O movimento Outubro Rosa tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. De acordo com o mastologista montenegrino Dr. Túlio Farret, essa é uma doença que se manifesta pela “desordem no controle da multiplicação das células da mama”, sendo o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de 2022, mostram que no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas Regiões Sul e Sudeste. Para cada ano do triênio de 2023 a 2025, foram estimados 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres. Ainda segundo o INCA, o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025.
Já dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que o câncer de mama também continua sendo o mais comum entre as mulheres no mundo, com 2,3 milhões de novos casos diagnosticados em 2022 e 670.000 mortes atribuídas à doença no mesmo ano.
Sinais de alerta
Dr. Farret destaca que é fundamental que as mulheres conheçam seu corpo para identificar os primeiros sinais de possíveis anormalidades. “Os sinais comuns são a presença de nódulo na mama, alterações na pele da mama ou do mamilo, descarga mamilar (secreção no mamilo) ou aumento no volume de uma das mamas (assimetria mamária)”. Estes sintomas podem indicar a necessidade de uma investigação médica mais aprofundada, e o tempo é um fator determinante no sucesso do tratamento.
Estes sinais podem ser nódulo palpável, geralmente indolor, duro e irregular, seja na mama, axila ou até mesmo pescoço; pele da mama com aspecto de casca de laranja, devido à retração da pele e do mamilo; secreção aquosa ou sanguinolenta no mamilo; vermelhidão da pele da mama; inversão do mamilo, quando se encontra abaixo da linha da pele; dor local, constante, moderada ou intensa e formação de feridas na região dos mamilos.
Prevenção: autoexame, mamografia e bons hábitos
A prevenção do câncer de mama baseia-se no controle dos fatores de risco modificáveis e na promoção de fatores de proteção. Conforme Dr. Farret, estima-se hoje que seja possível reduzir o risco de a mulher desenvolver câncer de mama por meio de medidas como: praticar atividade física, manter o peso corporal adequado, adotar uma alimentação mais saudável e evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcóolicas. Não fumar e evitar o tabagismo passivo também podem contribuir para reduzir o risco de câncer de mama.
Amamentar é uma prática protetora e deve ser incentivada e realizada pelo maior tempo possível. Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são, em sua maioria, modificáveis; porém fatores como excesso de peso corporal, inatividade física, consumo de álcool e terapia de reposição hormonal, são, em princípio, passíveis de mudança.
O mastologista reforça que, apesar do autoexame ser uma ferramenta importante para que a mulher conheça o seu corpo, ele não substitui exames de imagem, como a mamografia. “O autoexame deve ser estimulado como instrumento de autoconhecimento do corpo, não tendo uma frequência específica para a realização do mesmo”, explica.
A mamografia continua sendo o exame mais eficaz no rastreamento do câncer de mama. “A mamografia é o exame que deve ser realizado como rastreamento anual”, afirma o médico. Ele acrescenta que, em alguns casos, podem ser solicitados exames complementares, como ecografia ou ressonância magnética, dependendo das necessidades de cada paciente. Esses exames são fundamentais para identificar lesões em estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores.
Para mulheres com alto risco de desenvolver câncer de mama, a mastectomia preventiva pode ser uma opção viável. “Ela é recomendada em situações de alto risco para a ocorrência de câncer de mama, como por exemplo, em portadoras de mutações genéticas”. Além disso, Dr. Farret aponta que a medicina tem avançado muito no tratamento e detecção precoce da doença, especialmente na qualidade das imagens de exames como a mamografia e ressonância magnética, que continuam sendo ferramentas essenciais na luta contra o câncer de mama.
Fatores de risco
Entre os principais fatores de risco, Dr. Farret cita “obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool, fatores genéticos e terapias hormonais sem o devido acompanhamento”. Além disso, o histórico familiar também pode desempenhar um papel no desenvolvimento do câncer de mama, mas, Farret destaca: “Somente 10% dos casos possuem influência relacionada ao histórico familiar”, conta, reforçando a importância de consultas regulares, mesmo em mulheres sem antecedentes na família. Vale salientar que a incidência do câncer de mama aumenta progressivamente com a idade, sendo raro antes dos 35 anos e especialmente alta após os 50.
Tratamento precoce e opções
O diagnóstico precoce é crucial para aumentar as chances de cura. Dr. Farret explica que o estágio do câncer de mama é determinado por diversos fatores, como “o tamanho do tumor, o número de linfonodos comprometidos na região axilar e a presença ou não de metástase”. O tratamento depende do estágio em que a doença é detectada, e quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido. “Quanto mais precoce a detecção e o início do tratamento da doença, maiores as chances de cura, podendo a chegar a índices de 90% de cura nos estágios mais iniciais da doença”.
As opções de tratamento variam conforme o estágio da doença e as características individuais de cada paciente. Segundo Farret, “o tratamento do câncer de mama é muito individualizado, podendo a mulher ser submetida a cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia e, mais recentemente, à imunoterapia”. As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em tratamento local, que é a cirurgia e radioterapia (além de reconstrução mamária) e tratamento sistêmico que envolve a quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. Cada uma dessas abordagens tem suas indicações específicas, e a escolha é feita de maneira cuidadosa pelo médico responsável.
Efeitos colaterais e cuidados
O tratamento do câncer de mama, apesar de altamente eficaz, pode trazer alguns efeitos colaterais. Dr. Farret destaca que os mais comuns incluem “dores no corpo, náuseas, vômitos, diarreia, interferência na coagulação, na imunidade, queda de cabelo, entre outros”. O acompanhamento médico e o suporte adequado são essenciais para gerenciar esses efeitos.
Após o tratamento, os cuidados continuam. Manter hábitos saudáveis e controlar o peso são fundamentais para evitar a recorrência da doença. Além disso, o médico recomenda atenção especial ao membro superior do lado que foi submetido à cirurgia. “É importante evitar lesões de pele, coletas de sangue e aferição da pressão sanguínea nesse membro devido ao comprometimento dos vasos linfáticos causados pela abordagem cirúrgica da região axilar”, orienta.