Mastectomia total já não é uma realidade tão presente

A mastectomia total, ou seja, a retirada do seio, muito utilizada por décadas no tratamento do câncer de mama, ocorre menos nos dias atuais. E, mesmo quando é necessária, hoje a medicina dispõem de alternativas para minimizar esse impacto, reparando o corpo feminino e, com isso, auxiliando na recuperação psicológica. Já que as mudanças no corpo trazidas pela doença costumam ser duras de superar.

Hoje se utiliza mais da chamada cirurgia conservadora da mama, que consiste em uma ressecção parcial da mama associada à radioterapia complementar. Estudos têm comprovado que este tratamento apresenta uma sobrevida de anos livres da doença – o equivalente a ressecção total da mama.

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Tiago Borges, plástico foto: Reprodução internet

Essa boa notícia tem duas causas. A primeira é que, havendo um diagnóstico precoce, é admissível que se faça uma cirurgia que preserve o máximo possível da mama. E isso tem sido possível, seja pela evolução dos métodos de diagnóstico, acesso a exames e campanhas informativas e de conscientização. Por outro lado, conforme explica o cirurgião plástico Tiago Borges, apesar da forma de tratar ter mudado, se o câncer estiver em um estágio avançado, inevitavelmente haverá a necessidade de cirurgias menos conservadoras, como a retirada total da mama.

Outro motivo para que os casos de mastectomia total sejam percebidos pela sociedade em geral é que cada vez mais tem se optado pela reconstrução imediata da mama. “A reconstrução é realizada no mesmo dia da mastectomia e as pacientes não chegam a vivenciar a experiência de não ter uma mama”, diz Borges. São procedimentos chamados de “cirurgia oncoplástica”, ou seja, se refere a associação e o equilíbrio entre a cirurgia oncológica do tratamento do câncer, e a cirurgia plástica como preservação da estética.

Elas estão muito longe de ser a mesma coisa. “É um equívoco entender que a cirurgia puramente estética possa ser colocada na mesma caixa da cirurgia oncoplástica. As abordagens e objetivos são diversos. Na oncoplástica, sempre será priorizado o tratamento do câncer. O que não impede que a paciente e os cirurgiões possam obter resultados estéticos extremamente satisfatórios”, defende o especialista. Nem sempre a reparação ocorrerá em sequência, imediatamente após a mastectomia. Em alguns casos ela é deixada para um segundo momento, o que pode levar a um resultado estético menos favorável.

Obviamente, nem toda mulher precisa fazer essa reconstrução da mama. Algumas podem escolher não passar por mais um procedimento médico. Mas o importante é que elas saibam da possibilidade e conversem com seu médico, esclareçam dúvidas e façam a escolha de cada uma. Essa decisão precisa ser baseada no desejo, não em medos ou no desconhecimento.

Pelo SUS é possível realizar cirurgia oncoplástica?
Essa cirurgia reparatória é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, por envolver equipes multiprofissionais e requerer estruturas e aparatos específicos, não está disponível em hospitais menores e com precariedade de recursos. A oferta fica restrita a hospitais maiores, o que acaba criando filas de pacientes em aguardo, por muitos meses ou até alguns anos.

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