Doenças respiratórias: múltiplas maneiras de prevenção

As doenças respiratórias, como o próprio nome indica, são aquelas que afetam as estruturas e os órgãos que fazem parte da região respiratória. Esses distúrbios causam inflamações e irritações que provocam a obstrução das vias aéreas, de forma a dificultar a passagem do ar e impedir a respiração completa. Elas podem afetar indivíduos de todas as idades e são provocadas tanto pelo estilo de vida do paciente, quanto pela má qualidade do ar ou mesmo por fatores genéticos.

Adalberto Sperb Rubin, chefe do Serviço de Pneumologia da Santa Casa de Porto Alegre relembra que tratar do assunto logo na entrada do Outono é de extrema importância, já que as épocas mais geladas são difíceis para quem lida com algum problema respiratório. Segundo ele, a piora ocorre principalmente pelas trocas climáticas. “O organismo demora a se adaptar às novas temperaturas e umidade. O frio por si só irrita o aparelho respiratório. Sem contar que pessoas com frio ficam mais fechadas em ambientes não arejados, o que facilita a contaminação por germes e bactérias”, destaca.

Adalberto Sperb Rubin, chefe do Serviço de Pneumologia da Santa Casa de Porto Alegre. Foto: arquivo pessoal

O profissional lembra que a doença pulmonar afeta o consumo de oxigênio. “Se o pulmão está funcionando mal, a pessoa não vai capturar o oxigênio, que é a gasolina do organismo. Isso vai danificar tecidos e impedir que o organismo funcione de maneira adequada”, destaca.

Todos os dias, as vias respiratórias humanas estão expostas a uma grande variedade de partículas microscópicas e agentes perigosos que não costumam ser visíveis a olho nu. Além disso, também existem os riscos de contaminação causados por vírus e bactérias. O motivo mais comum para surgimento de uma doença respiratória é o contato com pessoas já contaminadas, como com gripe e Covid-19. A perda de imunidade também possibilita o surgimento. Vale relembrar que, além das causas externas, as doenças respiratórias também podem ser genéticas. O exemplo mais comum desse tipo de situação é a asma.

Adalberto pontua que o tabagismo é uma condição muito favorável para o aparecimento de alguma doença respiratória. Isso porque o cigarro apresenta centenas de substâncias nocivas que vão enfraquecendo constantemente o sistema respiratório. Ainda, a má qualidade do ar exerce influência direta, já que gases poluentes, quando inalados, podem causar diversos distúrbios pulmonares.

Por isso ácaros e fungos, encontrados principalmente em ambientes domésticos como colchões, travesseiros, tapetes e brinquedos de pelúcia são verdadeiros inimigos da respiração. Existem pessoas muito sensíveis a estas partículas minúsculas que desenvolvem reações alérgicas. Os fungos são mais encontrados em ambientes úmidos e fechados como porões, banheiros e armários e desencadeiam episódios de rinite, bronquite, asma e até mesmo pneumonia. Ainda, os próprios animais de estimação são agentes alérgenos muito comuns, principalmente seus pelos, saliva e urina.

Agudas X Crônicas
Enquanto existem patologias de fácil tratamento, outras podem ser crônicas e exigir acompanhamentos mais longos, que em certos casos podem durar toda a vida. Por isso, as doenças respiratórias são divididas entre crônicas e agudas. As agudas começam rapidamente, demandam um tratamento curto e podem ser curadas em até três meses. Segundo Adalberto, essas são geralmente infecciosas ou alérgicas, muito prevalentes durante o Outono e Inverno. É importante lembrar que muitas vezes as doenças respiratórias agudas podem se tornar crônicas dependendo do estado de saúde da pessoa ou se ela não realizou o tratamento corretamente. Dentre as principais, destacam-se a gripe, faringite, pneumonia, bronquite aguda e até mesmo a Covid-19.

Fotos: freepik

Já as crônicas iniciam gradualmente, exigem medicamentos e tratamentos prolongados e duram mais de três meses, podendo até durar toda a vida. Estas afetam geralmente estruturas do pulmão. Pessoas que fumam, as mais expostas à poluição do ar/poeira e alérgicas tem mais riscos de desenvolver esses tipos de doenças. Alguns exemplos são a rinite ou sinusite crônica, asma e tuberculose.

