Você já pensou na sua alimentação hoje? Em geral, muita gente faz as refeições sem pensar no que está ingerindo. Esta sexta-feira, 1° de outubro, é o Dia Mundial do Vegetarianismo, regime alimentar que exclui todo tipo de carne do cardápio e, por vezes, qualquer outro alimento de origem animal, como laticínios e ovos. O assunto, que ainda é um tabu para algumas pessoas, deve ser tratado com importância, mas também muito cuidado e atenção. A opção tem atraindo cada vez mais adeptos à busca por uma vida mais saudável ou em forma de protesto contra o abate de animais. Mas, afinal, você conhece os benefícios ao aderir o vegetarianismo? Denise Garateguy, nutricionista mestre em Saúde e Desenvolvimento Humano e especialista em Comportamento Alimentar, explica que sob o ponto de vista da saúde, ao se aderir ao regime o ganho é sobre os lipídeos sanguíneos. “Se retirarmos os alimentos de origem animal, estaremos ingerindo menos gordura saturada, o que ajuda muito a reduzir o colesterol ruim”, destaca.
Por outro lado, a nutricionista relembra que as proteínas de origem animal são de alto valor biológico, ou seja, completas, apresentam os aminoácidos em teores necessários à manutenção da vida e crescimento dos novos tecidos. “Então, pensar que proteínas de origem vegetal substituem por completo as de origem animal, é utopia. Porém, existem boas fontes de proteínas de origem vegetal que podem e devem ser usadas para que se tenha uma boa alimentação: vegetais de cor verde-escura, soja, feijão, lentilha, grão-de-bico e oleaginosas como nozes, castanhas e amêndoas”, ressalta.
Mas, não esqueça, apesar de importante escolha, virar vegetariano requer auxílio de um especialista. “É comum que ao retirarmos alimentos de origem animal, aumente-se o consumo de carboidratos. Aqui, vale a boa premissa do equilíbrio: necessitamos de todos os grupos alimentares.Tornar-se vegetariano requer acompanhamento profissional, para que, além de ajustar a alimentação de forma adequada, se possa acompanhar marcadores sanguíneos importantes para a saúde. Reforçando que carência e/ou deficiências nutricionais não raro passam despercebidas pelas pessoas, o que pode ser extremamente prejudicial à saúde”, explica a nutricionista.
Ela ainda relembra que quanto mais restrita a dieta, mais cuidado se deve tomar para obter todos os nutrientes necessários ao corpo. “Em dietas à base de vegetais, várias substâncias essenciais podem ficar em débito, ausentes ou pouco absorvidas. Incluem-se aí as proteínas de origem animal e seus nutrientes específicos, o ômega-3 e os ácidos graxos, ferro, zinco, cálcio e vitaminas D e B12”. Aliás, a B12 é uma vitamina encontrada apenas em carnes, peixes e manteiga, o que fica de fora da alimentação dos vegetarianos, por isso, quando necessário, se utiliza da suplementação de medicamentos, pois está relacionada à formação dos neurônios e tem importante atuação no sangue e metabolismo.
Saúde alinhada a uma nova filosofia de vida
A montenegrina Jaqueline Porto Menezes, 32, é vegetariana há sete anos e fez a escolha para seguir uma nova filosofia de vida. Ela conta que comer carne não era essencial em sua alimentação e a influência da sobrinha no vegetarianismo foi fundamental. “As primeiras duas semanas não foram fáceis. Foi um choque para o meu corpo, pois foi radical. Não parei de comer carne gradativamente, mas sim, da noite para o dia. Sentia fraqueza e vontade, principalmente quando sentia o cheiro de churrasco, mas fui firme em minha decisão e resisti”, relembra. Em um mês, Jaqueline já estava adaptada à nova forma de alimentação.
Hoje em dia, Jaqueline tem um cardápio vasto, ao contrário do que muitos possam imaginar sobre o vegetarianismo. “Gosto de comer muitas coisas, como hambúrguer vegetariano, massa com molho vermelho com proteína de soja, milho e ervilha, sopa de ervilha, lentilha, arroz e feijão”, exemplifica. Ela ainda conta que os churrascos em família e entre amigos já não são mais um problema. “Eu sempre levo a minha “carne vegetariana”. Costumo levar hambúrguer de cogumelos ou linguiça vegana. Assamos também alguns legumes temperados, como abobrinha, berinjela e pimentão”, destaca.
Jaqueline ressalta a importância da venda de produtos vegetarianos em estabelecimentos, como uma forma de não só de estímulo, mas ajuda a quem já segue o regime. “Atualmente os supermercados estão trazendo mais opções vegetarianas e veganas, que antes não havia. Consumo bastante proteína de soja, faço em forma de bife ou coloco em molhos. Faço até pastel com recheio de proteína de soja. Consumo steaks e nuggets veganos, tofu também. Consumo legumes diariamente”. Mesmo assim, como destacado pela nutricionista Denise, Jaqueline também toma suplemento vitamínico.
Além de seguir o novo modelo de vida, Jaqueline afirma que sempre tenta “plantar a semente” desta ideia em outras pessoas a sua volta. “Inúmeras pesquisas apontam como a redução no consumo de carne nos beneficia com menos desmatamento, poluentes, consumo de água, aquecimento global, entre outros. Também pelos animais, pois acredito que todo animal merece ser livre assim como nós. Mas, isso ainda é uma questão muito pessoal, cada um precisa sentir e seguir a vontade de mudar”, afirma. Ainda, ela deixa um conselho para quem tem interesse em tentar aderir ao vegetarianismo: conheça a campanha brasileira “Segunda sem Carne”.
Principais tipos de vegetarianismo
Ovolactovegetarianismo: utiliza ovos, leite e laticínios na alimentação;
Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na alimentação;
Ovovegetarianismo: utiliza ovos na alimentação;
Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação.