No mês do psicólogo, cuide da sua mente!

Você sabia que no dia 27 de agosto é celebrado o Dia do Psicólogo? A psicologia é uma ciência relativamente nova, mas com raízes históricas profundas. No Brasil, o primeiro curso de psicologia foi estabelecido em 1953 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), e a profissão foi regulamentada oficialmente em 27 de agosto de 1962, com a promulgação da Lei 4.119. Desde então, a psicologia tem se consolidado como uma ferramenta essencial no desenvolvimento individual e social, atuando em diversas áreas da vida cotidiana.

Nas últimas décadas, a psicologia passou a ocupar um espaço cada vez mais significativo em diferentes esferas da sociedade. A psicóloga montenegrina Maria Paulina Hümmes Pölking, com mais de 30 anos de experiência, destaca que a profissão ampliou sua presença em escolas, empresas, creches, asilos, espaços coletivos, no trânsito e até no esporte. Ela ressalta a importância do trabalho do psicólogo na saúde mental, especialmente em situações de alta pressão, como evidenciado durante as Olimpíadas de Paris 2024. “A visibilidade do psicólogo como agente essencial para o bem-estar é uma conquista importante, que ajuda a desmistificar a prática e torná-la mais acessível à população”, afirma.

Maria Paulina Hümmes Pölking

Paulina observa que, assim como as pessoas buscam um dermatologista para problemas de pele ou um dentista para dores nos dentes, hoje elas também procuram psicólogos para lidar com sofrimentos emocionais ou bloqueios que afetam seu bem-estar. “A psicologia ajuda a identificar e tratar esses problemas, promovendo um maior desempenho humano e uma vida mais plena.”

Além disso, os pais estão cada vez mais atentos ao desenvolvimento emocional de seus filhos, buscando orientação e acompanhamento psicológico para prevenir problemas futuros. A psicologia, como ciência e profissão, continua a se expandir e a se adaptar às necessidades de uma sociedade em constante mudança. “A psicologia está, e deve continuar, a serviço do ser humano, ajudando a enfrentar os desafios da vida moderna com cuidado e habilidade,” destaca Paulina.

Desafios contemporâneos na psicologia
Apesar do crescimento e reconhecimento, a profissão ainda enfrenta desafios significativos. Paulina aponta que as demandas estão crescendo, especialmente no serviço público, onde o número de psicólogos ainda é insuficiente para atender às necessidades da população. Ela também alerta para a banalização da informação na era digital, onde o excesso de dados, muitas vezes não confiáveis, pode comprometer o sentir, que é um aspecto fundamental do ser humano. “A psicologia, portanto, precisa equilibrar o saber e o sentir, especialmente diante das pressões da sociedade atual”, ressalta.

Saúde mental x psicologia
A saúde mental é um tema central na prática da psicologia. Problemas como ansiedade, comportamentos autolesivos em adolescentes e transtornos alimentares como anorexia e bulimia são algumas das questões que mais preocupam os profissionais da área. Paulina enfatiza que “a saúde mental vai além da ausência de doenças, envolvendo o desenvolvimento das capacidades e do bem-estar das pessoas.” Ela também destaca a importância da abordagem multidisciplinar no tratamento de transtornos complexos, como depressão e distúrbios alimentares, o que representa uma evolução significativa no cuidado com os pacientes.

Sinais de alerta e a busca por ajuda
A psicóloga Paulina aconselha que as pessoas fiquem atentas aos sinais de que algo não vai bem, como a disposição, a vontade e as relações com os outros. Ela explica que tanto a tristeza quanto a depressão podem se beneficiar do tratamento psicológico, sendo que a depressão, por ser uma patologia, exige diagnóstico e tratamento específicos. “A capacidade de nomear e entender os sentimentos pode dar um novo sentido à dor,” destaca, enfatizando a importância da psicologia no processo de cura e desenvolvimento pessoal.

Conheça os principais transtornos mentais
Nos últimos anos, os problemas mentais têm se tornado uma questão de saúde pública urgente. O estigma que envolvia esses transtornos começa a ser superado, e a sociedade passa a entender a gravidade e a complexidade dessas condições. No entanto, o aumento da conscientização também revela um crescimento alarmante na incidência de distúrbios mentais, impulsionados por fatores sociais, econômicos e culturais. Entre os transtornos mentais mais comuns estão a depressão, a ansiedade e a esquizofrenia. Cada um desses distúrbios apresenta características distintas, mas todos compartilham um impacto profundo na qualidade de vida das pessoas.

