Uva daqui nasce cedo, mas demanda mais cuidados

Fruto que é normalmente associado à Serra Gaúcha também tem produção montenegrina, ainda que de menor escala

De acordo com dados da diretoria de Receita da Prefeitura, a produção de uvas em Montenegro movimentou mais de R$ 170 mil durante o ano de 2017. Mesmo comumente associado à região da Serra Gaúcha, afinal, o fruto nasce em terras montenegrinas, mesmo que demandando mais cuidado em relação ao clima e pragas. Conforme apurou a reportagem, a produção é destinada majoritariamente ao consumidor final.

Uma das características principais da nossa uva é que ela nasce mais cedo do que na Serra. No Pesqueiro, por exemplo, os parreirais da Fazenda Gabardo começaram a frutificar logo no início de dezembro do ano passado. “Tem entre cinco e sete graus de diferença de temperatura daqui para a Serra. Então o que a gente percebeu é que isso adianta a colheita entre quinze e vinte dias”, explica o responsável técnico pela produção, Alex Senisse. Oficialmente, a safra gaúcha foi aberta só no começo de fevereiro.

Com meio hectare plantado e mais de dois mil pés, Alex conta que a plantação começou a pouco menos de uma década, com um “desafio” ao que podia e o que não podia ser cultivado. “Todo mundo tinha isso de que a uva era coisa só da Serra; e a Fazenda resolveu ir contra isso”, relata. “Mas precisou ser tudo coberto, com irrigação e muito bem estruturado.” Mais de 20 variedades foram introduzidas no local, como a Niagara, a Rosa, a Isabel, a Rubi e a Itália. Algumas são bastante peculiares, como a uva sem açúcar e a uva sem sementes. Umas são mais propícias para a produção de vinhos, outras são de mesa.

No comércio, interessados podem escolher a uva direto do pé e já sair comendo a deliciosa fruta

A plantação é no chamado “cultivo protegido”, com tudo fechado e coberto por telas. Aliado ao sistema de irrigação e ao cuidado com as podas e com fungos, cria-se um clima propício para o desenvolvimento da fruta, que também fica protegida dos temíveis passarinhos que fariam um estrago se o parreiral ficasse aberto. Alex estima o custo de R$ 120 mil para a plantação de um hectare neste sistema. “Então não é uma cultura que a pessoa vai entrar como ‘aventureira’”, salienta.

A propriedade trabalha com o comércio no mesmo formato da maioria dos produtores da região. Vende direto ao consumidor final, que vai até o Pesqueiro e pode escolher no pé os cachos e a variedade que quer levar. As uvas mais comuns, ali, saem por R$ 5,00 o quilo. As de mesa mais diferenciadas são cobradas à R$ 7,00.

O técnico explica que a produção da Serra prioriza a uva que é destinada ao vinho. Isso significa uma colheita mais rápida e de menor custo, que não precisa se preocupar com “machucar” as frutas. Colher a uva para consumo, por sua vez, já demanda muito mais cuidado e é um trabalho completamente manual. “Colher a ‘de mesa’ tem muita mão de obra”, salienta. Alex aponta o município de Poço das Antas e região como localidades de destaque à produção das uvas de mesa. Em Montenegro, a fruta é colhida até o final do mês de março.

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