Doença pouco debatida, a Fibromialgia se caracteriza por dor crônica em vários pontos do corpo, especialmente nos tendões e nas articulações. Se trata de uma patologia relacionada com o funcionamento do sistema nervoso central e o mecanismo de supressão da dor que atinge, em 90% dos casos, mulheres entre 35 e 50 anos, mas também pode ocorrer em crianças, adolescentes e idosos.
Camila Anversa, enfermeira coordenadora das Estratégias de Saúde da Família (ESFs) em Montenegro, explica que a fibromialgia age provocando fortes dores pelo corpo todo durante muito tempo, além de sensibilidade nas articulações. Muitas pessoas não têm conhecimento, mas o diagnóstico é clínico, feito através da história do paciente e de exame físico. Por isso, exames podem ser solicitados para descartar outro quadro que possam confundir o diagnóstico ou se somar ao quadro da doença.
Um ponto importante é que a fibromialgia não tem prevenção. Apenas alguns cuidados podem ser tomados para não desencadear crises e ajudar a amenizar as dores. Dentre eles está uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos. Camila afirma que o tratamento pode ser realizado com acompanhamento por médico clínico, através de uso de medicamentos que também amenizarão amenizar os sintomas. “A prática de exercícios físicos, alimentação saudável e sono adequado podem melhorar a qualidade de vida do paciente“, pontua.
A montenegrina Débora Ignácio, 41 anos, convive com a doença desde meados de 2010, e demorou ao menos três anos para descobrir. Ela destaca que a doença é psicossomática, ou seja, neste contexto, os sintomas físicos acabam se tornando uma consequência dos sintomas psicológicos. Ela conta que os primeiros sintomas foram os principais: dores difusas. Débora relembra que, inicialmente, com a rotina sempre corrida, pensava que os sintomas eram decorrentes de estresse e cansaço. “Como eu trabalhava muito, não queria me render que eu tinha algum problema de saúde. Continuei trabalhando e deixei de lado, mas tive enxaquecas que foram piorando, então procurei ajuda”, diz.
Débora não conhecia a fibromialgia, mas, após grande quantidade de exames para descarte de doenças realizados com um neurologista, descobriu que estava com a doença. Então começou seu tratamento, com muitas medicações. Com o quadro evoluindo e muitos pontos de dor, Débora precisou deixar o emprego. Ela relembra que uma das piores partes foi ter que iniciar na terapia com psicólogo e psiquiatra para entender que não tinha condições de seguir trabalhando. “É muito difícil a própria aceitação, porque eu tive que mudar toda a minha vida e a aceitação familiar, porque muitos acham que tu é a ‘Maria das dores’, mas não é isso. É muito sério e algo que te deixa impotente”, afirma.
Hoje, Débora segue em tratamento com medicação e acompanhamento com psicólogo, psiquiatra, médico da dor, reumatologista, nutricionista, endocrinologista e dois clínicos médicos para tentar manter sua qualidade de vida em meio às dores.
Carteirinha da fibromialgia
Os portadores de fibromialgia devem ter uma carteirinha de identificação que garante benefícios e atendimentos preferenciais. Em Porto Alegre, por exemplo, já é lei municipal que os portadores tenham cartão de prioridade, documento que garante prioridade no atendimento em empresas públicas e concessionárias. Débora destaca Taquari, São Sebastião do Caí, Gravataí, Canoas, Ivoti e Portão como alguns dos municípios que também já propõe a carteirinha aos fibromiálgicos.
Por isso, em Montenegro, a vereadora Camila de Oliveira, já envolvida na causa, promoveu uma reunião com a Secretaria de Saúde para propor a criação da carteirinha no município. Na oportunidade, foi estipulado que no próximo mês outra reunião deve ocorrer para debate de como funciona o processo nas demais cidades e então, o prazo para implementação da carteirinha ser definido.