CERCA DE 130 pessoas de Montenegro e região são beneficiadas pela clínica
A Clínica Nefroclin celebrou, nessa quinta-feira, dia 20, seus 29 anos de atuação no tratamento de pacientes com doença renal crônica. Instalada no quinto andar do Hospital Montenegro (HM) Regional, a unidade atende diariamente 64 pacientes, de segunda a sábado, sendo 80% deles pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço é essencial para a população de Montenegro e região, evitando que os pacientes precisassem se deslocar para outros municípios, como ocorria antes da criação da clínica, em 1996.
A Nefroclin foi fundada para atender pacientes do Vale do Caí, Triunfo e Portão. Antes de sua criação, os pacientes renais enfrentavam deslocamentos freqüentes, principalmente para Porto Alegre, passando o dia em hospitais e clínicas, o que dificultava ainda mais o tratamento. Atualmente, entorno de 132 pessoas são atendidas na unidade, número que varia conforme ocorrem transplantes, transferências para outras cidades ou óbitos. Quando inaugurada, a clínica contava com 12 pacientes.
O tratamento de hemodiálise é um procedimento vital para quem tem insuficiência renal crônica. Três vezes por semana, durante quatro horas por sessão, os pacientes passam pelo processo de filtragem do sangue. Sem esse procedimento, as toxinas acumuladas no organismo podem levar à morte. Muitos pacientes chegam à clínica após atendimento emergencial, sem saber que possuem a doença.
Uma equipe multidisciplinar formada por cerca de 30 profissionais, incluindo os nefrologistas Nilo Hoefelmann e Cláudia Zene, além de nutricionista e outros especialistas, dedica atendimento e atenção a quem precisa. O vínculo entre equipe e pacientes se fortalece ao longo dos anos.
A sócia-gerente da clínica, Anna Ester Hoefelmann, destaca que os equipamentos utilizados são equivalentes aos dos grandes hospitais de Porto Alegre, como o Hospital Moinhos de Vento, por exemplo. Anna destaca que, apesar das dificuldades, a Nefroclin segue prestando atendimento ininterrupto. Ela reforça a importância da Clínica para a comunidade, pois garante acesso ao tratamento necessário para a manutenção da qualidade de vida dos pacientes renais da região.
Tratamento da água é prioridade na Nefroclin
A qualidade da água utilizada no tratamento dos pacientes é uma das principais preocupações da Nefroclin. O processo de purificação segue protocolos rigorosos, garantindo a segurança dos pacientes submetidos à hemodiálise. A clínica chegou a ser destaque no Programa Nacional de Segurança do Paciente na Diálise, instituído pela AMVISA, devido ao cuidado no tratamento da água.
Para ser utilizada na diálise, a água passa por um sistema de osmose reversa, que remove impurezas e substâncias químicas. O processo ocorre em uma sala específica, equipada com tanque e cilindros para filtragem e purificação. Metais pesados como chumbo, cobre e alumínio são eliminados, evitando complicações ósseas e hiperparatireoidismo nos pacientes, que realizam o tratamento de forma contínua.
A clínica realiza exames mensais para monitorar a qualidade da água, incluindo análises físico-químicas enviadas para laboratórios fora do estado. Além da estrutura técnica, a Nefroclin conta com profissional especializado no monitoramento e manutenção do sistema de tratamento da água. O controle rigoroso desse processo é essencial para garantir a segurança dos pacientes, alguns deles em tratamento na clínica há mais de 15 anos.
Desafios para manter atendimentos
Segundo relatos do nefrologista Nilo Hoefelmann e de Anna Hoefelmann, a Nefroclin enfrenta desafios para manter suas atividades diante da crise do sistema de diálise no Brasil, especialmente, sem apoio em nível de Estado.
Nilo ressalta que o cenário de diálise no país passa por um momento crítico, com dificuldades para viabilizar novas estruturas. A clínica foi montada em uma época em que isso era economicamente possível, mas, atualmente, não há condições de reestruturar ou expandir o serviço. Em outras regiões do Brasil, medidas vêm sendo adotadas para evitar que os pacientes fiquem sem atendimento, mas no Rio Grande do Sul não há uma política específica para garantir a manutenção das unidades existentes.
Apesar das dificuldades, a Nefroclin segue funcionando com a dedicação dos responsáveis e da equipe de funcionários.
Para o nefrologista, o sistema de saúde regional foi abandonado pelas autoridades. A incerteza sobre o futuro do serviço gera preocupação, pois, caso a clínica não consiga se manter, os pacientes terão dificuldades para acessar o tratamento.
Mesmo diante dos desafios, a equipe da Nefroclin segue trabalhando para garantir o atendimento. Anna afirma que vê o trabalho na clínica como uma missão, e a dedicação dos funcionários é fundamental para manter o serviço. O atendimento de pacientes exige esforço contínuo, e o comprometimento da equipe tem sido essencial para a continuidade da clínica. “Somos obstinados, teimosas e levamos isso como uma missão. Eu trabalho na área há quarenta anos. Eu tenho isso como uma missão. E é serviço muito importante na região” pontua Anna.
