Chega o mês de outubro e não são raras as pessoas que correm para as academias para a conhecida “operação verão”. Buscando aumentar e delinear os músculos do corpo, muitos querem resultados rápidos e consideráveis, mas, neste processo, que é chamado de hipertrofia, são necessários alguns cuidados.
Profissional de educação física e instrutora de academia, Cristiane Guielcer identifica esta tendência. “Chega a época de verão e o pessoal enlouquece”, brinca. Ela afirma que a hipertrofia, atingida a partir de um treino de força para ganho de massa magra, leva em conta três fatores: treino, descanso e alimentação. “Se uma das três enfraquecer, quebra todo o processo.” Neste sentido, um acompanhamento profissional é imprescindível.
Um treino acompanhado leva em conta as particularidades do indivíduo, ao contrário dos disponíveis na internet, por exemplo. “Na academia tem o treino ideal. Se conversa, se conhece o dia-a-dia, se vê se tem alguma lesão”, indica Cristiane. Onde ela trabalha, uma avaliação física é oferecida para acompanhamento. Não necessariamente são precisos treinos com grande carga para atingir a hipertrofia.
Aliado aos exercícios, entra a questão da alimentação. Existe uma ideia de que cortar carboidratos e ter uma dieta rica em proteínas seria ideal para alcançar o aumento dos músculos. A nutricionista Denise Garateguy alerta que não é bem assim. É preciso um balanço. “É importante ressaltar que, se não houver disponível para o organismo uma fonte de energia rápida (provinda dos carboidratos), o corpo irá “roubar” energia dos músculos, o que significa exatamente o contrário do que se deseja”, aponta.
O alto consumo de proteínas também pode ocasionar sobrecarga renal, pois são os rins que precisam dar conta deste consumo. “Mais uma vez vamos falar, aqui, sobre equilíbrio de nutrientes”, frisa a profissional. Proteínas, carboidratos, gorduras e fibras, aliadas aos exercícios físicos, devem entrar neste balanço com o acompanhamento nutricional. Assim como na academia, as dietas devem conhecer as individualidades de cada um. “Seguir ‘dieta de revista’ ou ‘da internet’ pode colocar em risco a saúde das pessoas. Cada pessoa é única”, afirma Denise.
Resultados não são imediatos
A instrutora Cristiane Guielcer indica que essa aliança treino x descanso x alimentação deve ser muito bem regrada. “Tem que manter uma frequência e um cuidado do todo. Quem conseguir ir para a academia três ou quatro vezes por semana, com a alimentação e o descanso necessário, vai ver melhoras e o resultado poderá vir mais rápido. Mas não se pode dar um prazo”, explica. Segundo ela, aliado a estes fatores, a questão biológica da pessoa também interfere no trabalho de aumento dos músculos. Não é de uma hora para a outra que o corpo fica musculoso e definido.
CRÉDITO: Acervo Pessoal
Suplementos também devem ter acompanhamento
Embora não seja obrigatório, é consenso entre especialistas que a prescrição de suplementos alimentares deve ser feita por profissionais formados em nutrição. Nem sempre eles são necessários para o corpo e, em excesso, podem acabar trazendo problemas para a saúde. “Os suplementos serão essenciais se a dieta não for capaz de oferecer tudo o que o corpo necessita frente à atividade física a que está exposto”, ressalta a nutricionista Denise Garateguy.
Os Whey Protein, por exemplo, um dos mais conhecidos do mercado, são proteínas provindas do soro do leite. Como tais, se mal administradas, podem acarretar, de acordo com a profissional, além da já citada sobrecarga renal, no mau funcionamento do intestino pela redução de fibras e até em mau hálito. Consequências que reforçam a necessidade de um equilibro nesta administração.
Recorrer a anabolizantes é arriscado
Difícil falar em hipertrofia sem entrar na questão dos anabolizantes. Estes são hormônios sintéticos fabricados a partir da testosterona, o hormônio sexual masculino. Apesar de possibilitarem um aumento rápido dos músculos e na resistência do corpo, o seu uso trás diversas consequências para a saúde. Algumas bem graves. Aumento nos pelos do corpo e rosto, acne, queda de cabelo, engrossamento da voz, irregularidade nos ciclos menstruais, disfunções testiculares, como redução na produção de esperma; alterações comportamentais e de humor, impotência sexual, hipertensão e até ataques cardíacos podem vir a ser ocasionados. Com este tipo de uso, todo cuidado é pouco.
