Pandemia não mudou hábitos e procura por pescado foi boa
A Sexta-feira Santa é de grande importância para os cristãos. É a data que marca a morte de Jesus Cristo, que ressuscita três dias depois, no Domingo de Páscoa. Assim, para lembrar o fato, tornou-se tradição não comer carne vermelha nesse dia. O gesto que já tem séculos se mantém firme, garante renda extra para produtores de peixe e não foi afetado pela pandemia do novo coronavírus.
Em Maratá, Marise da Motta aproveitou a oportunidade de se encomendar os peixes e apenas buscá-los – uma ação feita para evitar aglomerações – para garantir o pescado para o dia santo. “Encomendei, já estava pronto e só vim retirar”, resumiu. Ela destacou que sua família sempre seguiu a tradição de comer peixe na Sexta-Feira Santa. No entanto, esse ano a escolha foi por peixes menores. O motivo: a família vai evitar aglomerações nesse feriado.
A feira onde Marise comprou seus peixes foi organizada pela Prefeitura de Maratá junto com a Emater-RS/Ascar e ocorreu no Parque Municipal da Oktoberfest. De acordo com o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Elson Wadenphul, cerca de 30% do volume do pescado – que veio da propriedade da família Kerber – foi vendido antecipadamente por meio de encomendas.
Para Elson, a feira, que ocorreu apenas durante a quinta-feira, dia 1º, teve ótima procura. A expectativa era de comercializar 2.500 quilos de peixe até o fim do dia. O secretário salientou, ainda, que outros produtores também realizavam a venda de pescado em suas propriedades no interior do Município.
Em Montenegro, onde ocorre a venda de peixe em diversos pontos iniciou na quarta-feira, dia 31, e deve continuar nesta sexta-feira, dia 2, em alguns locais, os clientes têm se mostrado satisfeitos com a qualidade do pescado oferecido. “Pegar o peixe vivo e fresco tem um diferencial”, comentou José Carlos da Silva. Na manhã de quinta-feira, ele enfrentou até fila para garantir o alimento para essa sexta-feira. “Sempre mantemos a tradição de comer (peixe na Sexta-feira Santa). Comemos peixe seguido lá em casa”, salientou.
Procura diferente nos pontos de venda em Montenegro
Em Montenegro, as vendas iniciaram ainda na quarta-feira, dia 31 de março, e, se ainda houver peixes, seguem nesta sexta-feira, dia 2, em alguns pontos. É o caso do ponto da Timbaúva, onde Jair Sarmento dos Santos comercializa os peixes retirados da sua propriedade. Na manhã de quinta-feira, o piscicultor relatou que o movimento ainda era baixo. Com três toneladas de pescado disponível, ele previa seguir a venda nesta sexta-feira. “A gente reparou que não está normal (o movimento) como nos outros anos. Nos outros anos a procura era maior, essa ano está menor”, analisou Jair. Ele salientou que houve anos em que foi possível vender mais de três toneladas de pescado.
Já no ponto de venda próximo da rodoviária, as vendas se encerraram na quinta-feira. “Na quarta-feira de manhã foi fraco (a procura), na tarde aumentou. Hoje (quinta-feira), desde as 8h, tem bastante movimento”, comentou Igor Juliano Endres, que comercializava peixes da propriedade de Olavo Ventura. Ele reforçou que a procura maior era por peixes de tamanho médio, com cerca de dois quilos.
No interior de Montenegro, na propriedade de Paulo Müller, a procura também foi satisfatória. De acordo com Bárbara Müller, foram 500 quilos comercializados ainda na quarta-feira. A meta era vender a mesma quantidade até o final da quinta-feira. Apesar dos números e da boa procura, ela disse que foi possível perceber uma queda nas vendas.