra Saúde Mental do Trabalhador foi de promoção de saúde. Mais do que falar do adoecimento mental, buscamos provocar as pessoas para olharem para si para que possam identificar o que em seu dia a dia está ou pode vir a contribuir para o adoecimento mental, pensando tanto no que estão fazendo, quanto no que estão deixando de fazer.
O trabalho ocupa um lugar central e importante na vida das pessoas, sendo responsável não só por garantir sustento e estabilidade financeira, mas por inserir a pessoa na sociedade.
— Quais são as dicas neste sentido?
Precisamos de tempo de qualidade para fazer refeições e horas de sono, tempo para trabalhar e estudar, tempo para atividades de lazer, como esportes, encontros com amigos e familiares, cinema, música, leitura, etc. Além disso, devemos ter tempo livre, ou seja, aquele em que nos desprendemos de ter que cumprir algo. Lembrando, porém, que este “não cumprir” vale tanto para compromissos assumidos voluntariamente como para obrigações. É não fazer nada, mesmo! O trabalho sempre favorece ou a saúde ou a doença. Existem algumas coisas que podemos atentar para aumentar a possibilidade de favorecer a saúde, como compreender e respeitar nossa singularidade e a do outro, usar de empatia no convívio com os outros, criar vínculos com quem está à nossa volta, buscar encontrar um sentido e/ou significado no trabalho que se faz, propor-se metas e objetivos possíveis de serem alcançados.
— Muita gente se queixa de que o dia a dia é muito corrido. Como conviver com essa situação?
O tempo livre é muito pequeno. A quantidade de tarefas e compromissos é muito grande. As pessoas reservam pouco tempo para olharem e cuidarem de si. A tecnologia diminui o tempo que levamos para fazer algumas coisas, mas ocupamos o tempo livre com mais tarefas. O nosso tempo livre é muito pequeno. Temos uma quantidade de tarefas e compromissos muito grande — alguns advindos das novas tecnologias, como o tempo dedicado às redes sociais — e pouco tempo para olharmos e cuidarmos de nós mesmos. Uma das atitudes que pode contribuir para que tenhamos maior saúde mental é atentar para a organização do tempo.
— O corpo nos dá sinais de que estamos adoecendo em consequência do trabalho? Como identificá-los?
É aí que entra a importância de olhar para si mesmo, como referi anteriormente. Isso significa atentar para a satisfação que sente ou não no desempenho de uma atividade. Observe se ocorrem alterações neste sentimento. Olhe para si mesmo para perceber mudanças no bem-estar, tanto físico como emocional. É possível perceber que algo não está bem antes de adoecer e, a partir disso, agir em prol do não adoecimento. Todos nós sentimos, no dia a dia, emoções positivas, que causam bem-estar, e negativas, que causam mal-estar. Precisamos atentar para o momento em que as emoções negativas são muito mais frequentes e que as positivas. Se este for o seu caso, procure refletir em profundidade para compreender o que está ocorrendo. Aja com cautela, senão corre o risco de tomar decisões erradas. Busque entender as causas do seu adoecimento e, se for o caso, o devido tratamento. Nesta autoanálise, procure ver o lado bom das coisas, porque ajuda a encontrar motivação. Muitos têm tendência de ver apenas o lado ruim.