Outubro Rosa: a superação de quem venceu o câncer de mama

Em celebração ao Outubro Rosa, a Rádio Ibiá Web trouxe à tona histórias de duas mulheres que venceram o câncer de mama e hoje reúnem suas experiências para conscientizar e encorajar outras pessoas. Rosemeri Matana e Dalva Kayser de Campos contaram suas trajetórias, ressaltando a importância da fé, da família e do autocuidado na luta contra a doença. A entrevista revela o profundo impacto do diagnóstico, a força necessária para enfrentar o tratamento e a mudança que o câncer trouxe às suas vidas. Em 2021, quando Rosemeri teve seu diagnóstico, o Ibiá a trouxe para o Estúdio para alertar outras mulheres sobre a importância do diagnóstico. Hoje, o Jornal conta sua história de superação!

“Um baque que desabou minha vida”
Rosemeri Matana, atualmente afastada de seu trabalho em um posto de gasolina, ainda está em tratamento, que se estenderá até agosto de 2026. Para ela, o caminho até o diagnóstico foi longo e cheio de desafios. Apesar de sempre realizar exames de rotina, um sintoma incomum foi o que a fez suspeitar que algo não estava bem. Em uma noite de maio de 2021, ela sentiu dor ao deitar e descobriu que sua mama estava inchada. Ao fazer o autoexame, Rosemeri desconfiou que poderia ser algo mais grave e decidiu procurar orientação médica.

Inicialmente, o diagnóstico foi equivocado, apontando para um cisto, o que a deixou insegura. “Eu senti que aquilo estava crescendo, então procurei outro médico, que me pediu uma biópsia com urgência”, relembra. O resultado confirmou que ela mais temia: um câncer raro e agressivo. “Foi um baque. Eu nunca suspeitei de nada. Apesar de ter casos de câncer na família, nunca foi de mama.” A partir daí, sua fé se tornou sua aliada. “Na hora o chão se abre, mas no momento conversei com Deus, disse que aceitava, mas pedi que Ele estivesse comigo em cada fase e ele esteve porque eu tive vários percalços no caminho. Encarei tudo como uma missão e segui em frente.”

A escolha de enfrentar

Dalva Kayser de Campos

Para Dalva Kayser de Campos, a descoberta do câncer também foi um choque. Aposentada após 25 anos de dedicação a cuidar de crianças em uma creche, ela encontrou um caroço na mama enquanto tomava banho. Era uma sexta-feira de agosto e o Dia dos Pais estava próximo, assim como a formatura de seu filho, que seria no dia seguinte. Tentando manter a calma para aproveitar o final de semana de comemorações, Dalva optou por esperar até segunda-feira para procurar ajuda médica.

“Quando descobri que era um carcinoma, tudo foi muito rápido. Logo após os exames, já marcaram a cirurgia e, em pouco tempo, passei pela mastectomia da mama esquerda”, conta. Depois de um tempo, ela também fez a reconstituição da mama. Para Dalva, aceitar o diagnóstico e encarar o tratamento foi um processo desafiador, mas inevitável. “Você tem dois caminhos: enfrentar ou desistir. Eu escolhi enfrentar, e para isso pedi a Deus muita força. Pedi primeiramente para Deus iluminar o meu caminho e os médicos que estavam me atendendo. Independente de religião ou crença, tu tem que ter alguma fé e saber que se tu está passando por isso tem algum motivo”, afirma. Dalva relembra a importância do conhecimento do corpo para a saúde. “O que me salvou foi eu ter me apalpado e sentido que aquilo estava diferente no meu corpo, porque aquilo não pertencia a mim”.

Amigas do Peito: a importância do grupo de apoio
Tanto Rosemeri quanto Dalva enxergaram na rede de apoio “Amigas do Peito” um espaço de troca, compreensão e acolhimento. Rosemeri relembra a importância de estar com pessoas que passaram pela mesma experiência. “No grupo, a gente troca histórias, dá força uma para a outra. É uma ajuda mútua que treina e faz com que nos sintamos informadas”. Dalva compartilha do mesmo sentimento. “Ali, podemos conversar com quem entende o que é passar pelo câncer. A troca nos dá perspectiva e motivação para enfrentar as dificuldades. A gente se apoia e se fortalece.”

