Em todo o mundo, as principais causas de morte são as doenças cardiovasculares e a hipertensão arterial. Hoje, quando alguém verifica a pressão e tem resultado igual ou superior a 14 por 9 é que deve buscar por tratamento. Mas isso pode mudar, e a partir de uma pesquisa de âmbito nacional, coordenada pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). O estudo mostrou que o tratamento, quando iniciado ainda na fase de pré-hipertensão reduz drasticamente o risco de agravamento do quadro no futuro.
Batizado de “Prever”, o estudo mostrou, também, que a combinação de dois diuréticos, para o tratamento da pressão alta, é mais eficaz e mais barata que um dos medicamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Programa Farmácia Popular. Segundo os coordenadores do estudo, Sandra Fuchs e Flávio Fuchs, o Prever pode se tornar uma importante base para mudanças nas diretrizes nacionais e internacionais sobre hipertensão.
A pesquisa teve início em 2008, sendo o maior projeto já realizado sobre o assunto no Brasil. Ela é na realidade composta por dois estudos diferentes. O Prever-1 tratou de prevenção, enquanto o Prever-2 abordou o tratamento. No primeiro, os pesquisadores queriam descobrir se era possível prevenir a hipertensão utilizando medicamentos anti-hipertensivos em baixa dose. No segundo, eles investigaram se o tratamento anti-hipertensivo com diuréticos seria superior ao realizado com Losartana, medicamento hoje oferecido pelo Programa Farmácia Popular. “Nossas evidências mostraram que estamos passando da hora de rever as diretrizes sobre hipertensão”, conclui o professor Flávio Fuchs. “Nós estamos fornecendo os dados científicos. Agora é o momento de os governantes pensarem em políticas públicas de saúde”, complementou a professora Sandra Fuchs.
Participaram do projeto 21 centros de pesquisa, em geral ligados a universidades. Situados em dez estados, esses centros foram os responsáveis pela avaliação de mais de 18 mil voluntários. Ao final, cerca de 700 pessoas foram selecionadas para cada um dos estudos. “É importante que a comunidade tenha conhecimento desses dados, pois eles podem mudar a vida das pessoas”, afirma a presidente do Clínicas, professora Nadine Clausell.