Projetos do Hospital Moinhos de Vento reduzem filas e ampliam acesso à saúde
A partir de 2019, médicos brasileiros poderão realizar uma série de atendimentos à distância, como consultas, cirurgias e diagnósticos. É a chamada telemedicina, que conecta pela internet os profissionais aos pacientes, que podem estar separados por milhares de quilômetros. A regulamentação do uso dessas tecnologias foi feita pela Resolução 2.227/18, publicada esta semana pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
A medida, que entrará em vigor em maio, possibilitará a expansão dessas inovações no Sistema Único de Saúde (SUS), beneficiando milhões de pessoas em todo o país, permitindo acesso mais rápido a especialistas e reduzindo filas de atendimento. Exemplos de eficácia dessa tecnologia têm sido obtidos no Rio Grande do Sul, através de projetos desenvolvidos pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
A instituição, em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), conecta especialistas com profissionais de outras partes do Estado e do país em duas frentes. Implementado em novembro, o serviço de Telemedicina em UTI Pediátrica (TeleUTIP) é um projeto inédito no Brasil. Da capital gaúcha, uma equipe médica acompanha pacientes do Hospital Geral de Palmas (TO) e do Hospital Regional Norte, de Sobral (CE).
De segunda a sexta, médicos e enfermeiros fazem rounds com os colegas distantes a mais de 2 mil quilômetros, discutindo diferentes casos de pacientes pediátricos em terapia intensiva. Desde o início das atividades, foram realizadas mais de 600 avaliações, em especialidades como infectologia, radiologia e neurologia. “Em poucos meses de projeto, conseguimos reduzir o tempo de internação de nove para seis dias. Isso representa a geração, no Sistema Único de Saúde, de 380 internações a mais por ano, nos 19 leitos incluídos na iniciativa”, destaca Felipe Cabral, coordenador dos projetos de telemedicina do Hospital Moinhos de Vento.
Além do TeleUTIP, o Hospital também introduziu essa tecnologia de forma pioneira na área de oftalmologia, com o projeto Teleoftalmo – Olhar Gaúcho. Lançada em 2017, a iniciativa é uma parceria entre a instituição com o Ministério da Saúde, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, prefeituras municipais e o Telessaúde RS-UFRGS.
Por meio de dois consultórios remotos no Hospital Restinga e Extremo-Sul, em Porto Alegre, são beneficiados pacientes da capital gaúcha e das cidades de Santa Rosa, Farroupilha, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo e Santiago. Até dezembro de 2018, foram realizados 12.029 atendimentos.
Além disso, mais de 6.300 óculos foram fornecidos, sem custo aos cidadãos. “Ao contrário do que alguns podem pensar, a distância não prejudica a qualidade do atendimento. O que constatamos é o aumento da rede de cuidado e da atenção com cada paciente. São mais especialistas envolvidos e preocupados em buscar a melhor solução, de forma ágil”, avalia Felipe Cabral.
Para o médico, a resolução do CFM trará grandes avanços para a saúde da população. “Pela internet, essa inovação ampliará ainda mais o atendimento médico no país e o compartilhamento de conhecimentos entre os profissionais. A telemedicina, por sua eficácia, aproxima e salva vidas”, conclui.