Dor de cabeça: problema pode estar relacionado a outras doenças

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, 95% das pessoas têm dor de cabeça pelo menos uma vez na vida. Desse contingente, 70% das mulheres e 50% dos homens sofrem com o mal pelo menos uma vez ao mês. Ainda segundo a Sociedade, a dor de cabeça é a sétima doença mais incapacitante do mundo. Fernando Kowacs, coordenador do Núcleo de Cefaleia do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, destaca estatísticas que mostram que a enxaqueca é bastante frequente e compromete muito a qualidade de vida, afetando 15,2% da população brasileira adulta. “Em uma faixa etária entre 30 e 39 anos é o período em que as pessoas são mais afetadas pela enxaqueca. As mulheres chegam a ter uma prevalência de quase 30%”, acrescenta.

Fernando Kowacs, coordenador do Núcleo de Cefaleia do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento

Segundo o médico, a dor de cabeça é uma doença com prevalência alta e que atinge as pessoas principalmente na fase mais ativa da vida, quando estão construindo uma carreira e família, ou seja, quando têm uma série de responsabilidades. “Apesar disso, temos crianças com dor de cabeça, não é tão incomum assim, apesar da prevalência ser bem menor, de 6 a 8%”, afirma.

Dor de cabeça, ou cefaleia, é uma condição frequente, de intensidade variável e características distintas que pode ser classificada em primária e secundária. Pertencem ao primeiro grupo as que indicam a enfermidade e o sintoma, por exemplo, a do tipo tensional, enxaqueca e em salvas. Já no segundo, as que estão relacionadas com outras doenças, como sinusite, meningite, fibromialgia, anurismas, distúrbios oftalmológicos, entre outros. Kowacs explica que na infância e na terceira idade as cefaleias secundárias são bastante comuns. Já na adolescência e na fase de adulto jovem, tem-se uma maior prevalência das cefaleias primárias.

O médico salienta que a privação de sono e o estresse emocional podem contribuir para desencadear uma crise de dor de cabeça. Além disso, algumas pessoas com enxaqueca podem ter suas crises desencadeadas por álcool ou por algum tipo de alimento, não tendo relação pelo fato de os alimentos serem mais ou menos saudáveis. “Por isso, quando o paciente identifica algum alimento ou fator que é gatilho para crises, deve evitar”, destaca.

O diagnóstico dos diferentes tipos de cefaleia começa pelo levantamento da história do paciente e pelo exame clínico e neurológico com o objetivo de determinar as causas e as características da dor. Alguns exames de sangue e de imagem, como ressonância magnética, tomografia de crânio e eletroencefalograma podem ser necessários para estabelecer o diagnóstico diferencial.

Sinais de alerta
Kowacs pontua que uma das características mais importantes é o início abrupto e súbito da dor de cabeça. Estas, sempre devem ser investigadas, já que pode ser sinal de uma hemorragia intracraniana, por exemplo, ou de outras doenças. Outros sinais de alerta destacados pelo médico são dor de cabeça nova em um paciente que tenha câncer diagnosticado; em um paciente que tenha HIV ou até uma dor de cabeça que só aumenta. A doença de alterações como febre, rigidez de nuca e alterações no exame neurológico também são sinais que podem indicar gravidade. “Uma dor de cabeça que inicia após 50 anos também é sinal e deve ser investigada, porque doenças típicas dessa idade podem se manifestar com dor de cabeça”, conclui.

Prevenção e tratamento
Kowacs explica que quando ocorre dor de cabeça causada por outras doenças, deve-se pensar em tratar a doença de base. Mas, ao mesmo tempo, têm que se usar analgésicos para controlar a dor de cabeça, que é o sintoma dessa doença. No caso das cefaleias primárias os tratamentos são diferentes. Na do tipo tensão costuma-se usar analgésicos comuns. “Podemos usá-los combinados com cafeína ou antiinflamatórios para tratar as crises. Também se podem usar alguns medicamentos para prevenir as crises, como os antidepressivos antigos em doses baixas”, diz.

Já em relação à enxaqueca, existem vários medicamentos preventivos. “Quando o paciente tem de três a quatro crises mensais, já se pode pensar em um tratamento preventivo”, pontua. Kowacs explica que vários medicamentos podem ter um efeito preventivo para a enxaqueca, desde medicamentos usados para outras doenças, como cardiológicas, antidepressivos e usados para epilepsia. “Eles serão escolhidos de acordo com o perfil de eficácia de efeitos colaterais”. As crises de enxaqueca também respondem a medicamentos específicos. “Não se deve deixar a crise de enxaqueca se instalar, já que a eficácia sempre vai ser maior se o remédio for tomado precocemente”, alerta.

A cefaleia em salvas tem as suas crises tratadas com inalação de oxigênio em altas doses e alguns medicamentos que também são usados para enxaqueca, mas são administrados de forma subcutânea. Para prevenção, são medicamentos bem diferentes dos usados para enxaqueca e cefaleia do tipo tensão. É utilizado carbonato de lítio e um medicamento cardiológico.

Locais de dores

Últimas Notícias

Destaques