Ansiedade
Os transtornos de ansiedade são muito comuns, presentes em cerca de 1 a cada 4 pessoas que vão ao médico. Eles são caracterizados por uma sensação de desconforto, tensão, medo ou mau pressentimento, que são muito desagradáveis e costumam ser provocados pela antecipação de um perigo ou algo desconhecido. As formas mais comuns de ansiedade são a ansiedade generalizada, a síndrome do pânico e as fobias, e são prejudiciais tanto por afetar a vida social e emocional da pessoa, como por provocar sintomas desconfortáveis, como palpitação, suor frio, tremores, falta de ar, sensação de sufocamento, formigamentos ou calafrios, por exemplo, e pelo maior risco de desenvolver depressão ou vícios pelo álcool e medicamentos.

É recomendada a realização de psicoterapia com o psicólogo, além de acompanhamento com o psiquiatra que, em alguns casos, poderá indicar o uso de remédios que aliviam os sintomas, como antidepressivos ou ansiolíticos. Também é orientada a realização de atividade física e, além disso, pode ser útil o investimento em métodos naturais ou atividades de lazer como meditação, dança ou yoga, desde que orientados pelo médico.

Depressão
A depressão é definida como o estado de humor deprimido que persiste por mais de duas semanas, com tristeza e perda do interesse ou do prazer nas atividades, podendo ser acompanhada de sinais e sintomas como irritabilidade, insônia ou excesso de sono, apatia, emagrecimento ou ganho de peso, falta de energia ou dificuldade para se concentrar, por exemplo. Para tratar a depressão, é indicado o acompanhamento com o psiquiatra, que irá indicar o tratamento de acordo com a gravidade do quadro e os sintomas apresentados. A principal forma de tratar a depressão é a combinação de psicoterapia com o psicólogo e uso de medicamentos antidepressivos prescritos pelo psiquiatra.

Transtorno bipolar
O transtorno bipolar é a doença psiquiátrica que provoca oscilações imprevisíveis no humor, variando entre depressão, que consiste em tristeza e desânimo, e mania, impulsividade e característica excessivamente extrovertida. Entenda como identificar e tratar o transtorno bipolar. O tratamento costuma ser feito com medicamentos estabilizadores do humor que devem ser recomendado pelo profissional.

Esquizofrenia
A esquizofrenia é o principal transtorno psicótico, caracterizado como uma síndrome que provoca distúrbios da linguagem, pensamento, percepção, atividade social, afeto e vontade. Este transtorno é mais comum em jovens, no final da adolescência, mas pode surgir em outras idades, e alguns dos sinais e sintomas mais comuns são alucinações, alterações do comportamento, delírios, pensamento desorganizado, alterações do movimento ou afeto superficial, por exemplo. É necessário o acompanhamento psiquiátrico, que indicará o uso de medicamentos. Além disso, é fundamental a orientação à família e o seguimento com outros profissionais da área de saúde, como psicologia, terapia ocupacional e nutrição, por exemplo, para que o tratamento seja completamente eficaz.

Transtornos alimentares
A anorexia nervosa é um dos transtornos alimentares mais comuns e se caracteriza pela perda de peso intencional, provocada pela recusa à alimentação, distorção da própria imagem e medo de engordar. Já a bulimia que também é relativamente frequente, consiste em comer grandes quantidades de comida e, em seguida, tentar eliminar as calorias de formas prejudiciais, como pela indução do vômito, uso de laxantes, exercício físico muito intenso ou jejum prolongado.

Os distúrbios alimentares são mais comuns em jovens, e têm sido cada vez mais frequentes pela cultura de valorização estética. Apesar da anorexia e bulimia serem os transtornos alimentares mais conhecidos, existem outros problemas relacionados à alimentação como a ortorexia, em que existe preocupação excessiva por comer alimentos saudáveis.

Não existe um tratamento simples para curar os transtornos alimentares, sendo necessário o tratamento psiquiátrico, psicológico e nutricional, e os medicamentos costumam ser indicados somente em casos de doenças associadas, como ansiedade ou depressão. Grupos de apoio e aconselhamento podem ser boas formas de complementar o tratamento e obter bons resultados.

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