Algumas informações, de tão repetidas, às vezes dão a impressão de que já estão assimiladas pela população em geral. É o caso do preservativo. Dezenas de campanhas já foram feitas pelo Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais, além de ONGs. Por um tempo acreditou-se que seu uso já se tornara um hábito, pelo menos entre as gerações mais jovens. Pois sem querer, uma nova campanha nacional provou que não é bem assim. Sua importância não parece ter sido completamente entendida.
A drag queen e cantora Pabllo Vittar fez uma parceria com o Ministério da Saúde e estrela uma campanha pelo uso do preservativo. A camisinha também aparece em “Corpo Sensual”, clipe mais recente de Pabllo. O curioso é que parte dos comentários a respeito do clipe e da campanha nas redes sociais não se dá pela ação, mas sim por questionamentos de parte do público que afirmam ela ser desnecessária a Pabllo por não ser possível uma gestação. Comentários como “Para que camisinha se a Pabllo Vittar não engravida?” alertam para a ideia errada – e ainda presente – de que camisinha é apenas um método contraceptivo.
Já passou da hora disso mudar. A camisinha é um dos métodos mais seguros para a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, as DSTs, como sífilis, clamídia e gonorreia. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 56,6% dos brasileiros entre 15 e 24 anos usam camisinha com parceiros eventuais. Um risco para a disseminação de muitas enfermidades e que pode ajudar a explicar o aumento nas doenças sexualmente transmissíveis registrado no Brasil.
Considerando apenas o HIV, na última década, o índice de contágio mais que dobrou entre jovens de 15 a 19 anos, passando de 2,8 casos por 100 mil habitantes para 5,8 casos. Já na faixa etária entre 20 a 24 anos, chega a 21,8 casos a cada 100 mil habitantes.