O tratamento da infecção respiratória depende da sua causa e da gravidade. Alguns dos tratamentos mais frequentemente usados para doenças respiratórias são medicamentos como antibióticos, corticosteróides e broncodilatadores.

Diversas maneiras de prevenção
Os sintomas das doenças respiratórias costumam ser muito comuns, como obstrução nasal, falta de ar, tosse seca, febre, coriza e dor de garganta. Adalberto Sperb Rubin destaca que o primeiro passo para prevenção das doenças respiratórias é a vacinação contra gripe e até mesmo contra a Covid-19. Além disso, existe a vacina antipneumocócica conjugada 13-valente (VPC13), que previne cerca de 90% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) em crianças.

Ainda, há uma série de cuidados que você pode ter para evitar não apenas o aparecimento de várias doenças respiratórias, como também crises.

Evite aglomerações e locais fechados
Frequentar ambientes com muitas pessoas, especialmente se for um local sem muita circulação de ar, torna mais fácil a contração de infecções respiratórias, pois são locais propícios à proliferação de micro-organismos. Desta forma, é comum adquirir estes tipos de infecções em locais como escolas, asilos, shoppings, festas ou no trabalho, pois costumam conter maior número de pessoas em locais fechados. Por isso, para evitar as infecções das vias aéreas, recomenda-se manter o ambiente arejado, ventilado e iluminado, de forma a reduzir o acúmulo de micro-organismos.

Lave bem as mãos

É importante lavar as mãos com sabonete antisséptico e antibactericida. Afinal, a maioria das doenças respiratórias surge quando os agentes entram em contato com as vias aéreas. Muitos vírus e bactérias são transmitidos indiretamente pelas mãos e acabam contaminando o nariz, a boca e o trato respiratório. Utilize álcool em gel quando não puder lavá-las.

 

Respire corretamente e cuide do seu nariz
O ideal é respirar pelo nariz e evitar inspirar pela boca. Isso porque o ar que passa pelas narinas é filtrado, desse modo, as chances de entrada de substâncias nocivas presentes no ambiente são reduzidas. Além disso, lave o nariz com regularidade e aplique soluções de soro fisiológico para mantê-lo úmido.

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Tenha uma boa alimentação e hidratação
Alguns alimentos são responsáveis por manter o sistema imunológico forte e evitar a queda da imunidade. Regrando sua alimentação com alimentos frescos, ricos em nutrientes e distribuindo esses alimentos em sua rotina, você ajuda o seu sistema respiratório e elimina as chances de ser contaminado por vírus e bactérias.

Frutas cítricas como goiaba, laranja, acerola e tangerina são ricas em vitamina C e turbinam a imunidade prevenindo gripes, resfriados e infecção nas vias respiratórias. A linhaça atua como emoliente sobre as mucosas, aliviando sintomas de problemas respiratórios. Ainda, o gengibre é um antioxidante e anti-inflamatório potente. O alho, por sua vez, combate infecções por bactérias, fungos e vírus. Por fim, beba bastante água, pois este simples ato ajuda a combater gripes e resfriados.

Não fume
Como dito anteriormente, o tabagismo é um “prato cheio” para o surgimento de doenças respiratórias, por causar inflamação nas vias aéreas, irritação na mucosa e redução dos mecanismos de proteção. Por isso, não fume. Ainda, se você é fumante e não tem conseguido parar com o hábito, não fume perto de crianças. Mesmo quem não fuma pode desenvolver problemas respiratórios se tiver contato direto com fumantes, o que acontece especialmente com crianças, já que seu sistema respiratório ainda está em desenvolvimento. Lembre-se: o público infantil sofre mais com as crises e pode desenvolver episódios crônicos.

Pratique atividades físicas
Na maioria dos casos, pacientes com problemas respiratórios acabam deixando de praticar atividades físicas por conta do cansaço e da fadiga. No entanto, a adoção de um estilo de vida sedentário tende a agravar os sintomas. Com a prática de exercícios, é possível fortalecer as vias respiratórias e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Natação, caminhada e o uso da bicicleta são boas opções.

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