Dia Mundial Sem Tabaco: não seja escravo do vício

Maria Estella de Marchi sentiu na pele os efeitos do tabaco e conseguiu dar a volta por cima

Quase dez anos. Este é o tempo que Maria Estella de Marchi, de 61 anos, passou fumando cerca de uma cartela de cigarro por semana. O motivo? Influência dos amigos do ensino médio e faculdade, o modismo. Esta é a realidade não apenas de Maria, mas de muitos jovens e também adultos nos dias atuais. Considerado um dos maiores fatores de morte evitável e de doenças crônicas não transmissíveis, tais como doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer, o tabagismo causa inúmeros outros danos ao organismo. Mas, por incrível que pareça, não foi por todos esses problemas causados pelo tabaco que Maria parou de fumar.

Ela conta que foi quase forçada a parar com o hábito, que cada vez mais se tornava um vício. “Eu parei devido a tratamentos médicos que tive que fazer. Eu ficava internada em clínicas psiquiátricas onde não era permitido cigarro. Parei forçosamente, porque se não eu tinha fumado até hoje”, admite. “Não foi fácil. Eu enfrentei um período de abstinência muito forte”, relata. Maria relembra que para conseguir se desvencilhar do tabagismo, teve que substituí-lo por outras coisas, que a deixavam mais calma. “A partir daí eu me apeguei ao chimarrão, café e até outras coisas que substituem o cigarro”, afirma.

Para ela, deu tempo de largar de vez os cigarros pela força de vontade e também porque ainda não fumava tanto diariamente. “Deu tempo de eu cair fora do vício. Eu acho que se eu continuasse naquele ritmo, eu teria continuado até hoje. Se eu não tivesse tido a consciência de que estava errada, eu tava nisso até hoje”, desabafa.

“Eu não entendo como algum dia eu já fui escrava assim”
Maria, hoje em dia, está no asilo Mãos de Deus e relata o sentimento ao ver algum fumante no mesmo local. “Eu vejo gente indo fumar na rua e penso ‘que escravos eles são’. Eu tenho essa consciência, porque se uma pessoa se deixa dominar pelo vício, ela é escrava”, alerta. Ela conta que há alguns anos a vontade de fumar já não é parte de sua vida. “Eu não entendo como algum dia eu já fui escrava assim. Eu acho que se escravizar desta forma é muito prejudicial.”

Maria conseguiu largar totalmente o vício, mas no início da jornada, recaídas eram comuns e o processo foi longo. Por cerca de um ano, ela ainda insistia na compra de cigarros. “Eu cheguei a comprar de novo, mas depois não consegui fumar a carteira toda. Eu fumei alguns cigarros e peguei nojo. Aí abandonei e não procurei mais”, relata.

Com experiência vivida na pele, Maria aconselha: quem ainda não fumou cigarro, não experimente. “Evitem o máximo possível. Depois que a gente experimenta, adquire um gostinho. Até uma sensação de falso poder, isso que o cigarro faz. Pensando em todo mal que o cigarro traz às pessoas é preciso pôr na balança. Não vale a pena para o bolso, para a saúde, e nem para uma porção de coisas. Nem mesmo para o convívio social”, destaca.

Parar de fumar traz inúmeros benefícios
A estimativa é de que o tabagismo poderá causar um bilhão de mortes no século 21. Já são mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo e mais de 156 mil óbitos/ano no Brasil. No entanto, é possível reduzir esses riscos e ainda ganhar anos de vida.

Médica oncologista e pesquisadora da Oncoclínicas RS, a Dra. Ana Gelatti destaca que parar de fumar melhora a autoestima e traz benefícios de curto e de longo prazo, tanto à saúde pessoal, quanto para aqueles que convivem com os fumantes. A interrupção do tabagismo contribui para melhorar o rendimento profissional e reduz as abstenções, seja no trabalho ou na escola, devido a problemas de saúde. “Além disso, reduz os custos familiares, públicos e da assistência suplementar com o diagnóstico e tratamento das doenças relacionadas ao tabaco. Mas mesmo o ex-fumante deve manter-se atento aos exames preventivos do câncer para evitar eventuais efeitos posteriores do tabagismo”.

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