Ambas continuam participando do grupo, mesmo após a cura, oferecendo apoio a novos integrantes e compartilhando suas experiências. Eles ressaltam que o grupo é um espaço para compartilhar momentos alegres e de comemoração, mostrando que o apoio mútuo é um componente essencial para a recuperação emocional e física.
Dalva diz que participar do grupo foi essencial para a mudança de vida. “Eu sempre fui muito tímida para me expressar. No grupo eu me senti mais segura, então comecei a ver as coisas mais pelo lado positivo”, pontua. Rosemeri afirma que compartilhar experiências com as outras mulheres do grupo é inexplicável. “Uma palavra, um relato de quem está passando por isso ou já passou é muito importante porque dá outra perspectiva e força para enfrentar”.

Rosemeri Matana

O tratamento: desafios e resiliência
O caminho até a cura foi cheio de desafios para ambas. Rosemeri teve complicações além do câncer: seu cateter cerebral e ficou preso entre o coração e as artérias, e ela ainda desenvolveu uma infecção bacteriana após a cirurgia. “Eu poderia ter morrido de outras causas, mas mantive a fé. É preciso estar sempre atento aos sinais do corpo e buscar uma segunda opinião, se necessário”, alerta ela. Ela também pontua que as sessões de quimioterapia por si só já debilitam muito a saúde. A perda de cabelo também foi muito desafiadora para Rosemeri, assim como a retirada da mama.

Dalva também passou pela mastectomia, seguida de sessões de quimioterapia. Porém, diferentemente de Rosemeri, que aceitou o diagnóstico de primeira, ela teve grande dificuldade de aceitação. “Pensava “por que comigo?, mas tive grande apoio de família e amigos e ali então eu fiquei mais forte”, pontua. Ela compartilha o impacto emocional do tratamento. “A perda de cabelo e a mutilação foram momentos difíceis, que abalam a autoestima. Mas eu mantive a força na minha fé. Cada etapa foi um passo para a cura.” Ambas comentaram que o tratamento é uma jornada que exige força e paciência, e que ser rodeada de pessoas que compartilham essa vivência fez toda a diferença.

A fé em Deus e o apoio familiar foram os alicerces fundamentais para que Rosemeri e Dalva superassem os momentos de maior vulnerabilidade. O apoio dos familiares também foi essencial para eles. Rosemeri conta que seus filhos sempre foram uma base forte. “Se eles choravam era longe de mim e eu me esforçava para não mostrar fraquezas a eles, eu estava bem, eu não tinha assinado minha sentença de morte”, diz. Dalva também enfatiza o apoio do marido e do filho.“Eles foram meus pilares. Me apoiaram e, assim, encontrei forças para continuar, porque no início eu quem chorava muito.”

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Um novo olhar sobre a vida
A experiência com o câncer trouxe uma nova perspectiva de vida para Rosemeri e Dalva. Eles afirmam que, após o enfrentamento da doença, passaram a valorizar mais os momentos simples. “Hoje, cada dia é uma vitória. Eu abro os olhos e agradeço, porque estou viva”, conta Rosemeri. Dalva também confirmou que a experiência mudou sua forma de ver o mundo. “Passei a valorizar as pequenas coisas, como o canto dos pássaros e o sol ao amanhecer. A vida se tornou mais preciosa. Não que tu não vai se preocupar com o futuro, mas a gente vive o dia de hoje.”

Ambas agora se dedicam a levar a mensagem de conscientização sobre o câncer de mama, especialmente durante o Outubro Rosa, enfatizando a importância do autocuidado e do exame preventivo. “A prevenção é fundamental. É preciso conhecer o próprio corpo, observar qualquer sinal e buscar ajuda sem medo”, recomenda Dalva. Rosemeri complementa: “Quanto mais cedo por descoberto, maior é a chance de cura. Procurar ajuda é o primeiro passo para vencer o câncer.”

Uma mensagem de esperança
Ao final da entrevista, Rosemeri e Dalva reforçaram a importância de campanhas como o Outubro Rosa e convidaram todas as mulheres a se informarem e realizarem exames de rotina. Eles enfatizam que o câncer de mama é uma doença silenciosa, mas que, se detectada precocemente, tem altas chances de cura. “O câncer não escolhe idade, então, é fundamental fazer o autoexame e realizar consultas regulares”, orienta Dalva. Hoje, Rosemeri e Dalva são verdadeiras embaixadoras da conscientização, trazendo esperança e encorajamento para outras mulheres. Ao compartilharem suas histórias, mostram que é possível vencer o câncer com fé, apoio e determinação, inspirando todos a lutarem pela saúde e pela vida.

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