Água quente, ferro de passar, produtos químicos, eletricidade, fogueiras. São muitos os fatores que podem provocar queimaduras em diferentes graus. Segundo a Associação Brasileira de Queimaduras (ABQ) cerca de um milhão de brasileiros sofrem este tipo de acidente todos os anos. Deste número, aproximadamente 100 mil pessoas precisam de atendimento hospitalar, o que o torna um agravo na saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, as queimaduras são a segunda maior causa de hospitalização por motivos acidentais em nosso país.
A dermatologista montenegrina Raquel Bozzetto Machado destaca as queimaduras físicas, químicas, elétricas e biológicas. Ela explica que as queimaduras físicas são causadas por um agente de calor ou frio, como fogo, água quente, neve, ou radiações, como o sol. Já a queimadura química ocorre por uma substância que, em contato com a pele, faz uma reação química que determina o dano celular, por exemplo, os ácidos e outras substâncias corrosivas. Já a queimadura elétrica ocorre por meio de uma corrente elétrica que, em contato com a pele, gera calor e dano celular. Ainda, destaca a queimadura biológica, causada por animais como água-viva e lagarta, e por plantas como a urtica.
Além disso, ainda existem os graus de queimadura, sendo classificados em primeiro, segundo e terceiro grau, de acordo com a profundidade atingida da pele. Raquel salienta que a de primeiro grau atinge a epiderme, camada mais superficial da pele. “Caracteriza-se por vermelhidão da pele e intenso ardor, porém não forma bolhas”, afirma. A de segundo grau se estende até a derme. “Provoca dor intensa, edema local, bolhas e pode deixar cicatrizes como manchas.” Já a de terceiro grau é caracterizada pelo acometimento total da pele, chegando até a gordura ou musculatura, formando crostas e ulcerações na área acometida. “A cicatrização é mais demorada e geralmente deixa cicatrizes mais endurecidas”, destaca.
Você sabe quais são os primeiros socorros?
O Comitê Brasileiro das Ligas do Trauma (CoBraLT) destaca uma série de ações que podem ajudar a evitar acidentes por queimadura, como cuidados com líquidos quentes, com instalações antigas em casa, longa exposição ao sol ou fumo em lugares indevidos, por exemplo. Mesmo assim, se ocorrer alguma queimadura, você sabe o que fazer? A dermatologista Raquel ressalta que sempre que houver uma queimadura, deve-se tentar minimizar o dano causado para que aquela lesão não seja tão extensa ou profunda.
A CoBraLT destaca que, em primeiro lugar, é preciso tentar manter a calma para, na ânsia de ajudar alguém ou se livrar das queimaduras, não prejudique a área queimada. Se for uma queimadura onde a roupa estiver em chamas, a vítima deve deitar e rolar no chão, na tentativa de abafar as chamas. Jamais deve sair correndo. Raquel complementa que deve-se interromper o processo de queimadura debaixo de água corrente fria, sem colocar qualquer outro tipo de produto sob o local. Já nas queimaduras físicas, Raquel pontua que deve-se remover a substância lavando com grande quantidade de água. O Comitê reafirma que não se deve utilizar agentes químicos neutralizantes. Se houver roupas grudadas na região da queimadura, não remova, apenas corte o excesso ao redor. A dermatolologista ainda alerta: sempre evite colocar gelo, manteiga, café, pasta de dente ou qualquer outra substância que não seja orientada por um profissional capacitado sobre a queimadura.
Após os primeiros socorros, Raquel afirma que uma vez a pele queimada, deve-se tratar o ferimento de acordo com a extensão e profundidade da lesão. “Nas queimaduras de primeiro grau, tratamento tópico com cremes que reduzam a inflamação local muita vezes é o suficiente”, pontua. Já se a queimadura é de segundo ou terceiro grau, é importante procurar atendimento médico para orientações e cuidados com a lesão. “Além da profundidade, também é muito importante determinar a extensão corporal atingida pela queimadura, ou seja, quantos por cento de superfície cutânea foi atingida, se atingiu regiões importantes como os genitais, a via respiratória, os olhos”, destaca.
No fim de ano: cuidado com os fogos de artifício
Os incidentes com fogos de artifício são muito comuns, principalmente em época de festas de fim de ano, onde as comemorações empolgam as pessoas que não pensam em tomar cuidados na hora do manuseio dos artefatos. Por isso, a dermatologista Raquel relembra que a atenção deve ser redobrada. Em primeiro lugar, atente-se para a procedência do material. “Compre em lojas autorizadas pelo Corpo de Bombeiros e leia as instruções do produto antes de usar.” Outra dica é evitar segurar o artefato diretamente com as mãos. “O ideal é usar algum suporte que fixe o artefato antes de acender”, afirma.
Sempre solte os fogos em locais abertos, longe de vegetações e de materiais inflamáveis. Ainda, jamais aponte para pessoas. Raquel aconselha que se o fogo falhar, você não deve tentar acender novamente. “Caso ocorra queimadura pelo fogo, resfriar imediatamente o local com água corrente e procurar atendimento médico”, orienta a especialista.