Espaço festivo, mas também de reuniões entre agricultores e autoridades
Os pomares da família Kochenborger na comunidade de Lajeadinho, em Montenegro, representaram nesta sexta-feira, 23, a promessa de pujança da citricultura do Rio Grande do Sul. A 25ª Solenidade Estadual de Abertura da Safra de Citros reuniu agricultores familiares e autoridades, marcando ainda a oportunidade de encaminhar reivindicações ao Estado e à União.
Uma das ações foi a assinatura, entre Prefeitura de Montenegro e Secretaria de Agricultura do Estado, do protocolo de ações para proteção contra a doença do Greening. O Secretário de Desenvolvimento Rural de Montenegro, Vladimir Gonzaga, salientou o pioneirismo do município, ao ser o primeiro no Rio Grande do Sul a firmar este convênio. Na mesma direção caminhou a Câmara Regional de Citricultura do Vale do Caí, com a entrega da Carta da Citricultura. Seu coordenador, Ivan Streit, salientou que são nove propostas construídas em conjunto com o setor e os Municípios (veja box).
Ele salientou a necessidade de ação preventiva, pois, ainda que não tenha chegado, o território gaúcho está cercado pela doença que devasta pomares. “A citricultura não é só uma atividade econômica, mas a identidade do Vale do Caí”, declarou, ao lembrar que são 10 mil hectares plantados por famílias.
Projeção de Safra
Montenegro é hoje o maior produtor de bergamota do Rio Grande do Sul. A estimativa de produção para este ano é de 54 mil toneladas de bergamotas; 5,5 mil toneladas de laranjas e 400 toneladas de limões.
ministério monitora vetor do greening

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) foi representado pelo engenheiro agrônomo de Defesa Vegetal, Roque Danielle, que reiterou a atenção da pasta em relação ao Greening, com desenvolvido de trabalho pra evitar a chegada no Rio Grande do Sul. Desde 2007, há um trabalho de monitoramento do Psilídeo Diaphorina Citri, principal vetor da doença. “Já temos toda a flutuação populacional da praga, até para termos um plano de contingência caso chegue aqui”, declarou.
O secretário de Agricultura e Pecuária do Estado, Edivilson Brum, falou ao Ibiá sobre o fortalecimento do Setor Primário, castigado pela intermitência entre secas e enchentes. Em sua análise, a resiliência e a força dos produtores é o fator determinante à recuperação. Brum colocou nesta medida também o primeiro foco de Gripe Aviária em granja comercial do Brasil, que ocorreu em Montenegro. Ele classifica a crise como quase controlada pela equipe de sua pasta. “Estamos demonstrando ao Brasil e ao mundo, a capacidade e expertise dos funcionários e dos técnicos da Secretaria”, declarou.
Estado iniciará a recuperação do solo

O terceiro projeto ao setor agrícola enfatizado na abertura da safra de citros é para recuperação do solo. O presidente da Emater-Ascar/RS, Luciano Schwerz, informou que o governador Eduardo Leite sancionará este programa na próxima semana. O representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), o adjunto Edmilson Pelizzari, destacou que o programa, com foco ainda nos danos causados pela catástrofe climática de 2024, deve investir mais de R$ 900 milhões em 495 municípios.
O prefeito de Montenegro, Gustavo Zanatta, fechou as manifestações da tarde dedicando suas palavras às famílias agricultoras. Para representar todas, citou o casal anfitrião Cléa Gerta e Irineu Derlam Kochenborger; e para enaltecer a sucessão na terra, nomeou os filhos Maique e Darvin Kochenborger.
Depois, Zanatta projetou que Lucas, neto de Irineu e que corria pelo palco, assumirá este legado em Lajeadinho. “Ele vai crescer ouvindo as histórias do avô e vendo o pai trabalhar”.
O prefeito projetou uma safra promissora e com importância, diante dos últimos desafios de secas, enchentes e agora Gripe Aviária. “Estamos nos recuperando destes desafios”, definiu.

Carta da Citricultura
1-garantir fiscalização rigorosa de mudas de citros e de murta, impedindo o ingresso de materiais clandestinos vindos de regiões com ocorrência de Greening e do inseto vetor;
2-controle rigoroso das cargas de frutas vindas de estados com Greening, que sejam beneficiadas na origem — lavadas, inspecionadas, tratadas;
3-fomento ao uso de mudas com procedência genética e rastreabilidade, base da sanidade citrícola, com linhas de financiamento subsidiado para viveiristas;
4-qualidade das unidades genéticas que dão origem a novas plantas cítricas (borbulhas) através da implantação de um sistema estadual de fornecimento com procedência genética e qualidade fitossanitária;
5-criação de um Fundo Estadual para a Citricultura, com foco em defesa sanitária, infraestrutura, inovação e capacitação;
6-investimento em pesquisa agropecuária, buscando soluções adaptadas à práticas agroecológicas e novas tecnologias realidade;
7-urgente contratação de mais fiscais agropecuários, com atuação permanente nas divisas do estado;
8-integração entre os sistemas da Nota Fiscal Eletrônica e da Defesa Vegetal para permitir rastrear cargas em tempo real;
9-campanha institucional de comunicação sobre o Greening com foco no público urbano devido as bergamoteiras em “fundo de quintal” e das murtas ornamentais.
