Crise nos hospitais de Canoas deixa pacientes do Vale do Caí sem atendimento

Traumatologia, ortopedia, neurologia, cardiologia e outras especialidades estão com fila de espera

As lideranças do Vale do Caí buscam uma solução para o atraso no atendimento de média e alta complexidade de várias especialidades médicas que dependem dos hospitais do município de Canoas, os quais são referência para a região. Os hospitais enfrentam grandes dificuldades financeiras por falta de repasses da Prefeitura de Canoas. Com isso, estão atrasados exames, consultas e cirurgias. Pacientes estão esperando há vários meses por procedimentos urgentes.

Uma nova reunião está prevista para esta quinta-feira, 6 em Canoas. Na quinta-feira passada já ocorreu um encontro, na mesma cidade, com a presença de prefeitos e secretários de saúde vinculados à Associação dos Municípios do Vale do Caí (AMVARC). A reunião foi com o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, em busca de soluções imediatas. A coordenadora regional de Saúde, Ane Natal, também compareceu. Ao argumento da falta de recursos, os secretários destacaram que o Estado e a União repassam a Canoas verbas para atender as cidades da região na Média e na Alta Complexidade.

O prefeito Gustavo Zanatta, que esteve na reunião acompanhado da secretária municipal de Saúde, Andreia Coitinho da Costa, ressalta que os problemas enfrentados por Canoas na gestão da saúde afetam diretamente a população da região. “Hoje estamos com uma demanda reprimida imensa de pessoas que necessitam desses atendimentos”, lamenta.

As áreas em que são registrados os maiores problemas são Traumatologia, Ortopedia de alta complexidade, Neurologia, Cardiologia, Neurocirurgia, Cirurgia Vascular, Ortopedia Pediátrica, Gestação de alto risco, Ortopedia de coluna, Ortopedia de joelho, Ortopedia de mão, entre outras. “Só na área de Cirurgia Vascular, nossa demanda reprimida é de 266 pacientes e estamos conseguindo agendar apenas um por mês. Já na Ortopedia Pediátrica, em junho, não tivemos disponibilidade de nenhum agendamento”, revela a secretária Andreia.
Como resultado do encontro, foi criado um grupo de trabalho, composto pela equipe da Secretaria de Saúde de Canoas e três secretários de Saúde da região da Amvarc, entre eles Andreia. O objetivo é participar da pactuação de medidas que visam minimizar os problemas para os usuários.

O presidente da Amvarc e prefeito de Barão, Jefferson Schuster Born, o “Biriba”, espera que através do grupo de trabalho se consiga encontrar uma solução. Ele cita que o prefeito de Canoas reconhece a baixa produtividade, diante da grande demanda, mas prometeu resolver o problema. Entretanto, tem a situação financeira, com a crise atrasando os serviços. “Esperamos ainda em julho um avanço com relação a esses atendimentos”, frisa “Biriba. Ele cita ainda a questão da licitação dos serviços médicos, que foi dado mais 60 dias de prazo para a contratação emergencial.

Traumato no HM
Permanece ainda a expectativa com relação à volta dos atendimentos de traumatologia e pediatria de média complexidade no HM Regional. Em abril deste ano, com a presença da secretária estadual da saúde, Arita Bergmann, ocorreu uma reunião de prefeitos, secretários de saúde e demais lideranças, na Câmara de Vereadores de Montenegro, para acertar a volta do serviço para beneficiar 14 municípios da região. O atendimento no HM, nestas especialidades, está suspenso desde o fim do ano passado. Desde então pacientes aguardam por leitos em hospitais de Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul, gerando sofrimento e transtornos.

A expectativa era de retomada do atendimento no HM em um mês. Entretanto, as Prefeituras ainda estão analisando a minuta encaminhada pela direção do hospital há cerca de dez dias. Na ocasião, foi realizada uma reunião entre prefeitos e secretários da saúde. O diretor técnico do HM, Jean Ernandorena, diz que o contrato já foi confeccionado e repassado aos municípios para avaliação e assinatura. E o HM aguarda o retorno. “Iremos pedir aos municípios informações sobre o andamento da assinatura do contrato”, afirma. “Estamos finalizando a minuta, com alterações do convênio que foi proposto pelo hospital. Tão logo a assessoria jurídica conclua vamos encaminhar ao HM para avaliar e poderemos assinar”, informa o presidente da Amvarc.
Pelo que já tinha sido acertado na reunião em Montenegro, cada município deve repassar o equivalente a 77 centavos por habitante. Montenegro, por exemplo, deve pagar cerca de R$ 50 mil mensais. Será uma coparticipação, já que deverá ter também o repasse de R$ 70 mil do Estado.

Ainda não existe previsão para a volta da traumato-ortopedia ao HM. Além do convênio com os municípios, terá de ser alterado o contrato com o Estado. Pelo que foi informado, deverá ser oferecido um mínimo de 240 consultas e 30 cirurgias ao mês, número que poderá ser ampliado de acordo com a demanda.

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