Na localidade de Costa da Serra, uma parceria entre Emater e a secretaria municipal de Desenvolvimento Rural viabilizou a introdução de um sistema de agricultura sintrópica. A ação ocorreu na propriedade do casal de produtores Jorge Moisés Griebeler e Debora Biachi Falleiro, e demandou um dia todo de trabalho de uma equipe de voluntários.
“A agricultura sintrópica é uma forma de agricultura que leva em consideração os modelos de desenvolvimento e crescimento da natureza”, explica o extensionista rural da Emater, Mateus Farias de Mello, que esteve coordenando as atividades na propriedade. Seguindo este princípio, um sistema sintrópico foge da tradicional monocultura e busca introduzir diferentes espécies, cada uma com a sua função.
O sistema introduzido na Costa, por exemplo, foi voltado para as plantas frutíferas cítricas. Em complementação, no entanto, também foram plantados abacate, madeiráveis como o pau-ferro e o ipê roxo, pitanga, cereja, aipim, gengibre, milho, moranga e diferentes hortaliças. “Tudo isso forma um único organismo. Fizemos linhas de cinco em cinco metros, ocupando os espaços, como se a gente fosse fazer uma pequena floresta”, coloca Mateus.
Cada item colocado, então, acaba com uma função, garantindo, dentre outros fatores, sombra e nutrientes para o desenvolvimento mútuo. A própria natureza faz todo o “trabalho” e não há demanda de aplicação de nenhum insumo externo, ao contrário das plantações tradicionais – mesmo as orgânicas.
A agricultura sintrópica é uma prática indígena que vem sendo retomada e aprofundada no Brasil pelos estudos do suíço Ernst Götsch. Há anos, ele vem dedicando a vida a estes conhecimentos. Mateus conta que esteve um período trabalhando em propriedades de Götsch na Bahia, onde já existem complexos sistemas sintrópicos.
Trazendo o conceito para o Sul, ele explica que está sendo iniciada a difusão da técnica com sistemas mais simples e que ainda se estuda o que melhor se adapta ao clima local. “A gente vem aperfeiçoando, fazendo cursos e trazendo alguns alunos dele para cá para ir desenvolvendo a aplicação para ecossistemas de clima temperado como o nosso”, comenta.
Fazer isso não é fácil. “São conceitos da ecologia muito fortes que se aproximam da agricultura. A sintrópica olha a natureza e procura imitar seus princípios de desenvolvimento na criação de sistemas ideais para que as espécies se desenvolvam. É preciso achar culturas que ocupem as diferentes funções de um sistema natural” diz.
Torcendo pelo desenvolvimento do sistema introduzido na Costa da Serra, Mateus salienta o apoio para novas experiências que sigam fomentando as técnicas. Quem se interessar pela novidade pode contatar a Secretaria pelo 3632-8533, para orientações e um possível mutirão de plantio.