Efeitos da paralisação. Produtores rurais admitem perdas em suas atividades, mas boa parte apoiou a paralisação
A paralisação dos caminhoneiros que encerrou na quarta-feira na região envolveu também outros setores da sociedade. Foram muitos os agricultores que demonstraram seu apoio e participaram das manifestações. Na região, bergamotas ficaram nos pés, enquanto que citricultores apoiavam o movimento, mas agora passam a ser colhidas. Nos demais setores da produção primária, a cadeia produtiva também se normaliza aos poucos.
Na opinião do produtor Marco Schommer, 44 anos, será necessária uma semana para que tudo volte ao normal. Ele possui uma granja de matrizes suínas em Linha Comprida, em Salvador do Sul, e sete aviários com aves de corte em Dom Diogo Baixo, localidade de São José do Sul. Após ver alguns animais quase morrerem, ele agora depende do cronograma das empresas para começar a escoar sua produção. Marco diz possuir 2.500 leitões prontos para serem levados para creches e outros 80 mil frangos para enviar para o abate.
“Hoje [quinta-feira] de manhã já conseguiram levar uma carga de leitão, mas o frango ainda não despachei”, comentou. Segundo ele, a entrega de ração começa a ser normalizada. Porém, ele segue a racionando nesses primeiros dias pós-greve dos caminhoneiros. Marco contou que durante a paralisação precisou negociar com os manifestantes para conseguir passar com ração para seus aviários. “Na terça-feira consegui levar três cargas e isso salvou os animais”, afirmou. O transporte foi feito em veículos próprios.
Sobre os prejuízos, o produtor disse que alguns leitões sairiam da granja abaixo do peso ideal em razão do racionamento de ração. “Tratávamos um terço do que precisava e a porca dava menos leite”, explicou. Outro problema foi o a falta de espaço para armazenar tantos animais, já que as leitoas seguiam dando à luz. Para contornar, alguns corredores foram bloqueados e passaram a alojar porquinhos. Porém, para ele o pior foi ver o sofrimento dos animais. “Se desse, eu entregava o lote de graça para não ver os animais morrerem”, afirmou.
Nesta quinta, a Naturovos informou que encerrou a doação de aves que havia iniciado na terça-feira. Com o fim da paralisação, a empresa passou a receber matéria-prima para a fabricação de ração para as aves. Até quarta-feira havia sido feita a doação de mais de 155 mil aves.