Durante o Novembro Azul, uma campanha de conscientização sobre o câncer de próstata reforça a importância de hábitos saudáveis na prevenção e enfrentamento da doença. Em entrevista à Rádio Ibiá Web, a nutricionista Raquel Pereira e o educador físico Guilherme Flores discutiram o impacto da alimentação e da atividade física nesse contexto, desmistificando tabus e destacando orientações práticas para homens de todas as idades.
De acordo com Raquel Pereira, uma alimentação equilibrada é um dos pilares da prevenção do câncer de próstata. “O câncer de próstata é um dos mais comuns entre os homens, mas sabemos que muitos fatores de risco podem ser parcialmente modificáveis através de um estilo de vida saudável. A alimentação é uma parte essencial disso”, afirma.
Raquel explica que dietas ricas em vegetais, frutas, legumes e grãos integrais oferecem proteção contra o câncer devido ao alto teor de antioxidantes e nutrientes anti-inflamatórios. “Estudos mostram que uma alimentação baseada em plantas tem um papel muito importante na prevenção. Alimentos naturais e fontes de gorduras boas, como azeite de oliva, nozes e abacate, ajudam não só a prevenir o câncer de próstata, mas também outras doenças crônicas.”
Ela destaca ainda o papel do licopeno, um antioxidante presente no tomate. “O licopeno, associado à prevenção do câncer de próstata, é melhor absorvido quando o tomate está cozido e combinado com uma fonte de gordura boa, como o azeite. É uma pequena mudança, mas que faz muita diferença.” Embora os alimentos orgânicos sejam ideais para evitar pesticidas, Raquel reforça que o foco deve ser em um “prato colorido” e equilibrado. “Não precisamos de nada milagroso. O básico ainda funciona: comer mais alimentos naturais e evitar frituras e ultraprocessados já é um grande avanço.”
Exercício Físico: prevenção em movimento
Para o educador físico Guilherme Flores, o exercício é um “remédio natural” que beneficia a saúde de maneira geral e ajuda a reduzir significativamente o risco de câncer de próstata. “A ciência já provou que o sedentarismo está diretamente ligado ao desenvolvimento de diversas doenças, inclusive o câncer. Realizar 30 minutos de exercício diário, seja uma caminhada mais vigorosa, uma corrida leve ou musculação, pode prevenir e melhorar a qualidade de vida”, explica.
Guilherme também aponta um comportamento comum entre homens: o excesso de confiança na prática esportiva ocasional. “Muitos acham que jogar futebol no fim de semana compensa o sedentarismo. Mas quando isso vem acompanhado de churrasco e cerveja, o resultado é o contrário do esperado.” Ele destaca a importância de incluir o exercício na rotina. Para iniciantes, ele recomenda começar com treinos leves, como caminhar ou frequentar a academia duas a três vezes por semana. Já para quem busca os melhores resultados, a constância é fundamental: “O importante é adaptar o exercício ao estilo de vida do homem, de forma que ele se sinta bem e consiga manter a prática.”
Superando tabus e diagnosticando precocemente
Um dos desafios mais considerados por Guilherme foi o preconceito em relação aos exames preventivos. “Os homens ainda resistem ao exame de toque por conta de tabus. Mas é fundamental começar os exames a partir dos 40 anos para quem tem histórico familiar, e aos 45 para os demais. A prevenção salva vidas.” Raquel complementa: “Infelizmente, muitos só procuram ajuda quando os sintomas aparecem, mas o câncer de próstata pode ser assintomático por muito tempo. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para que o tratamento tenha um estágio positivo.”
A nutricionista confirma que, mesmo após o diagnóstico, o câncer não deve ser encarado como uma sentença de morte. “Mudanças no estilo de vida podem melhorar significativamente os resultados do tratamento. Uma alimentação saudável e exercícios físicos ajudam a reduzir complicações e aumentar a qualidade de vida.”
Durante o tratamento
No momento do tratamento, os pacientes enfrentam desafios como perda de apetite e fraqueza muscular. Raquel ressalta a importância de ajustar a dieta para atender às necessidades do corpo. “É comum que pacientes em terapia tenham aversão às carnes, então precisamos suplementar a proteína de outras formas, como ovos, leguminosas ou até suplementos específicos. O importante é manter o corpo nutrido para enfrentar o tratamento”, explica ela.
Mudanças radicais, porém, não são recomendadas. “A alimentação saudável deve ser uma transição gradual. Cortar todos os alimentos de uma vez pode gerar estresse emocional no paciente. Em vez disso, focamos no que pode ser inserido, como frutas, vegetais e gorduras boas. O processo precisa ser leve e adaptado.”
Guilherme acrescenta que, mesmo durante o tratamento, os exercícios leves podem ser realizados. “Caminhadas ou exercícios supervisionados ajudam na circulação sanguínea e evitam a perda de massa muscular. É como uma fisioterapia, que evolui conforme o paciente recupera sua força.”
Desempenho sexual e bem-estar
Outro tabu abordado foi a questão da saúde sexual no pós-tratamento. Guilherme tranquiliza os homens ao afirmar que é possível recuperar o apetite sexual e o desempenho com o tempo. “O exercício físico melhora a circulação sanguínea e ajuda a reduzir a obstrução das artérias. Junto com uma alimentação saudável, esses fatores perigosos para a recuperação sexual.” Conforme Raquel, a alimentação impacta diretamente nos níveis hormonais, como testosterona e dopamina. “Uma dieta equilibrada, rica em oleaginosas e antioxidantes, contribui para o bem-estar físico e emocional, fundamental para uma vida sexual saudável.”
Os especialistas encerraram uma conversa destacando a importância de pensar na saúde a longo prazo “Homens jovens, de 20 ou 30 anos, muitas vezes não se preocupam com o futuro. Mas o estilo de vida de hoje terá impacto direto na saúde aos 50 ou 60 anos”, alerta Raquel. “O Novembro Azul não é apenas sobre exames. É sobre mudar hábitos e construir uma rotina que garanta mais qualidade de vida no futuro”, finaliza Guilherme.
Pós-tratamento: recuperação e qualidade de vida
No período pós-tratamento, tanto a alimentação quanto o exercício são cruciais para a reabilitação. Raquel explica que a recuperação da massa muscular depende da ingestão de proteínas de qualidade e da prática regular de exercícios. “Frango, peixe, ovos e leguminosas são fontes excelentes. Além disso, evitar alimentos ultraprocessados e focar em opções naturais vai ajudar na recuperação do organismo”, orienta.
Guilherme, por sua vez, destaca a importância de buscar orientação profissional durante a retomada dos exercícios. “A progressão deve ser gradual, mas com o tempo, o paciente pode voltar a treinar normalmente. Temos exemplos de pessoas que, após vencerem o câncer, voltaram a correr maratonas e treinaram intensamente.”